Eurotrip

A greek god on the train

Eu quase precisei de cadeira de rodas após um fim de semana inteiro com Madara. Digo isso pensando naquele cara do filme As Branquelas.

O coroa era insano e fodia como se tivesse energia infinita. Foi tão bom que eu me esqueci de procurar um lusitano.

Meus pais chegaram e logo era hora de irmos para a Itália, o que é uma baita coincidência!

A viagem era muito longa, mas meus velhos desembarcariam primeiro. Kushina e Minato visitariam Milão, e eu seguiria para a eterna Roma.

Sei que já peguei um italiano, mas não valeu. Madara estava em Portugal! Ele meio que trapaceou... Bugou minha lista!

Mas que se dane! Irei continuar com meu plano.

O trem era bem confortável. Como de costume, me sentei na poltrona atrás de meus pais. Reclinei o encosto e liguei meus fones. Música boa e um soninho gostoso por algumas horas.

Já estava de olhos fechados quando notei alguém sentar do meu lado. Abri as pálpebras para espiar e quase deixei meu queixo cair.

Isso não é um homem, é um deus! Esse rosto é simplesmente lindo, mesmo com a cicatriz de corte em um de seus olhos. Na verdade, aquilo lhe dava um charme único.

Até esqueci que ele não era uma obra a ser apreciada, sendo pego no flagra pelo cara de cabelos grisalhos, um tom que só aumentava seu charme.

Disfarcei a situação fechando os olhos e virando para a janela. Eu estou criando uma preferência por coroas agora?!

Durante as horas seguintes, meu companheiro de assento ficou na dele, mas de vez em quando acabávamos trocando olhares rápidos.

Consegui vislumbrar as exatas cinco vezes que ele reparou em mim.

Meus pais ainda estavam no trem, então eu preferi ficar na minha, mas se esse homem continuar me olhando assim, eu vou ter que fazer algo a respeito.

Em determinado trecho, já estávamos longe de Portugal e eu precisava ir ao banheiro. Então me levantei e pedi licença para moço bonito, em inglês, porque eu não sei de onde ele é.

— Pode passar — ele respondeu com um sotaque carregado que eu não reconheci.

O problema é que ele não se levantou. Ficou parado bem onde estava. Pisquei meio atordoado. Ele queria que eu pulasse?

Vendo que ele pretendia me atrapalhar propositalmente, decidi provocar o coroa. Tava na cara que ele queria alguma coisa e eu não nego que desejava o mesmo que o bonitão.

Fiz questão de passar, com cuidado para nossas pernas não se esbarrarem, mas empinei minha bunda de modo que tenho certeza que ele ficou de olho.

Fui ao banheiro rebolando como só eu sei, fiz xixi tranquilamente e, aproveitando a altura da pia, decidi dar uma gabaritada no meu pau. Nunca se sabe... É melhor garantir que esteja cheiroso, he!

Voltei para meu lugar, ainda tendo o homem deliberadamente me impedindo de passar e me sentar. Então tive uma ideia mirabolante.

Ao invés de pedir licença, eu refiz o que havia feito antes, mas dessa vez com uma surpresinha teatral. Assim que estava bem em sua frente, de costas para ele, fingi perder o equilíbrio e caí sentado em seu colo.

— Ops... Desculpa, senhor — sussurrei todo inocente, sem fazer questão de me levantar.

— Sem problemas, meu bem — ele devolveu, falando bem baixo perto do meu ouvido.