3. Devoradores de almas

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"Estamos mais perto agora."

Elizabeth estava brincando com os respingos de chuva que batiam na janela. Encostou a testa no vidro gelado e observava atentamente, tentando manter a mente vazia da crescente ansiedade que brotava dentro de si. Estava em uma cabine dentro do Trem Expresso que os levava a Hogwarts. Seu irmão havia se ausentando por alguns minutos, voltando sem que ela percebesse. Ele entrou e deixou-se cair pesadamente sobre a poltrona e Elizabeth continuou distraída. Ambos vestiam as mesmas roupas trouxas e Damien tirava a jaqueta apesar do frio e da chuva que caía demoradamente lá fora.

- Temos que trocar de roupa, Lizzie. – ele jogou a peça para o lado e encarou a irmã. – Melhore essa cara. Está tudo saindo melhor do que imaginávamos. – virou a cabeça para o lado, observando a visão lá fora tentando entender o que a irmã tanto olhava pela janela.

Elizabeth soltou um pesado suspiro e seu peito ergueu-se para novamente se curvar em uma postura Madame Dubrov teria pesadelos só de olhar. O vidro embaçou no mesmo momento. Ela o desembaçou com o punho coberto pela manga da blusa de frio e as inseparáveis luvas que protegia suas mãos. Seus cabelos estavam tão sedosos que brilhavam e pesavam sobre o seu rosto, cobrindo-os parcialmente e juntando-se a franja. Ela só queria ficar quieta olhando para o nada até que chegassem. A imagem da expressão decepcionada do avô martelava em sua cabeça. Não queria, mas se sentia culpada.

- Vai dar certo. Se algum filho da puta mexer com você, eu arrebento. – Damien sorriu mostrando os dentes de forma maligna e ela sorriu de volta para ele.

Então o trem parou. Sem aviso ou sem diminuir a velocidade, o trem simplesmente parou. Em seguida Damien assumiu uma pose de alerta e Elizabeth quase caiu da poltrona em um solavanco tão forte que a fez encará-lo preocupada.

- O que foi isso?

As luzes piscaram e depois se apagaram. Tudo ficou sombrio, frio e incrivelmente ainda mais sem graça para Elizabeth. Uma onda de medo fez com que os pêlos de seu braço se arrepiassem. Ela instantemente recuou e aguçou os ouvidos. Sentia que algo estava prestes a acontecer. Continuou olhando para Damien e através do seu olhar ele entendia o que ela queria dizer:

NÃO SE MOVA.

Damien conhecia aquele olhar na irmã. Era de perigo.

A estranha criatura parou de frente para a cabine deles, congelando o vidro e formando um vulto na porta

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A estranha criatura parou de frente para a cabine deles, congelando o vidro e formando um vulto na porta. Logo uma mão cinzenta com dedos longos e finos abriu devagar a entrada que deslizou para o lado. A criatura finalmente esgueirou-se lentamente com a cabeça se preparando para entrar na cabine. Usava um capuz e eles não conseguiam ver o seu rosto. Parecia flutuar tão perigosamente que Damien sentiu o coração pesar. O monstro negro sem face movia-se com uma lentidão tortuosa e tomou conta do ambiente. Elizabeth sentiu mais uma onda vibrante de medo e Damien permaneceu quieto. O seu coração quase saiu pela boca e a menina se segurou para não gritar. Devagar, deslizou pela poltrona e permaneceu bem na beirada, as mãos apoiadas ao lado das coxas. Estava tomando impulso para se lançar sobre aquela estranha criatura que não parecia ter olhos humanos, mas olhava-os com intensa curiosidade. O ser emitia um uivo baixo mesclado a pequenos sussurros inaudíveis. Tinha um cheiro de morte. Aquele cheiro ela conhecia bem.

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