"Un appel à l'aide"

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     Em todas as férias de recesso escolar minha pequena família tinha uma tradição, deixávamos o mar e visitávamos todos os parentes e amigos que deixamos em terra

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     Em todas as férias de recesso escolar minha pequena família tinha uma tradição, deixávamos o mar e visitávamos todos os parentes e amigos que deixamos em terra. Hora estávamos no Brasil em um simples churrasco  e em outro momento na França em um adorável café junto com os amigos de papá. Seria mentira se lhes disse-se que o meu eu de 9 anos não ficava encantada com todas as viagens e a agitação de se reunir com os mais próximos da família.

     No verão em que completei 9 anos, nos encontrávamos em uma pequena reunião na cidade de Mônaco. Mamãe e papá caminhavam com lentidão, suas mãos estavam dadas e seus rostos leves enquanto apreciavam a doce vista daquela imensa mas ao mesmo tempo pequenina cidade. Um pouco mais a frente, uma pequena eu de vestido rodado e azul, com a boca e mão toda lambuzada e uma casquinha de sorvete de morango na mesma, praticava pequenos pulinhos alegres e distraídos enquanto brincava de pular linhas imaginarias.

      O calçadão em que escolhemos para caminhar naquela tarde nos dava uma visão privilegiada dos dois opostos da cidade. A nossa direita, as casas e lojas junto com pequenos cafés trazia um ar de uma pequena e encantadora cidade a beira mar, algo saído de cenas de um livro. Na esquerda, o majestoso mar azul turquesa brilhava com os últimos raios de sol que permaneciam no céu. De alguma forma, não era a cidade que me encantava ou até mesmo o por do sol ao qual tantas famílias e casais observavam naquela tarde, mas sim o mar.

      Conforme o tempo passava e o sol ia se pondo, o mar antes turquesa tomava uma tonalidade mais escura, sombria até. As ondas antes cristalinas eram de um azul profundo e mais grosso, o mar convidativo para os banhistas de dia se transformou em algo macabro e sinistro. Sabe por que o ser humano teme o escuro? Bom, não tememos exatamente a falta de luz, mas sim o que se esconde por trás dela. Não somos animais noturnos, tememos quando não podemos ver pois nos tornamos presas fáceis de serem caçadas. Se não enxergamos, não podemos correr ou nos defender.

     Era esse o motivo de todos temerem o mar a noite, se não podemos olhar através das águas, como sabermos se estamos seguros? Ainda mais no mar, aquela força gigante da natureza onde com só uma onda, pode nos arrastar para o fundo e transformar aquela adorável massa aquática em nosso túmulo eterno. Mesmo sabendo de tudo isso, não tive medo. Enquanto terminava meu sorvete, continuei observando as ondas revoltas e em minha mente infantil jurei que a cada vez que uma onda quebrava, era meu nome que ela chamava. Como uma mãe acalenta o filho em uma tempestade, o oceano me jurava que não me faria mal. Ele cantava a mim e me prometia proteção e amor.

"Venha querida" Mamãe me chamou "O mar a noite não serve para banho, Méri" continuou com carinho " Amanhã voltaremos e poderá nadar e brincar de novo".

     Eu queria protestar, queria lhe avisar e contar tudo o que o mar dizia, queria que mamãe se sentisse segura lá também, mas de algum modo estranho, eu tinha certeza que nossas percepções de segurança eram diferentes. Com o coração e mente tempestuosos, segui mamãe e papá para nosso hotel, mais tarde jantamos com os amigos e fomos todos para a cama. Ao fundo, conseguia ouvir o oceano e sua doce canção de ninar, e sabia que ele cantava para mim.


As estrelas chamam- RhysandOnde histórias criam vida. Descubra agora