Capítulo 38 - Meu novo mundo

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   Domingo. Dia de… Mar.

   Peta bate na minha porta as fodendo seis horas da manhã, com uma prancha nas costas e Flora pulando de um lado pro outro na nossa grama agora cuidada.

   —Quer ir tio Rodolfo? — Peta pergunta pro meu pai sonolento que só no sofá.

   —Posso levar a cama comigo? — Ele responde.

   Coloco meu maiô, nem tomo café, pego minha mochila e uns potes com comida que havia preparado na noite passada. John ajuda a amarrar a prancha de surf sobre o carro e caímos na estrada.

   Demoramos uma hora e meia pra chegarmos até a praia dos nativos segundo Peta e mais vinte minutos enchendo os pneus caros de John de areia por causa da estradinha de terra. Quando acho que acabou, ainda andamos mais uns minutinhos dentro da mata fechada, sem nenhuma trilha sequer comigo reclamando (as ervas daninhas fazem meus calcanhares coçarem) e Flora cantando sem parar uma musiquinha infantil irritante acompanhada da mãe.

   Mas, vale a pena.

   Uma praia livre de tubarões, sem uma bituca de cigarro no chão e ondas de mais de dois metros quebrando perfeitamente no horizonte. Até paramos alguns minutos pra observar em silêncio.

   —Esquece o que eu disse sobre você vir todo dia pra praia — Confesso a Peta — Não tem como enjoar disso.

   Ela sorri, sem piercings dessa vez, já que segundo ela, estamos na praia.

   —Heli! — Um maluco grita pra gente — Petaaaa!

   Flora sai correndo em direção do maluco.

   —Se você cair eu te afogo Flora! — Peta grita pra filha — Surpresa!

   Desanimada, caminho com minha mochila pesada sobre os ombros e o cooler de Peta nas mãos. Minha surpresa é o garoto de cabelo recém descolorido e short cheio de flores rosa jogando Flora pro alto como se fosse uma boneca.

   —Eu não disse pra parar com isso? — Peta reclama.

   —Somos fora da lei — Jonas ri com Flora — Vai fazer o que?

   Peta coloca a prancha na areia, a bolsa dela e da filha também e vai até ele decidida. Empurra o peito dele com força e prende a perna dele, jogando Jonas de costas no chão. Flora ri, apontando pro idiota empanado de areia.

   —Bom dia babaca. Cadê o guarda sol?

   Ele aponta pra barraca a dois metros à nossa frente na cor roxa. Peta nem ajuda o coitado a se levantar.

   —Oi Heli — Ele me cumprimenta.

   Estendemos a canga, tomamos água geladinha e às oito e meia da manhã, Peta abre um pote de brigadeiros confeitados. Jonas enfia um na boca e me oferece outro.

   —Me devem dez dólares. Cada.

   —Tá aprendendo com Cláudia? — Brinco.

   —Fica aqui com os tios que a mamãe vai vender doces, tá bom? — Peta diz a Flora que procura alguma coisa na mochila — Heli, passa protetor nela?

   Nem tenho tempo de dizer que não sei cuidar de criança. Flora acha o kit pra brincar na areia e o titio Jonas me ajuda a passar protetor, ele e Flora se dão tão bem que ele parece o pai mas não brinco com isso pensando em não traumatizar a garota.

   Peta conversa com todos os outros surfistas ao longe, todos mesmo, até os que estão dentro da água.

   —Vamos até as piscinas? — Jonas sugere.

A descoberta das Ômegas - FINALIZADO (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora