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     Estava sentada no banco do carro de Scar encarando a rodovia em nossa frente sentindo o cinto apertado em meu peito descansando as mãos sobre minhas coxas com a coluna reta sem arriscar olhar além do limite que eu mesma havia criado naquele a...

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     Estava sentada no banco do carro de Scar encarando a rodovia em nossa frente sentindo o cinto apertado em meu peito descansando as mãos sobre minhas coxas com a coluna reta sem arriscar olhar além do limite que eu mesma havia criado naquele ambiente pequeno. Scar estava silencioso desde quando saímos de Reno e eu mantinha os lábios pressionados me forçando a pensar em Thalia ao invés do rosto, próximo demais, de Scar quando esbarramos no beco.

     Ou até mesmo nas mãos grandes e fortes em minha bunda quando ele me ajudou a subir no muro para passar para o outro lado. Para Scar, aquilo não pareceu grande coisa, mas para mim foi estranho. Tão estranho quanto encarar seus lábios e imaginar beijando-o.

     Thalia, eu precisava pensar em Thalia e deixar a raiva voltar.

– Vai me dizer o que foi aquilo? De quem era aquele carro? – a voz de Scar me fez sentar desconfortável no banco, podia sentir um pingo de satisfação com minha vingança entre os sentimentos confusos que se embaralhavam dentro de mim.

     Eu até poderia imaginar como em Divertidamente, meus sentimentos correndo de um lado para o outro, a Alegria esbarrando no Medo enquanto a Raiva gritava destruindo a central de comando. Poderia imaginar outros sentimentos sentados em posição fetal em choque com o que eu estava sentindo e eu sabia que a culpa era total e extremamente minha que deixou meu cérebro bagunçar tudo o que já estava bagunçado, acrescentando outros sentimentos que eu não sabia se teria saúde mental para suportá-los.

     Um suspiro pesaroso me fez olhar para Scar com as duas mãos no volante desviando dos carros na rodovia mantendo a velocidade em 100 km/h.

– Você conseguiu pegar os dados do celular? – perguntou.

     Naquele momento lembrei do aparelho de metal que guardava no sutiã e sem nem mesmo pensar, pois eu não pensei, levantei a blusa bruscamente para tirá-lo em um movimento e entregá-lo a Scar. Percebi que ele desviava o olhar para mim com mais frequência do que o necessário e com uma sobrancelha erguida pegou o objeto clicando na tela fazendo surgir a contagem em cem por centro completa. Foi a minha vez de suspirar.

– Obrigado. – disse ele me surpreendendo completamente a ponto de virar e sorrir em deboche ao encarar seu rosto de perfil.

– Um agradecimento de um gângster. Essa é nova para mim. – falei vendo-o olhar para mim com um grande e genuíno sorriso no rosto.

– Gângster? – Scar perguntou sem conter a gargalhada que me contagiou mesmo que eu não quisesse sorrir e compactuar com aquilo.

– Eu poderia usar a palavra ladrão, mas não combina com você.

– Obrigado, eu acho. – respondeu ainda com o sorriso no rosto visivelmente divertido com aquilo. – Mas ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão, não é o que dizem? – falou entre olhares para mim sem esconder as feições relaxadas e sorridentes que manteve visível.

Correr ou Morrer - DuologiaOnde histórias criam vida. Descubra agora