Janeiro de 2028, parte IV

1.3K 141 111
                                    


Não se acostumem, não é todo dia um mimo desse.
Boa sorte com esse capitulo!!
_____________________________________



"Ausência quer me sufocar, saudade é privilégio teu e eu canto pra aliviar o pranto que ameaça. Difícil é ver que tu não há em canto algum eu posso ver. Nem telhado, nem sala de estar, rodei tudo, não achei você..."

Rio de Janeiro, Brasil.

30 de janeiro de 2028.

Domingo.

08:17.

O conceito de distância é mais do que transcendental, é quase um camaleão, pois pode adaptar-se a qualquer situação. É, bizarramente, duvidoso quando, durante o percurso de uma viagem, na estrada, conseguimos ver beleza em quase todas as paisagens. Geralmente vemos muitas áreas verdes, com pastos, montes, cachoeiras, rios... e, nem sempre, o nosso destino final é tão bonito quanto a distância que percorremos até chegar a ele - e isso causa uma frustração, enorme, de expectativas e nos faz esquecer de qualquer beleza que vimos antes de chegar até ali, beleza que, na maioria das vezes, pode salvar tudo. E isso, felizmente ou infelizmente, se aplica à muitas situações além de uma viagem qualquer.

Sarah ainda estava ali, dormindo, pesadamente, com Filippo e Pedro abraçando seu corpo, enquanto Juliette analisava toda aquela situação onde a loira, mesmo estando perto demais, parecia intangível. Parecia ter uma barreira de vidro impedindo de Juliette se aproximar de Sarah e a morena estava enlouquecendo com esse fato.

Sarah estava ali, exatamente, no lado da cama onde costumava dormir. Todas as noites Juliette, silenciosamente, deixava o espaço que Sarah dormia vago, como se a mulher ainda fosse chegar tarde em casa e deitaria ali sem que Juliette visse. Abrir os olhos e ver uma agente do caos com aquela expressão angelical era, no mínimo, desesperador.

Juliette não sabia como agir mediante àquela situação e não conseguiria descobrir a tempo, já que percebeu que a loira começava a despertar, piscando os olhos e analisando o ambiente que estava. Foram longos segundos até que os olhos de Sarah pudessem encontrar os de Juliette.

- Ainda está muito cedo? - a voz rouca de Sarah preencheu o curto espaço entre elas, enquanto Juliette dava de ombros, pois não sabia que horas eram. - Que horas a Carla chega?

- Acho que bem depois de você ir embora. - Juliette não pensou muito na intensidade de suas palavras, mas percebeu que elas deixaram Sarah desconfortável o suficiente para que a mulher começasse a se levantar da cama. - Onde você vai?

- Hum... banheiro, eu acho. - a piscou os olhos algumas vezes, tirando as pernas de cima da cama e colocando os pés do chão. - Acha que precisa de ajuda em mais alguma coisa?

- Não. - Juliette deu de ombros. - Os meninos vão querer que você fique para abrir os presentes. Não vou te expulsar. - a morena não tinha intenção de fazer Sarah rir, mas fez e sentiu seu coração errar uma batida. Há quanto tempo ela não ouvia essa risada, mesmo?

- Você pode me emprestar uma roupa? - a Brasiliense pediu, levantando os braços para o ar e se espreguiçando. - Vou entrar no banho e você deixa pendurada na porta, eu pego quando sair do chuveiro.

Juliette assentiu, observando a mulher caminhar até o banheiro do quarto delas. Apesar de tudo, de todos os meses, aquele quarto continuava sendo das duas, aquela cama continuava sendo das duas e aquela casa continuava sendo das duas. E isso não funcionava dessa forma porque elas dividiram gastos financeiros, mas sim, emocionais. Cada canto daquela casa estava carregado de energia das duas.

Calendário | SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora