Março de 2028, parte IV

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"Ô, dengo, me fala tudo sobre o mundo que eu não consigo debater. Me apresenta tuas opiniões, deixa eu lhe convencer que tu é o ser mais bonito que eu tive a sorte de conhecer. E agora que tá aqui comigo não vai mais não. Ô, dengo, se tu prometer ficar te canto todos os dias todas as alegrias que você me presentear, juro o café da manhã preparar, dar-te mil beijos pra te acordar. Me deixa cumprir é só não ir..."

Rio de Janeiro, Brasil.

22 de março de 2028.

Quarta-feira.

14:20.

- Sarah, precisamos fazer uma mineração dos dados recebidos hoje. Precisamos estabelecer novas informações, para ampliar a gama de possibilidades de implementação do software da OEL. Estabelecemos na última reunião um ciclo de três meses até a primeira entrega... acha que conseguimos isso? - Lucas seguia os passos da loira, que andava apressada em direção ao seu escritório.

- Hum... deixe-me entender... primeiro você consolida a resposta e depois vem me perguntar se será possível entregar a primeira versão nesse prazo? Não deveria ter falado comigo antes de assinar o contrato? - Sarah abriu a porta de sua sala, sentindo o deprimente cheiro de desinfetante invadir suas narinas. A transição entre aquele cheiro e o do cabelo de Juliette fez o coração da loira apertar, ela já estava com saudades, mesmo tendo acabado de sair do carro da morena.

- Bom, você disse que não poderia ficar para a reunião com o dono da OEL e aquele era o único dia que eles aceitariam fechar o contrato. Eu fiz o que achei melhor. - ele deu de ombros, ficando de frente para Sarah, que encarava o ambiente impaciente, vendo que haviam tirado os porta-retratos de sua mesa e outros papéis importante para poder limpá-la. - Acha que conseguimos?

- Acha que temos alguma opção? Se esse foi o prazo estabelecido, faremos dentro desses três meses. Não vai ser algo difícil ou misterioso, mas preciso que você selecione a equipe do projeto da Varsail e... passe as informações a eles. Me avise quando tudo estiver organizado e, aí, irei conversar com todos vocês. - Sarah começou a arrumar sua mesa, ajeitando o monitor do computador, colocando as caixas organizadoras à margem da superfície e posicionando os porta-retratos, novamente, ali em cima. - Ok?

- Hum, claro! Claro. Agora eu preciso... quero, na verdade, te fazer um convite, não tendencioso, eu juro, para um almoço. - ele juntou as mãos, encarando Sarah, que estava com o cenho franzido, encarando-o.

- Pra quê?

- Almoçar! Podemos fazer algo além daqui... não acha? - ele se aproximou da mulher, colocando o relatório da reunião sobre a mesa. Sarah segurou uma risada... aquilo não deveria ser o que ela achava que parecia. - Nós nos conhecemos há tanto tempo e...

- Olha, não me importo em almoçar com você... sabe? É só um prato de comida, mas... você sabe que eu ainda sou casada com a Juliette, não é? Não sei muito bem o que falar da minha vida amorosa por aí, nos corredores, mas... - ela levantou as duas mãos, balançando os dedos anelares delas, mostrando as alianças, uma dourada, com algumas pedrarias, na mão esquerda, e uma prateada, na direita. O semblante descolado de Lucas se fechou, seus ombros se encolheram e seus braços de juntaram aos lados de seu corpo. Ele parecia um soldado. - continuo casada!

- Hum... - ele pigarreou, tentando manter sua postura. Ele não conseguia esconder suas segundas intenções. - Entendi, entendi... mas ainda podemos almoçar juntos, não é? Qualquer dia desses?

- Que tal no dia do almoço dos funcionários? Todos almoçaremos juntos, de um jeito ou de outro! - a loira esboçou um sorriso, sem esboçar os dentes, vendo o homem deixar uma risada anasalada escapar. - Quanto mais cedo você passar as informações para o pessoal, mais cedo começaremos o levantamento de requisitos, Lucas.

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