O domingo chegou e eu sem acreditar, olhei no celular umas três vezes pra conferir se era o dia certo da semana que passou se arrastando diante dos meus olhos.
Olhando pro relógio bem em cima da televisão eu programei minha tarde pra chegar lá na hora. Só não contei com meu pai reformulado e seus outros planos.
Depois de décadas em casa, Rodolfo pergunta se eu quero almoçar numa churrascaria e eu, que não sou boba, aceito. Saio de casa pensando que seria um tanto estranho, mas acontece que não é. Comemos carne até dizer chega, falamos mal de nossos respectivos chefes e até comento com ele sobre Jenna e suas fofocas.
Ele me chama pra irmos no cinema mas recuso dizendo que vou ver uma amiga. Pensei que ele fosse ficar meio decepcionado mas acho que a rotina de ficar em casa pegou ele, porque trinta minutos depois de chegarmos em casa eu já escuto os roncos dele na poltrona da sala.
Enquanto a mim, eu trato de me dar uma arrumada básica. Tomo outro banho, uso minha bermuda jeans menos desgastada, uma regata preta e porque meu cabelo é curto, nem preciso me preocupar com ele. Só penteio e deixo que o calor o seque.
Saio de casa antes das quatro, pensando se é cedo demais... Ela disse antes do pôr do sol, certo? Deve ser essa hora. Levo o celular com música pra caso ela demore mas não sei o que fazer caso ela não apareça. Vai que a tia dela a tranque em casa de vez por conta do "vírus misterioso"?
Ansiosa sigo pela rua, talvez rápido demais mas não sei controlar isso. Ando por debaixo das parcas sombras que os telhados fazem, observando o movimento. É como se eu chegasse ao limite de alguma cidade. As casas vão diminuindo, a floresta aumentando e a cerca que separa a rua da selva está tão desgastada pelo tempo, que nem sei o que a mantém.
Também, agora com a ajuda da luz do dia, consigo ver melhor a placa perdida entre o alto matagal, que diz que estou agora numa reserva florestal e que jogar lixo está sujeito a multa. Faz até que sentido, já que alguns quilômetros daqui há o vulcão adormecido chamado Ira-ko.
Olho pra um lado, olho pro outro, a casa mais próxima daqui é uns cem metros a frente, mas nem sei se tem gente que mora nela pelas condições do lado de fora. Onde Monara mora?
Dou de ombros, fugindo do calor e correndo pela ansiedade, passo debaixo da cerca de arame farpado pra debaixo da sombra de alguma árvore. O clima aqui, mesmo tão perto do asfalto, por conta da mata é totalmente diferente, quase gelado.
Sigo em linha reta até onde as árvores permitem. Minha sorte é que não tem muitos mosquitos a essa hora, e desviando de um tronco caído a outro, alcanço as pedras.
É um pequeno espaço, mal dá pra dar três passos sobre as pedras escuras e achatadas sem cair no mar. As árvores grandes fazem sombra sobre elas até onde conseguem e entre uma e outra pedra, pequenas ervas daninhas crescem. Monara já está aqui, não sobre elas, mas dentro do mar como das outras vezes. De costas, com os braços nas pedras e a cabeça jogada pra trás, curtindo o sol torturante sobre seu rosto.
—Qual é o seu problema com os lugares secos? — Digo, como se fôssemos velhas amigas, só pra fingir um pouco que não esperei por isso a semana toda. Não quero que ela se gabe por isso.
—Oi pra você também gata. — Ela responde, sem se virar pra mim.
—Oi — Respondo e aí me aproximo.
Sento do lado esquerdo dela, com as pernas cruzadas e aproveitando o resto da sombra das árvores. Monara não abre os olhos pra me ver, ela continua lá, com os braços pra trás e o nariz empinado pro sol, como se estivesse numa piscina e o sol não torrasse sua pele.
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A descoberta das Ômegas - FINALIZADO (Em Revisão)
RomanceHeli só queria o que todo mundo tem: anonimato. Mas, por causa de sua mãe que era uma ativista famosa e sua morte trágica, todos na pequena ilha de Oki a conhecem, por bem ou mal. Cansada dos olhares tortos, Heli junta dinheiro através de pequenos f...