Janeiro de 2028, parte III

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Oi amores, como cês tão?
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"E é tão mais fácil quando tem você pra dormir junto, tem pra acordar junto e viver junto, tem você pra me contar dos seus dias seguros..."

Rio de Janeiro, Brasil.

29 de janeiro de 2028.

Sábado.

17:33.

Juliette e Sarah, depois de alguns desentendimentos, decidiram que o tema da festa de Filippo seria Homem Aranha.

Em outras épocas, como no último aniversário de Pedro, onde elas ainda não estavam separadas, por exemplo, elas usariam fantasias de alguma super-heróinas, como a Jean Grey ou a Feiticeira Escarlate, para entrar, totalmente, no tema da festa. Porém, naquela noite, Sarah vestia uma calça jeans, clara com um cropped branco e um All-Star, enquanto Juliette usava um vestido amarelo, soltinho, e uma sandália, rasteira. As duas estavam confortáveis, o suficiente, em suas roupas, mas aquilo, definitivamente, não era para ser daquela forma.

- Ju, vou ter que arranjar outro lugar para colocar os presentes. – Sarah apontou para o espaço onde costumava ter a caixa de presentes, mas, naquele momento, tinha "apenas" vários pacotes e caixas embrulhadas espalhadas, cobrindo qualquer centímetro quadrado livre. - Você acha que tem como colocar alguns ao lado da piscina de bolinhas?

- Espera, Sarah! Vou só conferir se estão precisando de algo na cozinha e já volto pra te ajudar. Vamos levar alguns para o carro, pode ser? – Juliette passou as mãos pelo cabelo, com o intuito de ajeitá-lo, enquanto observava Sarah balançar a cabeça positivamente, aceitando sua sugestão.

- Vou te esperar aqui. - Sarah não teve certeza se Juliette ouviu sua fala, já que a mulher se encontrava um pouco longe, adentrando a cozinha.

Sarah percorreu seus olhos pelo ambiente, verificando que Pedro estava bem, brincando com os amigos da escola na piscina de bolinhas e que Filippo estava na cama elástica com sua irmã mais nova. Quem via aquela festa bem decorada e, extremamente, familiar não imaginava o trabalho que deu para que Juliette e Sarah entrassem num consenso.

Divergiram sobre as escolhas do salão, do buffet, das cores das cadeiras e mesas, das lembrancinhas... de, quase, tudo! Por um momento, Sarah suspeitou que Juliette, por um momento, estava desistindo de fazer a festa de Filippo. A morena nunca estava a fim de conversar ou de entrar num acordo, quase um meio termo, sobre o que fazer. Geralmente, as conversas terminavam em brigas.

Ok, é necessário admitir os erros cometidos. Sarah já havia reconhecido os dela inúmeras vezes, mesmo sem querer. Entendia que Juliette estava magoada e Sarah sabia que a morena estava, totalmente, correta em se sentir assim. A carioca estava pagando pelo seu pecado e o salário do pecado, às vezes, é a morte... mas Sarah acreditava que Juliette, às vezes, estava indo longe demais.

O que custava ter uma conversa que durasse mais de um minuto e não terminasse em desavenças?

Pra Sarah isso custava muito pouco ou quase nada, mas Juliette era capaz de listar alguns, muitos, motivos para querer não conversar com a ex-mulher. O distanciamento dela, na maioria das vezes, parece exagerado para as pessoas que estão assistindo a trajetória delas de fora. Afinal, é muito fácil falar de um cenário onde você não é o personagem principal, secundário, terciário e afins!

Um dos motivos para todo aquele rancor e, talvez, o maior deles era o fato da ausência de Sarah no casamento. Juliette entendia que a loira tinha seu emprego, que era sagrado, e aquela era a maior fonte de renda das duas. Mas Sarah estava num momento onde ela já podia trabalhar menos, sem perder dinheiro, já que ela já ocupava um cargo privilegiado na empresa onde trabalhava.

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