Amargo passado

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Doce Infância

Me lembro da primeira vez que me apaixonei, aquele amor platônico quê dói, que simplesmente não consegue ser correspondido porque você não é o padrão, não é o centro das atenções, não é tão bela quanto as outras garotas. Pelo menos não para as outras pessoas e não para ele.

O meu corpo, o quê ele soma no amor? Amar não é se sentir livre perto do outro, ao ponto de não conseguir parar de olha-ló? Por que não ter o corpo magro, não ter os olhos azuis, ou não ser tão sociável me impede de te amar tanto quanto ela?

Mas tudo bem; foi o que eu pensei quando você me chamou daquele apelido vergonhoso, que me machuca tanto até hoje quê eu nunca consegui dize-ló em voz alta. Nem mesmo se eu estivesse falando sozinha.

Mas estava tudo bem. Eu poderia simplesmente me mudar por completa. E quando eu o fiz, passei dias comendo o mínimo, tive tantos desmaios, tantas crises de vômito, tantas noites me sentindo um lixo por não conseguir emagrecer.

E quando você chega na escola, os comentários não param. E comer, era o que fazia a dor sumir nem que fosse por pequenos segundos. E de novo, eu me sentia um lixo por ter ganhado mais quilos.

Mas eu consegui, depois de um semestre, eu consegui. E quando ele chegou até mim, com aquela frase "agora nós podemos sair", quando eu consegui tantos amigos, eu já não me reconhecia e odiava o quê eu tinha me tornado.

Aquilo quê eu mais odiava, o tipo de pessoa que não conseguia entender quê ninguém é igual a ninguém. Principalmente na aparência.

O pior erro de alguém é se mudar para se encaixar. Principalmente se o encaixe for tão vazio e superficial como ele era.

O meu corpo, eu sempre amei ele como era. As suas ondas, suas curvas impossíveis de serem idênticas há qualquer um, eram a minha religião.

Mas eu me mudei, simplesmente para mim encaixar.

E quando te mandei embora depois de ouvir aquilo, percebi quê eu queria ser amada por alguém como eu, que fosse capaz de me amar pelo o que sou. Não pelo o que vê.

Depois de anos tentando voltar a ser eu, percebi ser impossível voltar a ser meiga e alegre.

Mas tudo bem, eu posso ser a garota de agora. Posso ser má e impossível de esquecer, posso ser aquela que tem o rosto inocente que te faz pensar: essa é fácil de enganar. Posso ser aquela com carinha de anjo, mas com o corpo cheio de ondas esculpidas pelo próprio diabo.

Agora, eu quebrei o maldito molde e decide ser eu. Pelo menos a minha nova versão, que querendo ou não, ainda é uma parte minha. Mesmo sendo fudida e, como os outros dizem, fria.

Não vou ouvir mais nada calada. Não nasci para escutar merda e ficar quieta. Eu sou a porra de uma mulher, vim para cá para mostrar quê sou foda. Não para fingir ser perfeita ou me encaixar no quê você acha ser belo.

Curvas, curvas são belas. Assim como o mar e suas ondas, grandes ou pequenas.

E agora sim, está tudo bem.

.      .      .      .      .      .      .      .      .

— seja como você quiser e mande os outros se fuderem se quiserem te mudar.

Aquelas Pessoas E Suas (Malditas) PalavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora