Eurotrip

We also call it Mary Jane

A Alemanha foi um destino interessante.

Fiz amizades, transei gostoso com um loiro sexy, visitei lugares incríveis... Foi perfeito!

Bem, agora estou caminhando sem rumo nas ruas de Amsterdã. Meus pais estão em algum lugar da Holanda vendo tulipas e moinhos.

A capital dos Países Baixos tem uma fama diferenciada: as atrações mais conhecidas são bem fora do padrão, como o Distrito da Luz Vermelha, que é cheio de sex shops, coffee shops de maconha e casas de shows eróticos. Em certo trecho, há vitrines com mulheres nuas fazendo dancinhas sensuais. Um paraíso hétero, imagino.

Mas, desde 2019, os gays vêm ganhando espaço no bairro, então é possível encontrar profissionais do sexo para todos os gostos.

Nada contra quem ganha a vida assim, mas eu não gosto de pagar por esse tipo de diversão. Prefiro achar um paquera de maneira casual e esporádica. Cá entre nós, sou muito bom nisso.

Então, apesar de dar uma olhada em todas as vitrines e achar a coisa muito legal, eu decidi dar um pulo em uma coffee shop.

Pois é, eu não sou exatamente maconheiro, mas já experimentei a erva em uma festa no Brasil. Mais de uma vez.

Acontece que, por aqui, é algo completamente legalizado e comum, portanto posso comprar e usar sem peso nenhum na consciência.

Acho que qualquer droga precisa de moderação, principalmente o álcool, mas criminalizar não impede ninguém de consumir. É só olhar a história da Lei Seca nos EUA.

Enfim, é algo tão normal quanto beber cerveja, portanto, não me importo se alguém achar isso errado. Até meus pais sabem que já fumei!

Entrei em uma loja bonitinha, toda decorada em tons verdes. A vendedora era uma moça bonita, talvez da idade da minha mãe. Seus olhos vermelhos me garantiram que ela andou fumando bastante.

Nos cumprimentamos por educação e eu passei a olhar os produtos disponíveis. Acontece que eu não sei bolar um baseado e quero experimentar de outro jeito, por isso fiquei de olho nos bolinhos.

Já comi um brisadeiro uma vez, mas nem deu onda. Talvez o pessoal aqui saiba fazer direito.

— Vou querer um cupcake — pedi.

A moça me entregou um de chocolate, cheio de confeitos, e me indicou um lugar para sentar.

Vi um cara fortão passando atrás dela, carregando uma bandeja de brownies cheirosos. Ele guardou as sobremesas na vitrine e pegou um cigarro.

— Acende aí, Kurenai.

— Vai fumar lá atrás, amor. Estamos com um cliente.

— Ah. — Ele pareceu me notar. Deu um aceno meio engraçado e sumiu outra vez.

Comi meu bolinho aos poucos, saboreando devagar aquele doce delicioso.

Quando eu estava terminando, a porta se abriu. Um rapaz muito bonito, com ar meio preguiçoso, entrou.

— Oi, tia. Cadê o Asuma? — Ouvi ele perguntar.

— Fumando nos fundos. Tudo bem?

— Sim, sim. Eu trouxe o livro que ele pediu. Como tá a Mirai?

— Bem. Está passando uns dias na casa da avó.

— Isso é ótimo. Entrega ao tio para mim, pode ser?

— Claro, meu bem.

A essa altura uma fraca onda começou a bater. Me senti leve e mais alegre.