Pleased to meet you

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Eu cheguei em Bruxelas ainda meio entorpecido. Não de maconha, pois eu não fumei mais. Na verdade, eu estava meio letárgico por ter tido aquela experiência sexual quase mística com Shikamaru.

Foi só uma noite, mas foi marcante o suficiente.

Bem, depois de me despedir do meu guru do sexo, passei o resto da viagem meio zen. Visitei lugares legais sozinho e depois com meus pais.

Agora eu estou em meu destino final, a Bélgica. Meus pais estão na cidade, mas eu dei uma fugidinha. Soube que haveria um show de bandas locais em um bar underground muito popular.

Eu posso parecer um mauricinho, mas eu gosto de rock e metal pesado. Então, eis a minha chance de curtir algo do gênero.

Logo, lá estava eu, com uma camisa do Metallica, calça jeans surrada e nenhum acessório em especial, entrando no estabelecimento que era claramente um galpão.

Tinha gente até onde não cabia. Alguma banda já tocava e eu me enfiei entre a multidão para assistir.

Fui assediado por duas moças, que dispensei achando graça. Eu não sei por que, mas me divirto quando acham que sou hétero.

Guiando-se por estereótipos, eu realmente não pareço gay. Por isso sempre digo para não julgar um livro pela capa.

A banda terminou a música com um solo de guitarra muito bem executado. Aplaudi junto com o resto do público.

Não demorou para outro grupo subir no palco improvisado de madeira. Observei os integrantes até que pus meus olhos no baixista. Depois disso, nada mais existia.

O ruivo era simplesmente divino. Uma espécie de anjo caído, com aquela carinha de malvado. Ele usava uma calça militar, coturnos pretos e expunha seu torso definido coberto de tatuagens.

Seus olhos verdes eram contornados por lápis preto, o que apenas destacava seu olhar meio diabólico.

Talvez meu queixo tenha caído, admito.

Mal ouvi a canção, ignorando a apresentação geral. Eu só conseguia assistir o baixista dedilhando o instrumento, fazendo movimentos hipnotizantes. Ele estava tão concentrado que, vez ou outra, um vinco se formava quando ele franzia as sobrancelhas.

A música acabou de repente, me pegando de surpresa. Aplaudi sem deixar de encarar minha perdição.

Ele correu os olhos pela multidão e acabou me notando. Vi um leve sorriso brincar em seus lábios quando ele desviou o olhar, pronto pra descer do palco.

Eu não pensei duas vezes. Precisava tietar esse gostoso e torcia com todas as forças para ele gostar de homens. Aliás, de mim!

Corri até o outro lado e comecei a procurar entre aquele mar de gente. Andei feito barata tonta... até que finalmente o encontrei.

Lá estava ele, com uma garrafa de vodka na mão, perto de seu grupo. O ruivo sorvia a bebida em pequenos goles, sem olhar para nada ou ninguém em especial.

Eu tinha uma grande chance de tomar um fora bem redondo, mas eu precisava tentar, então caminhei até ele, empurrando qualquer um que se pusesse em minha frente.

Parei a alguns passos, perdendo aquela coragem impulsiva. Eu não podia ser tão cara de pau.

Enquanto eu lutava internamente, o baixista me notou. Meu coração falhou uma batida quando os olhos verdes pousaram em mim.

Ele levantou a garrafa, como em um cumprimento, então tive certeza que eu podia me aproximar. Seus companheiros se afastaram antes mesmo de eu estar de frente para o ruivo, deixando-nos a sós — mesmo estando rodeados por meio mundo de gente.

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