Capítulo 25 - Extinto

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   Tudo fica escuro, onde havia luz e gente, agora só há a escuridão. Sinto a mão de Monara na minha e aí percebo que a escuridão vem de trás de minhas pálpebras úmidas e quando as abro, Maressa olha pra mim, num sorriso solidário.

Levanto depressa, até a escada, ansiosa.

—Onde ela está?

—Foi apenas uma memória que eu te mostrei, Heli. Ela está morta.

—Não! — choro, caindo de joelhos no chão com a mão no rosto — Não! Eu quero ver mais, eu quero falar com ela! Por favor...

Sinto um abraço ao meu redor e antes de ver quem é, eu retribuo. A pele quente de Monara me faz soar mas como sempre, sempre aconchegante... Não ligo pro que ela é, só quero chorar... Ela era tão, tão incrível! Não ligava pra quem Maressa era e falava tudo de igual pra igual, como se tivesse 500 anos também... Mesmo que eu não concorde, admiro sua força e ela não está mais aqui.

—Não devia ter deixado ela te mostrar — Monara fala ao pé do meu ouvido — É demais até pra mim...

—Aqui está, querida. Respire. — Maressa aparece com um copo de água gelada e salgadinhos — Só queria que você soubesse que não está errada em qualquer um dos lados que escolher.

—Vocês me salvaram quatro vezes — Digo, num soluço — Ela estava do lado certo.

Maressa respira fundo, ainda não concordando com Sabrina. Tudo bem, eu também não concordo.

—Eu confio em vocês, juro que confio — Aperto meu abraço em Monara e seguro a mão de Maressa — Eu sei que vocês são gen... São boas. Me sinto mais segura com vocês do que com os humanos n maior parte do tempo... Mas, mas não são todas assim. Algumas sereias merecem morrer.

Maressa solta minha mão, se levanta pra se sentar de volta a poltrona e cruzando suas pernas quilométricas diz:

—Pelo visto você é mais inteligente que a sua mãe.

—Sim — Monara ri — Heli, sua mãe é burra.

E só porque estou em frangalhos, rio juntos com elas. Vê-la defendendo o que acredita me prova uma coisa: que ela me amaria odiando as sereias ou beijando uma delas.

—Agora, terceiro item da lista. Dorothy.

Enterro minha cabeça no ombro de Monara, ela me ajuda a levantar. De volta ao sofá, como os salgadinhos... A primeira coisa que como desde que acordei. Precisava na verdade de um tempo pra absorver isso, a imagem dela, mas duvido que Maressa me dê. O que me resta fazer e partir pro próximo item.

—Já conversei com ela. — Maressa logo diz — A única coisa que precisa fazer é não entrar e nem ser lançada no mar do outro lado da ilha. Se isso acontecer, nem todo choro de Monara vai convencê-la de não te comer. Consegue fazer isso?

—Dorothy aceitou o acordo? — Monara rebate enquanto eu avalio se não ser lançada é realmente possível.

—Não teve acordo Monara, eu não sou uma Okira fraca como você. Simplesmente disse: Monara não é obrigada a ser sua garçonete, você não pode ir pra superfície e nem entrar no meu território pra caçar. Se Heli cair no seu território não vou fazer nada e saí nadando.

O queixo de Monara cai... E eu não entendo coisa nenhuma. Se foi assim tão fácil, por que Monara não aceitou a ajuda de Maressa antes?

—Por que ela acatou suas ordens sem acordo nenhum? — Pergunto.

—Porque eu sou mais forte que ela, todas elas juntas. Se Monara me explicasse a situação, não precisava matar ninguém.

—Eu fiz o acordo porque você não sabia nada sobre Heli — Monara se levanta indignada — Não jogue a culpa em mim!

A descoberta das Ômegas - FINALIZADO (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora