Donghyuck entrou em sua loja aquela manhã e o sorriso matinal não saia de seu rosto. Ele segurava sua bolsa em um braço e um copo grande de chá na outra mão. Ele sorriu para alguns clientes ao entrar, mas acabou indo direto para seu escritório. Tinha um carregamento de livros para serem entregues e ele queria conferir cada um.
Ele deixou sua bolsa sob sua mesa e não demorou nada pra Renjun entrar em seu escritório feito um furacão. O Huang lhe entregou uma pasta, que foi pega e colocada na gaveta. Já tinha mais ou menos ideia do que era.
— Donghyuck...
O Lee encarou o funcionário e sorriu de lado.
— Você está bem?
Donghyuck assentiu prontamente.
— Sim. Porque eu não estaria?
Renjun mordeu o lábio inferior.
— Não sei. Suas olheiras estão um pouco maiores e você está bebendo chá.
Donghyuck riu de lado.
— É chá de hortelã, eu gosto.
Renjun preferiu não ir à frente e por isso se retirou. Mas ele sabia que algo estava errado.
Assim que o amigo saiu, Donghyuck se jogou em sua cadeira e bufou. Ele tinha plena consciência de que não estava bem. Já estava chegando perto e ele não sabia quando ia acontecer e nem como ia acontecer. Isso era surreal demais e ainda parecia um sonho. Um sonho bem idiota.
Donghyuck não tinha medo, por incrível que pareça. Ele só se sentia estranho, por deixar sua mãe e seus amigos aqui. Sua livraria e cafeteria vieram depois de muitas lágrimas e ele se orgulhava muito de si próprio. De tudo que tinha conseguido até agora. Mas estava prestes a morrer e não sabia como sua mãe iria ficar, como ela iria reagir. Estava em um beco sem saída.
Donghyuck sentou direito na cadeira e balançou sua cabeça de um lado pro outro. Tinha que tirar esses pensamentos de sua cabeça. Ainda não tinha morrido e precisava viver o presente. Precisava seguir em frente, como se nada tivesse acontecendo.
— A vida é uma merda e é pior ainda, quando se vende a alma.
Ele deu de ombros e foi trabalhar. Só isso que podia fazer naquele momento.
(...)
O fim do expediente já tinha chegado, mas ele ainda estava em seu escritório, conferindo os últimos carregamentos. Ele conferiu a última caixa e ao constatar que estava tudo certinho, se levantou, pegou sua bolsa e caminhou para fora da loja. Ele ativou o alarme e a trancou. Já estava do lado de fora e caminhava até seu carro, quando sentiu que estava sendo observado.
Donghyuck parou de andar e olhou ao redor. Perto da cafeteria, pra ser mais exato, perto da porta, tinha um homem parado. O Lee franziu o cenho e se virou completamente, encarando o desconhecido. O Lee não conseguia voltar a andar, mas também não conseguia desviar o olhar.
Até que sua boca resolveu tomar uma atitude precipitada.
— Quem é você?
Deu pra ver o estranho sorrindo.
— O que será dessa cafeteria quando você morrer?
Donghyuck recuou um passo.
— Não se preocupe, você ainda tem nove dias, afinal o dia já acabou, Donghyuck. Aproveite bem, lá embaixo a coisa é diferente.
E ele sumiu.
Donghyuck ficou por um bom tempo olhando para a porta de sua cafeteria, até ele tomar uma atitude e sair correndo até seu carro. Ele entrou no veículo e bateu com a cabeça no volante.
— Porque eu fui vender minha alma.
❥︎
— Precisava mesmo ir lá, só pra perturbar a alma da pessoa? — Questionou Ten, cruzando os braços e encarando Johnny, que deu de ombros.
— Estava entediado, queria me distrair. — Ele respondeu e Mark, que estava à direita de Ten, riu.
— Johnny, sai da minha frente antes que arranque seus olhos.
O demônio se levantou e foi embora. Já Ten se encostou na poltrona e massageou suas têmporas.
— Esse povo me tira do sério.
Mark se sentou em frente a ele e encarou o amigo.
— Quem vai cobrar ele?
Ten deu de ombros. — A alma do Donghyuck é... complicada. A mãe dele é uma católica devota e praticamente entregou a alma dele aos anjos, em busca de proteção. Tava pensando em te mandar. E sempre você que vai cobrar os acordos do Jaehyun.
Mark deu de ombros. Queria ficar de bobeira no inferno, mas já que tinha oportunidade de ir até a superfície, tomaria um sorvete e de quebra, levaria a alma do humano. Só tinha vantagens.
— Aceito. Tem mais algumas informações?
— Acho que não. Ele fez um pacto e atualmente tem uma das cafeterias e livrarias mais populares da cidade.
— Ele pediu isso?
— Na verdade ele pediu pro pai dele morrer.
Mark arregalou seus olhos em clara surpresa.
— Quem é que pede pro pai morrer?
— Ele teve o motivo dele, Mark.
— Que motivo leva alguém a pedir pela morte do próprio pai?
— Não se meta nisso. Sua missão é matá-lo, trazer a alma dele pra mim e ponto final.
Mark bufou. Odiava quando Ten fazia isso, o que não acontecia com muita frequência.
— OK.
Ten revirou os olhos.
— Não tente descobrir de outra forma, eu tô te avisando.
— Eu não vou, que saco.
Ele se levantou e saiu da sala do demônio, que revirou os olhos e massageou suas têmporas.
— Quero morrer, de novo.
❥︎
Donghyuck estava em seu apartamento naquela noite. Desde da última vez que tinha visto aquele cara, ele não fechava mais a cafeteria. Tinha encarregado Renjun desse trabalho e o chinês estava bem animado com isso. Gostava de fechar a cafeteria, sempre levava as sobras pra casa.
O coreano estava conferindo, para ver se todas as portas de sua casa estavam fechadas, quando sua mãe apareceu. A mais velha usava um robe rosa e chinelos, quando entrou no campo de visão do filho.
— Tá tudo bem filho?
Donghyuck encarou a mais velha e sorriu de lado.
— Está sim, só estou conferindo as trancas.
Ela sorriu terna. — Você faz isso toda noite. Está com medo de algo?
Donghyuck deu de ombros. — Não, só é precaução mesmo.
Ela sabia que o filho estava mentindo, mas preferiu não insistir.
— Tudo bem então. Eu vou me deitar, não se demore muito e vá dormir, meu filho.
— Boa noite, mãe.
Ele se aproximou e deixou um beijinho na testa da mais velha, que sorriu para o mais novo, antes de subir as escadas e ir em direção ao seu quarto. Donghyuck ficou vendo a mãe subir e assim que ela sumiu de sua vista, ele chorou. E foi pelo mesmo motivo.
Não era a primeira vez que isso acontecia.
E com toda certeza não seria a última
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Demon - MarkHyuck ✔️
Fanfiction➹ Concluída ➹ Au ➹ Demônio ➹ Anjos Mark era um demônio do alto escalão, braço direito do dono do inferno. Ele tinha recebido uma ordem simples. Matar Lee Donghyuck. Era uma tarefa simples, mas Mark não tinha ideia de como cumpri-la ❥︎ Início: 11...