Evito piscar demais enquanto ando pela escola, não sei se em uma ou outra piscada não vou acabar dormindo e caindo no chão que nem uma tapada. Isso é resultado da noite anterior, da burrada que eu fiz que me fez virar de um lado pro outro da cama me xingando de idiota a cada 30 segundos.
Sabe quando você comete uma gafe, um deslize ou a famosa vergonha alheira e fica pensando naquilo em momentos aleatórios do dia? Essa sou eu, só que o tempo todo porque não tenho outra coisa pra ocupar minha mente.
A questão não era não ter mentido e não ter dito que sou apaixonada por ela, a questão toda é que eu não soube me explicar, só isso. Eu poderia ter dito que era a primeira vez que eu gostava de uma garota ou qualquer ser humano, poderia ter dito que não tínhamos tido tempo pra criar uma coisa a mais do que a simples atração só que em vez disso o que eu fiz? Fiquei com pena da bonita solitária que não sai de casa e concordei com essa amizade idiota… E vou ter que esperar uma semana inteira por uma chance.
Eu não estou decepcionada, eu estou com uma raiva colossal de mim mesma.
E depois daquilo o que eu fiz? Em vez de ficar e achar as palavras, disse que precisava ir mais cedo pra casa ao invés de pelo menos ficar lá e conversar… Malditos traquejos sociais! Por que eles não vem incorporados com a gente? Por que temos que aprender?
Passa uma, duas aulas, finalmente a escola voltou ao normal. Pelos dias em casa, as pessoas parecem mais animadas, como se não existisse internet e elas só possuem o ao vivo pra por o papo em dia. Ou…
Tem mais alguma fofoca rolando.
Com esse pensamento em mente, corro pro intervalo em busca de algo para me distrair. Pego meu almoço, acho Kevin enfiado no celular, a fofoqueira mestre chega depois com um sorriso no rosto e muitos toques em mim.
—Você sabe que é minha amiga preferida não é? — Diz ela segurando minha mão, me impedindo de comer.
Eu puxo, ela não deixa.
—Se você quer dinheiro, eu vou logo avisando que tô juntando pra um projeto — Nunca que eu empresto pra ela. Espero ela me devolver até hoje o lápis cor de rosa que eu emprestei pra ela no jardim de infância.
—Não, que isso — Ela ri — Jonas não te falou nada? Achei que fossem amigos.
—Lá vem — Kevin murmura — Já tivemos boatos de gente famosa e uma pandemia mundial, tô ansioso.
Seguro muito a minha risada.
—Jonas vai dar uma super mega festa no iate da família dele pra comemorar a entrada no negócio dos tubarões! — Ela emenda com um gritinho — Por favor me diz que ele te chamou.
Consigo finalmente puxar minha mão.
—Ah ele me chamou sim, acho que umas trinta e quatro vezes.
Jenna sorri tanto que parece que colocou uma máscara de sorriso.
—E eu neguei todas.
A cara dela fecha na hora.
—COMO ASSIM VOCÊ NEGOU?
—Vixe, vai ter um colapso… — Kevin comenta.
—É a festa do ano!
—Vão todos aqueles jogadores de vôlei chatos e as torcedoras mais chatas ainda num lugar onde eu não vou poder fugir.
—Heli! Por que iria querer fugir?
—Se tá me perguntando isso, não sei se vai entender o motivo. — Respondi.
—Aaaaah… Espera, você não é amiga dele?
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A descoberta das Ômegas - FINALIZADO (Em Revisão)
RomanceHeli só queria o que todo mundo tem: anonimato. Mas, por causa de sua mãe que era uma ativista famosa e sua morte trágica, todos na pequena ilha de Oki a conhecem, por bem ou mal. Cansada dos olhares tortos, Heli junta dinheiro através de pequenos f...