O dia mal tinha começado e lá estava eu limpando as mesas para a clientela que aparecia para um reforçado – e gorduroso – café da manhã no Joe's. Quando as primeiras luzes do sol iluminaram o céu, o cheiro de bacon e ovos fritos invadiram o local me fazendo despejar aromatizante por todo o ambiente. Nos alto-falantes colocados nos cantos da lanchonete tocava músicas de rock dos anos 80 que combinavam perfeitamente com a decoração tirada dos filmes de época. Era como estar no Pop's Chock de Riverdale, mas sem todo o drama daqueles adolescentes. Não, o único drama era o meu que precisava fingir que amava trabalhar naquele lugar sempre que o sininho da porta tocava e um cliente entrava me encontrando com um sorriso grande no rosto.Mas o fato é que a mixaria de salário que ganhava no Joe's me ajudava na poupança que estava criando no meu esconderijo secreto, e mesmo que não chegasse perto do que eu ganhava com as corridas, eu sabia que aquele mísero salário me ajudaria no futuro.
– Morgenstern! – a voz rouca de Albert, meu chefe, me assustou ao perceber que eu estava cochilando sobre a caixa registradora. – Se seus amigos vão vir todo dia aqui é melhor que comprem alguma coisa. – me virei para as mesas à procura dos alvos de suas críticas, encontrando duas pessoas olhando em minha direção cochichando entre sorrisos.
Me aproximei da última mesa parando ao lado dela para as duas pessoas que fingiam conversar entre si e pararam quando perceberem minha presença, segurando caneta e bloco para anotar seus pedidos. Thomas sorriu para mim, mas tudo o que fiz foi encará-lo com incredulidade por vê-lo acordado tão cedo mesmo depois da noite agitada que tivemos.
– O que? – ele perguntou, percebendo que eu o analisava.
Thomas usava a camisa do nosso colégio, um uniforme verde musgo horrível com a logo da única escola em Crescent Valley, nela tínhamos desde a creche ao curso técnico para aqueles que escolhiam ficar do que seguir para universidades em outro estado. Aquele verde musgo não combinava nenhum pouco com Thomas.
– Hazen Morgenstern, eu quero saber tudo sobre o carinha de ontem. – Mina, minha melhor amiga desde que ainda éramos bebês e prima de Thomas, falou do outro lado da mesa.
Não evitei revirar os olhos para o cara que encarava sua prima com julgamento em seu olhar. Me virei para a garota que sorria em busca de uma boa fofoca para sentar ao seu lado com um longo suspiro que deve ter deixado meus amigos intrigados. Os olhos negros e puxados muito mais exagerados do que os de Thomas, me encararam de forma que eu sabia que Mina leria minhas expressões.
– Seu irmão está bem? – perguntou ela tocando exatamente no motivo que me deixou angustiada naquela manhã.
Espiei em direção ao balcão em busca de meu chefe e só quando não o vi ali me acomodei no banco de couro vermelho.
– Encontrei ele no chão do quarto quando cheguei. Ele caiu e não conseguiu levantar, mas por um instante achei que ele tinha... Que ele teria... – não consegui completar a frase e muito menos precisou que eu fizesse quando Mina colocou um braço em volta de meus ombros em um afago confortador. – Ele está bem. – falei mais para mim mesma do que para eles. – Eu vou sair em alguns minutos e eu preciso que vocês peçam algo, Albert vai me matar se verem vocês passeando por aqui de novo.
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Correr ou Morrer - Duologia
ספרות נוערHazen é a típica garota que mora em uma cidadezinha esquecida no mundo e perdida no tempo com costumes que já são considerados ultrapassados. Dividida entre ser a garota perfeita que a cidade espera e uma jovem corredora de corridas clandestinas se...