Março de 2028, parte V

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Preparados para o deu tudo certo, ou deu tudo errado?!

Não passem raiva amores!
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"O céu está no chão, o céu não cai do alto. É o claro, é a escuridão, o céu que toca o chão e o céu que vai no alto. Dois lados deram as mãos como eu fiz, também, só pra poder conhecer o que a voz da vida vem dizer... que os braços sentem, que os olhos veem que os lábios sejam. Dois rios inteiros sem direção. O Sol é o pé e a mão, o Sol é a mãe e o pai, dissolve a escuridão. O Sol se põe, se vai e, após se pôr, o Sol renasce no Japão. Eu vi também, só pra poder entende, na voz a vida ouvi dizer... que os braços sentem e os olhos veem, que os lábios beijam. Dois rios inteiros sem direção. E o meu lugar é esse ao lado seu, meu corpo inteiro, dou o meu lugar, pois o seu lugar é o meu amor primeiro, o dia e a noite, as quatro estações..."

Rio de Janeiro, Brasil.

22 de março de 2028.

Quarta-feira.

A brasiliense estava controlando sua respiração, mas já havia puxado alguns fios de seu coro cabeludo. Ela não sabia o que achar, pensar ou concluir a partir dos resultados daqueles testes, principalmente, porque ela não sabia da possibilidade que existia de eles serem usados. Estava tudo indo bem há quase um mês, estavam presentes demais na vida uma da outra para que algo daquele naipe acontecesse. Sua cabeça estava cheia de informações inconclusivas que concluíam coisas que Sarah não queria nem pensar sobre! Ela estava sendo incapaz de pensar e raciocinar, mal sabia qual era o seu próprio estado naquele momento.

Ela já havia aprendido muitas lições ao longo de sua vida e isso fez com que ela soubesse, exatamente, onde eram seus pontos fortes e fracos. E quase todos os seus pontos fracos eram blindados, com exceção de três: Pedro, Filippo e Juliette. Eram o calcanhar de Aquiles de Sarah, a única parte passível de dor de seu organismo e era a única coisa que deixava a carioca num estado de disfunção.

Apesar de tudo o que havia feito, Sarah amava Juliette, ela era o seu bem mais precioso, sua jóia mais valiosa, era o grande amor da sua vida, de verdade, mas ela não era um saco de pancadas da morena. Definitivamente, não merecia apanhar aquele tanto.

Haviam quatro testes de gravidez ali, positivos e aquilo não poderia ser mais óbvio do que parecia... pelo menos para Sarah. Qual seria a outra explicação plausível além de Juliette estar grávida do cara legal?

- Sarará?! - a voz de Juliette soou atrás do outro lado da porta do banheiro, que estava encostada. - Tudo bem aí dentro? - Sarah ouviu o punho da loira se chocar contra a porta de madeira. - Sah?

Sarah ouviu a maçaneta girar e virou seu rosto em direção a porta, vendo um borrão esbelto e morena aparecer no banheiro. Sua visão estava turva, ela só queria voltar para seu apartamento e chorar, não queria brigar e não sabia se estava preparada para ouvir a explicação daquilo. Só queria ir embora.

Se os olhos da brasiliense não estivessem cheios de lágrimas, ela seria capaz de ver a transição do semblante tenro de Sarah para um surpreso, salpicado de preocupação e nervosismo. A morena piscou, algumas vezes, percebendo o que havia acontecido, engolindo o nervosismo a seco. Sarah tinha inúmeros motivos para estar preocupada naquele momento e Juliette era o maior deles. A morena jurava que havia deixado a gaveta fechada e colocado os testes no fundo dela. Ela não tinha a intenção de olhar os resultados deles naquele momento.

Encarou os olhos verdes da mulher, que pareciam feitos de vidro, já que as lágrimas estavam acumuladas neles e não se espalhavam pelo rosto de Sarah. A loira respirava e inspirava, com os lábios entreabertos, como se estivesse fazendo menção de dizer algo, mas estivesse lutando consigo mesma para não fazer aquilo. E era, exatamente, aquilo que Sarah fazia. O inferno estava plantado dentro dela, novamente, e ela estava no quinto anel dele, mas queria sentir aquele caos sozinha, no apartamento onde se sente morta, por isso ela caminhou em direção a porta de saída do banheiro, dando passos largos, tentando se desviar de Juliette, mas sem sucesso, já que a morena entrou em sua frente.

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