Fevereiro de 2028, parte I

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"Onde aconteceu? Não sei. Onde foi que eu deixei de te amar? Dentro do quarto, só estava eu dormindo, antes de você chegar, mas, não foi ontem que eu disse não... e quem vai dizer tchau?"

Rio de Janeiro, Brasil.

01 de fevereiro de 2028.

Terça-feira.

17:00.

Primeiramente, vamos estabelecer duas regras que, na maioria das vezes, são óbvias: contra fatos não há argumentos e é necessário prestar atenção no tempo verbal dos verbos das frases. Baseado nisso, já posso dizer que, sem uma pontinha de dúvida, um coração que se partiu é um coração que foi amado. Entende?

Sarah estava triste? Muito! Estava perdendo as esperanças? Pra caralho! Estava com medo de ter estragado qualquer chance de conseguir o perdão de Juliette de volta? Porra, sim! Esse era o seu maior medo. Ela tinha tanto medo disso que passou sete meses, quase oito, num apartamento refletindo sobre as merdas que tinha feito. Mas seu coração ainda não estava em pedaços... estava trincado, por culpa, inteiramente, dela, mesma, mas não estava partido! Até o domingo, ele ainda estava inteiro.

Bom, Juliette estava conhecendo alguém. Alguém que Sarah não sabia quem era e não queria saber, porque seria torturante demais para ela. Homem ou mulher, a mais alta preferiu se abster de qualquer informação possível. Carla havia procurado Sarah para conversar, mas ela não quis atender... nem o celular e nem a porta. Seria desgastante demais remoer aquele assunto verbalmente. A Brasiliense não era muito fã de reverberamentos.

Sarah sabia que se ela não tivesse errado, ainda estaria junto com Juliette e elas estariam felizes... ela sabia disso e martelava esse pensamento em sua cabeça todo santo dia. Ela foi a filha da puta e ela assumiu esse papel com maestria, reconheceu seu erro, colocando o rabinho entre as pernas e buscando por perdão. Sarah havia, de fato, mudado! Havia procurado ajuda profissional e sua terapeuta havia admitido seu progresso. A loira não tinha problema nenhum em assumir seus erros.

Porém, apesar de ter fodido tudo, nunca havia olhado para outra pessoa com segundas intenções. Nunca havia traído Juliette, nunca havia desejado outra mulher, nunca havia se deitado com outra mulher desde que perceber que estava apaixonada pela morena. Nunca. Nunca mesmo! E o que deixava Sarah mais dilacerada nesse situação era o fato de não saber se a morena estava mentindo ou falando a verdade. Juliette nunca faria aquilo, não era do feitio dela. Se entregar para outra pessoa? Jamais! Talvez ela tivesse dito aquilo para atingir Sarah e deixar ela mal, como a loira, de fato, estava. Se aquilo fosse verdade... ok, Sarah nem queria pensar nisso. Elas estavam dando um tempo? T-e-m-p-o.

Mas, temos que admitir que, Sarah sentia que Juliette não estava mentindo. Ela não falaria aquilo, assim, do nada, se não fosse verdade! Isso, também, não era do feitio de Juliette. Talvez por isso estava sentindo uma dor maior e se sentia uma otária, também.

Era a terça-feira que teria a confraternização na empresa onde Sarah trabalhava e lá estava ela, no estacionamento do prédio onde costumava morar, quase uma hora adiantada, esperando pelos meninos. Mandou uma mensagem à Juliette pedindo para que a morena a avise quando os meninos estiverem prontos e sua ex-mulher respondeu perguntando se ela já estava. Sarah preferiu não responder, já que tinha certeza que Juliette avisaria quando os meninos estivessem prontos.

E assim a morena fez cerca de meia antes do horário combinado por elas. Sarah, rapidamente, apareceu na porta do apartamento de Juliette, tocando a campainha e dando de cara com sua ex-mulher, extremamente, confusa. Aquela era a primeira vez que Sarah não queria vê-la, estava rezando para que Juliette simplesmente se despedisse das crianças e as entregassem a loira, sem que ela pudesse vê-la.

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