‹ 7 Dias ›

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Donghyuck encara Mark. O citado estava sentado em sua frente, enquanto o humano fazia algumas anotações em seu caderno. Faltavam sete dias para sua despedida do mundo e ele não estava muito animado com isso. Sua mãe iria ficar aqui e ele odiava lembrar disso.

Ver Mark, meio que constantemente, o fazia crer que em breve ele iria morrer. Era uma lembrança constante. E agora, ele ficava quase sempre na cafeteria. Os meninos não iam muito com a cara dele, mas o aceitaram, só porque ele tem boa lábia. O demônio às vezes ajuda na cafeteria, sempre está disposto a fazer algo e nunca, eu digo nunca, fica parado por muito tempo.

Nesse exato momento, ele está lendo um livro, de como administrar uma loja. Diz ele, que quer ficar por dentro de tudo. Ele não sabe muito do mundo humano, já que ele com toda certeza não é um. E isso está começando a assustar Donghyuck. Ele não quer a amizade de Mark, mas ao mesmo tempo ele quer sim. Não sabe explicar. O demônio estava ali para matá-lo. Mas ao contrário disso, ele também estava ali para conhecê-lo. Isso era confuso.

Donghyuck não queria expor os motivos de ter feito o que fez. Mas ele também sabia que em algum momento, ele ia contar tudo. E por algum motivo, confiava no demônio.

Isso era estranho.

- Você tem uma boa relação com a sua mãe, né? - Mark quebrou o silêncio, nem tão constrangedor assim.

O humano assentiu. - Sim. Ela é tudo na minha vida.

- E seu pai?

Donghyuck deu de ombros. - Ele era um idiota agressor.

Mark pendeu a cabeça para o lado e encarou o humano. Que não parou de anotar tudo que tinha em sua loja, antes de fazer o pedido para repor os estoques. O demônio mordeu a pelinha que tinha em seu lábio inferior. Ele agora estava um tanto confuso.

- Ele é seu pai afinal. - Mark não concordava com essa frase. Na verdade ele odiava. Mas ele queria conhecer o humano. Ele tinha uma certa necessidade de saber da vida de Lee Donghyuck. E ele gostaria de entender esse sentimento. Ele não estava gostando muito disso.

Donghyuck parou de escrever, mas ainda não encarava Mark. Seu coração errou uma batida. Se lembrou com clareza de sua mãe falando isso pra ele. Depois dele ter dado um soco em um dos olhos da mais velha.

- Não. Ele nunca foi meu pai. Ele era apenas um cara que chegava em casa bêbado e batia na minha mãe. - Donghyuck sentiu um bolo em sua garganta. Lembrou do dia em que seu pai ameaçou bater nele, mas sua mãe entrou na frente e ela recebeu o soco na boca.

- Hy -

- Mark, o que você quer?

O demônio fez uma carinha confusa.

- Você é só um demônio que quer me matar. Que tem que me matar. Você não precisa ficar comigo o tempo todo. - Donghyuck chegou em seu limite. E ele precisou continuar. - Você tá doido pra saber o motivo de eu ter vendido a minha alma, eu já entendi. Em algum momento eu vou te contar. Mas será que dá pra você parar de me lembrar da minha adolescência? Por favor. Não é fácil conviver com uma pai homofóbico e machista. Eu não quero mais me lembrar disso. Se você veio aqui, pra ficar fazendo com que eu reviva os piores momentos de toda minha vida, eu peço que vá embora.

Mark não soube o que responder. Ele não queria causar nada disso. Só queria entender. Mas percebeu que estava tentando conseguir informações da forma errada.

- Me desculpe. Não foi a minha intenção e não irá se repetir.

Donghyuck assentiu e um sorriso apareceu, no canto de seus lábios.

- Não tem problema. Pode voltar a ler.

Donghyuck voltou ao seu trabalho e Mark tinha uma sensação estranha. Ele tinha plena consciência de que pessoas que vendem a alma, são sem noção. Mas isso não se aplicava ao humano. Ele fez isso pra salvar a mãe. Ele só queria que ela fosse feliz.

"OK... Você não é um humano mesquinho e sem noção." Isso era a única coisa que se passava na cabeça de Mark.

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Renjun atendeu o último cliente daquela noite e assim que ele saiu, ele fechou a porta da cafeteria. Começou a arrumar tudo, enquanto ouvia uma música bem barulhenta em seus fones de ouvido. Gostava de ficar até o final e depois ir embora. Porque assim, ele podia pegar mais tarde no dia seguinte e isso lhe garantia mais algumas horas de sono.

O chinês estava passando o pano sob a mesa, quando olhou pela janela. Tinha um homem todo de preto parado do outro lado da rua. Ele endireitou a postura e encarou o estranho. Dava pra ver claramente o cabelo verde e isso de alguma forma, lhe era familiar.

Renjun caminhou até a porta da cafeteria e a abriu. Ele cruzou os braços e continuou encarando o cara. Ele não tinha medo de nada.

- Quem é você? - Renjun gritou e o estranho nem se moveu. - Você quer alguma coisa?

O estranho continuava lá, parado. Renjun não estava entendendo nada e por isso, ele deu de ombros e entrou para a cafeteria novamente. Hoje ele era só paz e amor e não estava afim de confusão.

O Ceifeiro do outro lado da rua, sorriu de lado.

- Dá pra gente ir embora? - Taeyong estava sentando no meio fio, doido pra voltar pra casa. - Até quando a gente vai ficar fazendo isso? Já tem meses. E tu sabes muito bem que os Ceifeiros não podem ter nada com humanos.

O Ceifeiro deu de ombros - Eu gosto de ficar olhando ele.

- Ele não tem medo de nada, né? Tem literalmente um cara todo de preto, olhando pra ele e ele faz o quê? Pergunta se a pessoa quer alguma coisa. Qualquer humano com algum neurônio, tinha chamado a polícia ou no mínimo vindo aqui com uma vassoura e agredido a gente.

O outro Ceifeiro riu de lado. Renjun era uma pessoa extremamente confusa e difícil de se lidar. Mas ele gostava do humano. Ele era fofo.

- Será que eu vou ser a exceção à regra?

Taeyong franziu o cenho em confusão.

- Como assim?

- Será que eu vou conseguir ficar com um humano?

- O humano é esse aí? O Ceifeiro burro, ele não gosta do amigo dele? Eu não te entendo. Você está há meses apenas olhando ele, mesmo sabendo que ele gosta de outro. Você não é bom dá cabeça

O Ceifeiro voltou a dar de ombros.

- Não me importo que ele goste de outro, desde que goste de mim também.

Taeyong o encarou e em seguida balançou a cabeça de um lado pro outro.

- Essa juventude de hoje em dia...

O Ceifeiro mais novo sorriu. Não se importava com nada. Bastava apenas Renjun gostar dele também e tudo ficaria bem.

Demon - MarkHyuck ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora