‹ 10 Dias ›

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Donghyuck entrou em sua loja aquela manhã e o sorriso matinal não saia de seu rosto. Ele segurava sua bolsa em um braço e um copo grande de chá na outra mão. Ele sorriu para alguns clientes ao entrar, mas acabou indo direto para seu escritório. Tinha um carregamento de livros para serem entregues e ele queria conferir cada um.

Ele deixou sua bolsa sob sua mesa e não demorou nada pra Renjun entrar em seu escritório feito um furacão. O Huang lhe entregou uma pasta, que foi pega e colocada na gaveta. Já tinha mais ou menos ideia do que era.

— Donghyuck...

O Lee encarou o funcionário e sorriu de lado.

— Você está bem?

Donghyuck assentiu prontamente.

— Sim. Porque eu não estaria?

Renjun mordeu o lábio inferior.

— Não sei. Suas olheiras estão um pouco maiores e você está bebendo chá.

Donghyuck riu de lado.

— É chá de hortelã, eu gosto.

Renjun preferiu não ir à frente e por isso se retirou. Mas ele sabia que algo estava errado.

Assim que o amigo saiu, Donghyuck se jogou em sua cadeira e bufou. Ele tinha plena consciência de que não estava bem. Já estava chegando perto e ele não sabia quando ia acontecer e nem como ia acontecer. Isso era surreal demais e ainda parecia um sonho. Um sonho bem idiota.

Donghyuck não tinha medo, por incrível que pareça. Ele só se sentia estranho, por deixar sua mãe e seus amigos aqui. Sua livraria e cafeteria vieram depois de muitas lágrimas e ele se orgulhava muito de si próprio. De tudo que tinha conseguido até agora. Mas estava prestes a morrer e não sabia como sua mãe iria ficar, como ela iria reagir. Estava em um beco sem saída.

Donghyuck sentou direito na cadeira e balançou sua cabeça de um lado pro outro. Tinha que tirar esses pensamentos de sua cabeça. Ainda não tinha morrido e precisava viver o presente. Precisava seguir em frente, como se nada tivesse acontecendo.

— A vida é uma merda e é pior ainda, quando se vende a alma.

Ele deu de ombros e foi trabalhar. Só isso que podia fazer naquele momento.

                                  (...)

O fim do expediente já tinha chegado, mas ele ainda estava em seu escritório, conferindo os últimos carregamentos. Ele conferiu a última caixa e ao constatar que estava tudo certinho, se levantou, pegou sua bolsa e caminhou para fora da loja. Ele ativou o alarme e a trancou. Já estava do lado de fora e caminhava até seu carro, quando sentiu que estava sendo observado.

Donghyuck parou de andar e olhou ao redor. Perto da cafeteria, pra ser mais exato, perto da porta, tinha um homem parado. O Lee franziu o cenho e se virou completamente, encarando o desconhecido. O Lee não conseguia voltar a andar, mas também não conseguia desviar o olhar.

Até que sua boca resolveu tomar uma atitude precipitada.

— Quem é você?

Deu pra ver o estranho sorrindo.

— O que será dessa cafeteria quando você morrer?

Donghyuck recuou um passo.

— Não se preocupe, você ainda tem nove dias, afinal o dia já acabou, Donghyuck. Aproveite bem, lá embaixo a coisa é diferente.

E ele sumiu.

Donghyuck ficou por um bom tempo olhando para a porta de sua cafeteria, até ele tomar uma atitude e sair correndo até seu carro. Ele entrou no veículo e bateu com a cabeça no volante.

— Porque eu fui vender minha alma.

                                  ❥︎

— Precisava mesmo ir lá, só pra perturbar a alma da pessoa? — Questionou Ten, cruzando os braços e encarando Johnny, que deu de ombros.

— Estava entediado, queria me distrair. — Ele respondeu e Mark, que estava à direita de Ten, riu.

— Johnny, sai da minha frente antes que arranque seus olhos.

O demônio se levantou e foi embora. Já Ten se encostou na poltrona e massageou suas têmporas.

— Esse povo me tira do sério.

Mark se sentou em frente a ele e encarou o amigo.

— Quem vai cobrar ele?

Ten deu de ombros. — A alma do Donghyuck é... complicada. A mãe dele é uma católica devota e praticamente entregou a alma dele aos anjos, em busca de proteção. Tava pensando em te mandar. E sempre você que vai cobrar os acordos do Jaehyun.

Mark deu de ombros. Queria ficar de bobeira no inferno, mas já que tinha oportunidade de ir até a superfície, tomaria um sorvete e de quebra, levaria a alma do humano. Só tinha vantagens.

— Aceito. Tem mais algumas informações?

— Acho que não. Ele fez um pacto e atualmente tem uma das cafeterias e livrarias mais populares da cidade.

— Ele pediu isso?

— Na verdade ele pediu pro pai dele morrer.

Mark arregalou seus olhos em clara surpresa.

— Quem é que pede pro pai morrer?

— Ele teve o motivo dele, Mark.

— Que motivo leva alguém a pedir pela morte do próprio pai?

— Não se meta nisso. Sua missão é matá-lo, trazer a alma dele pra mim e ponto final.

Mark bufou. Odiava quando Ten fazia isso, o que não acontecia com muita frequência.

— OK.

Ten revirou os olhos.

— Não tente descobrir de outra forma, eu tô te avisando.

— Eu não vou, que saco.

Ele se levantou e saiu da sala do demônio, que revirou os olhos e massageou suas têmporas.

— Quero morrer, de novo.

                                   ❥︎

Donghyuck estava em seu apartamento naquela noite. Desde da última vez que tinha visto aquele cara, ele não fechava mais a cafeteria. Tinha encarregado Renjun desse trabalho e o chinês estava bem animado com isso. Gostava de fechar a cafeteria, sempre levava as sobras pra casa.

O coreano estava conferindo, para ver se todas as portas de sua casa estavam fechadas, quando sua mãe apareceu. A mais velha usava um robe rosa e chinelos, quando entrou no campo de visão do filho.

— Tá tudo bem filho?

Donghyuck encarou a mais velha e sorriu de lado.

— Está sim, só estou conferindo as trancas.

Ela sorriu terna. — Você faz isso toda noite. Está com medo de algo?

Donghyuck deu de ombros. — Não, só é precaução mesmo.

Ela sabia que o filho estava mentindo, mas preferiu não insistir.

— Tudo bem então. Eu vou me deitar, não se demore muito e vá dormir, meu filho.

— Boa noite, mãe.

Ele se aproximou e deixou um beijinho na testa da mais velha, que sorriu para o mais novo, antes de subir as escadas e ir em direção ao seu quarto. Donghyuck ficou vendo a mãe subir e assim que ela sumiu de sua vista, ele chorou. E foi pelo mesmo motivo.

Não era a primeira vez que isso acontecia.

E com toda certeza não seria a última

Demon - MarkHyuck ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora