Março de 2028, parte II

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"Ei, fiz questão da promessa lembrar, tu jurou minha mão não soltar e se foi junto dela. Ei, cê não sabe a falta que faz, será que teus dias tão iguais? Eu me pego pensando... Ai, amor será que tu divide a dor do teu peito cansado com alguém que não vai te sarar? Meu amor, eu vivo no aguardo de ver você voltando, cruzando a porta..."

Rio de Janeiro, Brasil.

10 de março de 2028.

Sexta-feira.

17:20.

- Onde vocês vão deixar as crianças? - Roberta estava sentada na cadeira de Sarah, girando sem parar, enquanto a loira estava sentada no sofá de seu escritório, preocupada com o que aconteceria naquela noite. Não queria que nada desse errado.

- Vamos deixar com a Carlinha... - ela resmungou, alisando o blazer que usava. - Vai ser no nosso... no apartamento dela. Acha que eu devo me arrumar? Tipo, uma roupa mais social?

- Ah, não sei! Se eu estivesse em casa e alguém chegasse, de roupa social, para jantar comigo... dentro da minha própria casa, eu consideraria que o indivíduo tem um caráter duvidoso! - o tom brincalhão de Roberta estava cheio de verdades. - Acho que você deveria ir vestindo algo confortável, dessa forma, a Juliette também vai ficar... mais relaxada. Imagina ela de short jeans e blusa de alça de um lado e você de calça social, blusa de seda, maquiada e calçando um salto altíssimo do outro?!

- É, não vai ornar muito.

- Não vai ornar nada! - a mulher girou a cadeira, novamente, percorrendo os olhos pela sala de Sarah. - O que vão comer?

- Decidimos pedir comida italiana. Decidiremos os pratos na hora... mas eu vou levar o vinho favorito dela!

- Flores?

- Sem flores, dessa vez! Ela pode enjoar, não é? Pensei em fazer algo diferente. Eu estava pensando em... lembra de quando eu te falei sobre a carta que eu escrevi pra ela? Quando nós éramos mais novas? - Roberta assentou, sinalizando positivamente para Sarah. - Então... eu reescrevi ela, nessa madrugada. E eu estava pensando em entregar à Ju.

- Isso foi... por deus, Sarah?! Você pensou nisso sozinha? - o tom sarcástico e surpreso de Roberta se fez presente na sala, fazendo Sarah revirar o olhos. - Genial!

- Idiota! É óbvio que pensei nisso sozinha! E... enfim, na verdade, minha ideia é deixar a carta em algum lugar visível antes de eu ir embora, já que... hum... dessa vez não quero estar perto pra ver a reação dela.

- Aí eu já acho que você está pecando na genialidade! Por que não quer ver a reação dela?

- Porque eu meio que escrevi tudo o que eu estava sentindo num momento em que... eu acho que as palavras estavam querendo sair e meus dedos estavam querendo discar o número dela. Meu cérebro disse para eu não fazer aquilo, então eu peguei papel e caneta pra começar a escrever. - Sarah deu de ombros. - Você não vai entender!

- Olha, você está certa! Eu nunca te entendi, na verdade. Não sei nem como eu estou do seu lado! Eu deveria te odiar, mas não consigo, já que você é... não sei, inimputável? - Roberta transformou seu semblante feliz em um pensativo, como se procurasse razões para odiar Sarah. - Enfim, ainda não entendi o motivo de você não querer ver a reação dela!

- Assim... nem eu sei, Roberta! Estou me sentindo uma criança no fundamental, que deixa um bilhete na mesa da outra criança que ela gosta e sai correndo! Ah, e nesse bilhete, geralmente, está escrito: você gosta de mim? Sim ou não?

- Eu gosto dessa parte que você admite que não sabe o que está fazendo, que aí eu vejo que, pelo menos, você tem noção de alguma coisa!

- Eu estou nervosa, ok? Não quero que ela pense que estou pressionando ela, e é mais um momento pra gente... conversar? Ter um pouco de privacidade, talvez! Quero que tudo saia perfeito e... meu deus, eu não vejo a hora de vê-la.

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