"The lady of the night"

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    Ser um filho de Poseidon  depois do juramento dos três grandes é algo raro, uma filha então? Praticamente impossível

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    Ser um filho de Poseidon  depois do juramento dos três grandes é algo raro, uma filha então? Praticamente impossível. A muitas eras atrás, Atena, cega de raiva e rancor, amaldiçoou Poseidon pelo que fez a Medusa. Sua maldição consistia em que o senhor dos mares não poderia gerar nenhuma criança do sexo feminino, pois ao nascerem, as crianças se transformariam em monstros e seriam abandonadas a própria sorte .

   Imagine a surpresa de minha mãe quando lhe disseram que eu seria uma menina. Pérola, minha mãe, é uma historiadora muito famosa no campo de pesquisa da mitologia grega. Ironicamente, minha mãe conheceu o senhor dos mares  quando estava em uma convenção de pesquisa na Grécia...  Depois de um longo dia trancada em uma sala de reuniões com homens que a destratavam e ignoravam todo seu conhecimento e seus argumentos somente por ser uma mulher, resolveu dar um passeio pelas famosas praias de Creta.

    Veja bem, minha mãe é originalmente do Brasil, nasceu e cresceu em uma pequena cidade a beira mar localizada no estado de São Paulo, chamada São Sebastião. Filha de costureira e pai pescador, minha mãe passou praticamente a infância toda dentro de um barco com meu avô. Portanto, dizer que que a mesma ama o mar e sempre o busca como refugio, é como afirmar que o céu é azul.

     Sempre que perguntava de meu pai, ela me descrevia a cena que ocorreu em Creta. Dizia-me o quanto estava frustrada por ter suas opiniões e pesquisas pouco aceitas naquele meio somente por nascer mulher e ser latina. Dizia-me que estava literalmente xingando alto em português quando ouviu uma risada. Se virou pronta para xingar quem quer que fosse como a mulher de sangue quente que as brasileiras são, quando o viu. Ela nunca soube me explicar ao certo o porque ele conseguiu  a acalmar tão rápido, mas  sempre me descreu com detalhes os  olhos de meu progenitor... contava-me que eram exatamente como oceano e que não teria melhor maneira de o  descrever. E assim como ela buscava refugio no oceano em si, se viu encontrando um pouco de paz naqueles olhos.

     Meu pai só lhe contou quem era quando a noticia de sua gravidez chegou. Explicou-lhe sobre os meio sangues e nosso acampamento, lhe disse que quando o bebê fizesse no máximo 11 anos, deveria ser mandado para tal acampamento para que pudesse ser treinado. Como a boa cética que minha mãe é, pegou o primeiro avião de volta ao Brasil e fingiu que aquela conversa nunca existiu. Eu não a culpo, quer dizer, se o cara com quem você está esperando uma criança lhe disse-se que é um deus e que criaturas mitológicas irreais tentariam matar seu bebê que ainda nem nasceu, o que você faria?

     Acontece que com o passar do tempo, e conforme a gravidez avançava, minha mãe começou a ver coisas. Começou a enxergar rostos nas águas do mar e sempre sentia como se estivesse sendo seguida. Mesmo assim, Pérola, sendo a mulher cética que era, não botou fé, achou que era somente mais uma das  paranoias de sua cabeça, ou os hormônios alterados da gravidez. Somente passou a crer em tudo que meu progenitor havia lhe contado quando recebeu um presente de um ser um tanto inesperado. Certo dia, fazendo sua caminhada matinal na praia, uma ninfa da água se revelou para minha mãe... E ela, literalmente, surtou. De novo, eu não a culpo por isso.

       Por muito pouco não atirou o tênis (tirado rapidamente de seu pé, para ser usado como arma) na cabeça daquele pequeno ser humanoide. O nome da ninfa era Nerissa, disse a minha mãe para manter a calma pois só estava ali para entregar um presente para a quase nascida princesa do mar. Entregou-lhe uma caixa, acariciou a barriga de minha mãe com um leve sorriso e desapareceu de volta na grande massa aquática.  E foi então que sua vida congelou.

   Por ser uma historiadora, minha mãe sabia o trágico destino das filhas de Poseidon. Hora Pois, se todos os mitos fossem verdade, era esse o destino de seu bebê? Graças aos deuses, sendo a mulher teimosa que era e tendo toda a força característica da mulher brasileira, ela se recusou a deixar aquilo acontecer com seu bebê. Passou semanas pesquisando e usando sua influencia ( que naquela época não era muita, pois estava no começo de sua carreira)para tentar achar uma saída para o meu tão trágico destino.

    Ironicamente, sua pesquisa não deu em nada. Não havia nenhum tipo de registro de nenhuma filha de Poseidon que tivesse escapado de tão cruel maldição. O ódio de minha mãe não poderia ser comparado a nada neste mundo... Pérola estava furiosa, como Atena ousava? Quer dizer, se todo a mitologia era real, sabia muito bem o que o pai de sua bebê havia feito, mas não conseguiu compreender a deusa. Claro, não havia perdão para o comportamento do deus, mas como Atena ousava? Punindo crianças inocentes pelos atos de seu pai. Já não bastava o que tinha feito a medusa? O quão duro era seu coração para amaldiçoar milhares de crianças inocentes que nada tinham feito além de nascer? Como aquela divindade ousada olhar para o ser que crescia em sua barriga e ver maldade nele?

         Sem nenhum tipo de esperança aparente, ela fez a única coisa que achou plausível nestas circunstâncias. Se ajoelhou e rogou. Pediu a Atena clemência, chorou para Hera,lhe rogou que era a deusa da maternidade, havia de entender seu pedido. Chorou e chamou por todos os deuses a qual podia se lembrar, disse-lhes em seu desespero, que poderiam lhe tomar a vida, mais que deixassem sua filha nascer e continuar como um ser humano. Pérola acabou adormecendo na praia a qual fora para orar. Dormiu de cansaço em frente ao tão glorioso mar, do qual sua pequena bebê faz parte e debaixo de um céu com as mais belas estrelas.


     No mundo dos sonhos, minha mãe se encontrou entre as estrelas. Era como se estivesse flutuando entre galáxias. Em sua frente, a mais bela mulher se encontrava brincado com as estrelas, seus cabelos tão pretos se misturavam com o cenário, sua pele  brilhava como as estrelas a sua volta e tinha o sorriso mais gentil e acolhedor que você, meu caro leitor, posso imaginar. A mulher não precisava se apresentar, Pérola tinha certeza que estava diante da deusa da noite, Nix.

" Eu ouvi seu chamado pequena mortal" a deusa lhe sorriu e se aproximou, pegou seu rosto e limpou o rastros de suas lágrimas " Não tema mais por seu bebê, retirarei sua maldição"

Pérola deixou escapar um sorriso junto com uma risada aliviada, e mesmo não sabendo se seria adequado, se jogou nos braços da deusa da noite, a apertou tão forte quanto conseguia com sua barriga de 7 meses e se surpreendeu, quando a deusa lhe devolveu tal afeto.

"Obrigada, senhora" Se separou de seu abraço e lhe beijou o rosto "obrigada"

A deusa deu uma risada bondosa " Não me agradeça criança, era o mínimo de cortesia que poderia oferecer para a próxima senhora da noite" antes que Pérola pudesse registrar o que foi dito a deusa continuou " Agora acorde pequena humana, e vá para casa descansar com a consciência tranquila, a maldição de Atena não atingira seu bebê.... Mas já lhe aviso, se prepare para um contra ataque da deusa. Perdão não está listado como uma das qualidades de Atena."

    Dizendo isso, Nix colocou a mão nos olhos de minha mãe , fazendo-a acordar na mesma praia em que adormeceu. Levantando-se e espantando a areia de seu corpo, olhou para cima, diretamente para as estrelas e resmungou enquanto se dirigia para casa.

" Me preparar para Atena... Ela que se prepare para mim, se aquela rancorosa encostar em meu bebê, ela vai conhecer o que é fúria..."

    E foi assim, senhoras e senhores, que a minha conturbada vida começou.

    E foi assim, senhoras e senhores, que a minha conturbada vida começou

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Espero que tenham gostado❤️

As estrelas chamam- RhysandOnde histórias criam vida. Descubra agora