| Cinquantième seconde |

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— Ele não lhe respondeu — Sussurrou o duque para o pintor.

— O rei é sempre tão precoce. — O pintor sussurrou em resposta, revirando seus olhos. Ele nem sequer queria imaginar como Luke se deve estar a sentir agora.

— Isto é realmente belo — Comentou Michael em voz alta, captando a atenção do duque e do pintor, bem como a do rei, que estava com o olhar perdido, ainda se lembrando das palavras do seu tutor.

Estava confuso, mas, mais ainda, sim, era um furacão de emoções onde a frustração e a fúria o dominavam, por isso nem sequer queria abrir a boca, porque com a seu histórico de erros, iria certamente acumular um novo e seria ainda mais difícil para Michael retribuir tal "te amo", se após abrir a boca, ele continuasse a tolerá-lo.

— Comprei ele por essa razão. Tem detalhes de madeira muito interessantes e elegantes, além de que gosto muito da arte que está nele e de como é pintado de branco.

— Obrigado — Ashton sorriu diante da menção as pinturas que o mesmo se encarregou de pintar ou tentar.

— É muito grande, Pequeno Príncipe — Comentou novamente Michael, observando tudo em pormenor, especialmente as velas brancas acima das suas cabeças, bem como o horizonte azul que lhe causou curiosidade e, em simultâneo, um certo grau de incerteza e medo. — Por que é tão grande?

— Porque você nunca esteve em um barco antes.

Um silêncio cai novamente sobre o barco, mas, na verdade, o único que não repara no clima tenso é Michael, que está muito entusiasmado a observar tudo. Ashton e Calum não querem trocar nenhum som e esperar pacientemente que Luke reaja de fato.

— Se ele ousar ameaçar atirar-se do barco, espero que saiba nadar, porque tenho a certeza que o Michael não saiba nadar — Calum sussurrou e Ashton suspirou, acenando com a cabeça, porque era isso que ele pensava como a reação do rei.

— Por que não me amas?

E ali estava, o que tanto o pintor como o duque estiveram à espera. Michael virou-se para olhar confuso para Luke, enquanto já Calum e Ashton deram passos furtivos em direção a eles, não querendo perder nenhum detalhe da discussão que esperava.

Ou tudo acabava bem ali, ou Luke ameaçaria se jogar ao mar, por isso, Ashton já estava tirando seus sapatos. É melhor prevenir do que remediar.

— O que quer dizer, Pequeno Príncipe?

— Você me entendeu, Ange Guardien. Você me ouviu tão bem quando na carruagem. Confessei meus sentimentos explicitamente, alto, claro e diretamente, e você me respondeu com indiferença. Responda! Abra sua boca assim como abre quando é um rebelde. Quero saber o que você pensa! O que você sente? Fala! — O rei de Camberra gritava em desespero, em pânico.

Ele tinha um plano, tinha tudo completamente preparado, pronto para dar a ordem, mas em todo esse plano estava Michael e Edward envolvido, contudo, agora tudo estava em perigo. Ele não podia pressionar Michael a amá-lo, mas a verdade é que ele precisava que ele o amasse para continuar a desempenhar um papel tão importante no seu plano, caso contrário o mais apropriado seria ele não participar.

Se ele fosse sincero agora, prometia deixá-lo em paz. Ele poderia continuar a conquistá-lo, mas não por muito tempo até obter uma resposta definitiva. Havia apenas duas opções: sim, eu amo-te ou não te amo. Com aquilo, Luke prometeu continuar a amá-lo loucamente, como sempre, ou deixá-lo em paz, amando-o em segredo até que o plano se tornasse realidade.

Mas agora precisava de uma resposta, para o ouvir e desejar que houvesse uma pequena chama de esperança.

Os olhos de Michael estreitaram-se e a respiração de Luke tornou-se descontrolada. Isso foi um mau sinal.

O guardião aproximou-se do rei com passos lentos e firmes, deixando-o congelado no seu lugar, até que logo começou a circular à volta da figura imponente, pairando silenciosamente, observando-o, enquanto Luke fechava os olhos e prendia a respiração, nervoso, para o terror da rejeição e a pressão para o manter afastado dele.

— Tivemos bastantes conversas como esta. É a minha primeira experiência, continuo a descobrir o que sinto por ti, o que me faz sentir, com o qual nunca fui capaz de me relacionar de uma forma romântica. Não preciso de pressão para te dizer que te amo, tal como não o direi por obrigação de te fazer se sentir bem, isso é mentir. Prometi nunca lhe mentir. — Michael sussurrou na sua voz profunda, fazendo o cabelo de Luke ficar de pé pelo seu tom, e sua proximidade. Era isso que Michael lhe causava, esta falta de controle sobre o seu corpo e os seus pensamentos.

— Preciso de uma resposta, por favor. Posso dar-lhe algum tempo, mas mais cedo ou mais tarde terei de ter uma resposta clara, ou então não poderei contar com você e terei de me manter afastado de ti. Pensar nisso deixa-me em pânico e deixa-me louco.

— Para que não poderá contar comigo? Prometi estar sempre à sua disposição...

— Dessa vez, você terá que confiar em mim, Michael — E agora o rei abriu os seus olhos azuis tão claros como o céu que os cobria, e olhou nos olhos do seu tutor, da mesma cor das esmeraldas que o fascinavam e que ele tinha em abundância, mas sem dúvida, as suas preferidas eram as esmeraldas que Michael tinha como olhos.

— Não quero ser pressionado ou apressado...

— Então vai me amar — Insistiu Luke, e Michael parou os seus passos para ficar atrás de Luke, que agora olhava para o oceano, sentindo o calor de Michael às suas costas. Obrigou-se a fechar os olhos e desejou não ser um rei, e que o Michael o segurasse em volta de sua cintura enquanto observavam o azul profundo e que ele pudesse responder ao seu ouvido se alguma vez o amasse. Desejou não sentir o que sentia em relação a Michael, pois a sociedade iria rejeitá-lo, embora depois não desejasse nada disso, que a sociedade não tivesse sequer o poder de assassinar pessoas que se amavam loucamente.

— Não sei...

O hálito de Lucas preso na sua garganta e os seus olhos encheram-se subitamente de lágrimas. Que tipo de resposta foi essa?

Ele virou-se e enfrentou-o, frágil e fraco, vulnerável.

— Finalmente me ama?

— Que tipo de pergunta é essa? — Michael contra-atacou e guiou furtiva e demasiado cuidadosamente uma das suas grandes mãos para o quadril do rei — Claro que te amo, te amo bastante, Pequeno Príncipe, mas preciso de algum tempo para te amar como me ama. Não direi "eu te amo" por obrigação, nem mesmo quando sou pressionado. Dê-me um tempo, vamos continuar a fazer o que fazemos.

E com isso Luke ficou satisfeito. Um pequeno sorriso começou a crescer no seu rosto e ele baixou o seu olhar, depois com o punho enxugou as pequenas lágrimas que ameaçavam derramar do seu pequeno oceano.

— Gostaria de te beijar, mas não podemos — Sussurrou o rei, levantando de novo o seu olhar, ainda com aquele sorriso no rosto. Feliz, calmo, porque embora não fosse essa a resposta que esperava, Michael tinha o surpreendido ao falar sobre os seus sentimentos, sobre o que pensava. Fora sempre muito fechado e tinha alguma dificuldade em expressar-se, mas tudo isto o deixava feliz e satisfeito.

— Eu também gostaria de te beijar, mas não é possível aqui. O que achas se eu for contigo na carruagem? Thunder pode ir com os rapazes.

— Adoraria

...

— Vai conosco? — Perguntou Calum entusiasmado ao ver Michael chegar à carruagem, sentado ao lado de Luke, em frente ao seu amigo cocheiro que partilhava um lugar com o pintor, que estava ocupado a fazer um rápido esboço do navio e do oceano.

— Sim — Confirmou Michael. Fecharam a porta da carruagem e em segundos notaram como a carruagem se movia em movimento oscilante, o que indicava que ninguém os iria perturbar. Michael estendeu a mão e colocou o braço à volta dos ombros de Luke, que sorriu e se aconchegou, depois descansou a cabeça no peito de Michael.

— Parece que não tem mais nada de errado — o duque sorriu, feliz por ver os seus amigos à vontade e confiando-lhes um momento tão íntimo.

— Não. — Respondeu Luke, e depois franziu o rosto quando reparou em Ashton: — Porque está descalço, seu pintor barato?

Ashton arrancou o seu olhar da paisagem e depois olhou para os seus pés, apenas para suspirar em frustração pelo seu esquecimento.

— Pensei que simplesmente daria um de seus ataques suicidas e se jogaria ao mar. Mas agora que reparei que esqueci meus sapatos. — Respondeu ele, fazendo com que todos os que estavam na carruagem rissem.

...

Na primeira hora da viagem, estavam todos a conversar bastante intimamente, esquecendo-se dos títulos de nobreza que cada um possuía. Eram simplesmente quatro bons amigos que gostavam da conversa, companhia, risos e conselhos um do outro.

A certa altura, Michael começou a relaxar e, de má vontade, adormeceu com a cabeça agora apoiada no ombro do rei, enquanto o rei tinha a cabeça um pouco inclinada para tentar mantê-la sobre o seu tutor. Ainda assim a conversa fluía na carruagem, claro que com um volume mais baixo para não acordar Michael, que recuperava as suas horas de sono perdidas com os choros noturnos de fome de Edward.

— Eles deveriam estar descendo agora, enquanto o navio a cavalo navega para o sul até o porto de Sydney — Ashton sussurrou, olhando para seu relógio de pulso, Luke acenou com a cabeça.

— Quantos cavaleiros do trouxeram? Onde se esconderam?

— Duzentos ou mais. Eles estavam escondidos na zona da caldeira, mas como mencionei, deveriam agora sair do navio para começarem a colocar as suas tendas. Os cavalos estavam à espera num outro navio para o sul, por isso penso que em breve haverá uma pequena aldeia a formar-se no porto de Sydney. Agora só lhe resta dar a ordem para começar tudo.

Luke observou Michael que soltava pequenos roncos. Ele guiou a sua mão pesada e luxuosamente anelada até ao rosto pálido do homem que segurava o seu coração, e acariciou-o, fazendo-o aconchegar-se mais no seu ombro.

— Michael precisa de tempo. Não tenhamos pressa.

...

Quem é vivo sempre aparece né gente kkkkkkkkkkk

Eu juro que vou finalizar essa fanfic, não se preocupem

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