| dixième neuvième |

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— Inaceitável! 

Luke olhou para todos os detalhes do escritório do rei, tentando ao máximo não encara-lo, enquanto o rei dava um sermão nos dois. Por outro lado, Michael estava em pé com as mãos entrelaçadas na frente de seu corpo, com sua cabeça erguida ouvindo atentamente o que o rei Arthur, mostrando todo o respeito que o monarca merecia.

— Completamente inaceitável e perigoso ter ido ao povo! Luke, você é o príncipe deste reino! O herdeiro! — O rei, exaltado, continuou, assim como seu filho observava as unhas. — Você é a única opção depois do meu reinado, Luke, e você deve entender. Se algo acontecesse com você, os outros reinos declarariam guerra assim que eu começasse a sofrer problemas de saúde por causa da minha idade. Em breve será você quem cuidará deste reino e estará sem segurança em seus centros e pelo amor de Deus, com apenas uma pessoa pertencendo à verdadeira segurança.

— Mas Michael é o melhor ... — O jovem príncipe se atreveu a interrompê-lo, fazendo com que ele franzisse a testa e lamentasse mentalmente o seguinte que ele achava que aconteceria.

— Michael ainda não fez sua cerimônia de seleção! — Gritou o rei, irritado por seu filho não respeitar o momento de falar. — Michael ainda não é capaz de enfrentar nenhuma dessas situações. E, obviamente, ele deve ser o melhor, porque, se não estiver, não poderá corresponder ao seu papel de guardião, nem à sua próxima posição como comandante de guerra, então você me decepciona Michael ...  — Agora ele se voltou para o jovem guerreiro que  ficou em silêncio olhando para ele. — Esta foi sua chance de mostrar como você é capaz de cuidar do príncipe, e você não o provou, porque concordou em ir com ele, sabendo que eles possivelmente enfrentariam perigos e que você, como você é apenas um cavalheiro contra milhares de adversidades, provavelmente você não poderia ter dado a ele a atenção que ele precisava se ele precisasse.

— Vossa majestade, tenho vergonha de minhas ações — O homem de cabelos escuros curvou-se, finalmente se curvando para poder contornar o desgosto de estar com um monarca tão irritante que ele nunca o aceitou ou o tratou como merecia. — Espero que ele aceite minhas desculpas e que o castigo que será entregue a mim seja adequado para pagar por meus erros.

— O que? — O príncipe gritou ao lado de seu amigo curvado, levando-o a colocar uma careta de sofrimento em seu rosto pelas interrupções de Luke que lhe custariam caro. Ficou grato por estar inclinado a sofrer sozinho, alguns segundos. — Você deve estar brincando com o Rei! Fui eu quem forçou Michael a deixar o local sem a proteção ou segurança necessária! Se não fosse por ele, eu teria corrido mais perigos do que possivelmente corri hoje! Graças a ele, estou em plena saúde enquanto falo com você!

Michael só queria que ele calasse a boca, ficasse quieto e, por favor, deixasse o rei terminar seu sermão. Ele não queria pensar em como o pai o puniria, como o exporia ou como o privaria de fazer as coisas. Entre o rei e o comandante, ele não saberia qual deles tinha um temperamento pior quando se tratava dele.

— Ele conhece o que está acontecendo atualmente no reino! E expôs você! Você poderia ter ido em caravana, Luke! Você é único e merece tudo!

— Mas eu amo e só quero a Michael!

O grito do príncipe fez seu peito subir e cair pelo esforço que fez. Michael quebrou o protocolo de reverência, para observar Luke com impacto, pois não esperava que ele fosse capaz de desafiar tanto o pai. Essa situação já estava fora de controle.

— Luke — O rei murmurou, incapaz de acreditar na rebelião e fúria com que seu filho agiu.

— Você precisa entender! — Ele gritou novamente das profundezas de seus pulmões, de seu estômago, com toda a força que seu corpo de pernas longas podia acumular. — A única coisa que eu preciso e quero é Michael! Não é um reino completo de falhas! Não quero  uma bolha limitada com restrições! Não quero protocolos! Não quero conhecer princesas e duquesas!  Eu só quero a coisa mais real que tenho e isso é o meu melhor amigo!

Ange Guardien — Michael sussurrou. Ele não sabia como se sentir, não sabia como tirar as forças de Luke para enfrentar seu pai e defendê-lo, para confessar o quão importante ele era para sua vida. Luke nunca havia explicado isso a terceiros, nem mesmo ao próprio Michael.

— Michael, saia — Ordenou o rei, palavras que Michael não pôde desobedecer.

Ele caminhou até a porta e, pouco antes de sair, olhou para Luke por cima do ombro, que já tinha o olhar azul nele. O príncipe assentiu suavemente, dizendo que ele ficaria bem, fazendo Michael finalmente desviar o olhar e sair do escritório.

A última coisa que Michael ouviu foi o som do aplauso, o gemido da dor de Luke e o som dos livros caindo.

Michael, lembrando-se de seu antigo costume, deslizou para o lado da porta para se sentar e esperar pacientemente pelo amigo sair, incapaz de se envolver com o maior inimigo que Luke poderia ter e o único que ele não podia defender.

Seu pai...

Sword & Crown {Portuguese Version}Onde histórias criam vida. Descubra agora