Fevereiro de 2028, parte III

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Já tô mimando vocês demais da conta!

Como cês tão?
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"Se aponto pra estrela e o dedo cai, como é que eu conto quantas tem lá no céu? Por que? Como é que eu vou saber? Pro mundo ser o mundo meu de cá, o que é que teve de se acontecer? Não sei, não tem quem diz saber. [...] Pra tentar te responder, vem, vou te dizer... Liberdade é não saber, graça é se perguntar como é bom sonhar. E a verdade ninguém vê que a felicidade é mistério. A felicidade é mistério."

Rio de Janeiro, Brasil.

09 de fevereiro de 2028.

Quarta-feira.

15:26.1

Queira você aceitar ou não, nós, seres humanos, não fomos configurados para estarmos isolados. Ficamos felizes com quando fazemos compras, viagens ou quando assistimos à um filme legal. O problema disso é muito óbvio e se baseia do fato de essas sensações serem momentâneas demais, fazendo com que nós, meros mortais, busquemos sempre, e sempre, e sempre, por mais, para saciar nosso vazio.

Juliette, durante esses meses, doou todas as roupas que tinha e colocou outras novas, mais bonitas e atuais, no lugar. Aquilo preencheu o vazio de seu coração por alguns dias. Ela cortou o cabelo e ficou feliz... na verdade, ainda estava feliz com ele, mas aquilo não era, bem o que ela queria. Queria algo que envolvesse calor humano e foi aí que entrou Arcrebiano.

Conheceu o homem na festa de final de ano do trabalho e ele foi, extremamente, engraçado e falante. Juliette gostou de ouvir as histórias que ele contava sobre sua cidade natal, Espirito Santo, e ficou impressionada por saber que ele foi um dos sobreviventes de um acidente que aconteceu há alguns anos, numa plataforma da Petrobrás, onde ele trabalhava, embarcado.

Alguns dias depois já havia aceitado sair com ele, foi à alguns restaurantes, de alta patente do Rio de Janeiro e numa dessas despedidas, eles decidiram não se despedir, pois passaram a noite juntos. Foi bom? Juliette estaria mentindo se dissesse que não foi... mas não era aquilo que ela queria. Eles transaram algumas vezes, e não foi ruim, houve consentimento, mas não foi avassalador.

Juliette errou ao depositar a expectativa no de rapaz a fazer esquecer Sarah. Primeiro porque aquilo era impossível de se acontecer, já que a morena a amava, e segundo porque aquele papel não era de Arcrebiano.

No começo da separação, Juliette se perguntava se a reconciliação seria por elas, pelo o que as duas sentiam, ou pelas crianças. Reatar o casamento por causa dos filhos não era o ideal, já que, como todos dizem, filho não segura ninguém! Mas Juliette concluiu que setenta por cento da reconciliação seria por tudo o que elas sentiam e os outros trinta por cento seriam pelas coisas que conquistaram juntas, incluindo as crianças. E não foram poucas coisas.

O que Sarah fez foi horrível e não era digno de perdão, principalmente, porque poderia ter sido evitado se a loira tivesse um pouquinho de... amor por Juliette. A morena não entendia o que havia acontecido para Sarah se esquecer de como agir da esposa amorosa que era.

Ela era maravilhosa, atenciosa, e Juliette percebia que Sarah se esforçava, sempre, para que tudo desse certo e elas fossem felizes. Na verdade, a felicidade era uma consequência, quase, involuntária de tudo o que elas viviam. Quando as crianças nasceram, tudo só melhorava. Estavam a cada dia mais cúmplices uma da outra, sempre conversavam sobre tudo, esclareçam alguns, poucos, desentendimentos, e a vida sexual das duas nunca esteve tão em dia.

Juliette sabia que essa Sarah ainda existia e queria essa mulher de volta, pois se fosse necessário perdoar a loira por tudo e ter sua esposa amorosa de volta, Juliette faria sem pensar duas vezes. Estava dando o seu melhor para fazer, na verdade.

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