10. Uma tempestade se aproxima

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O edifício tinha janelas espelhadas que se seguiam por vários andares até o céu escuro, refletindo morbidamente o tempo fechado e cortados por raios e trovões ensurdecedores

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O edifício tinha janelas espelhadas que se seguiam por vários andares até o céu escuro, refletindo morbidamente o tempo fechado e cortados por raios e trovões ensurdecedores. O vento forte espantava os transeuntes que andavam apressados, ajeitando os casacos enquanto praguejavam irritados com a possibilidade de pegar o auge da tempestade que se aproximava.

Ele, por sua vez, estava parado do outro lado da rua e agia calmamente. Puxava a fumaça do cigarro para fundo em seus pulmões, segurando-a por um tempo. Observava a névoa cinza ser expelida pelo nariz e sumir rapidamente em sua frente. Somente se moveu quando sentiu os pingos grossos chicotearem a pele do rosto e andou rapidamente para atravessar a rua em direção ao saguão coberto, passando por dois seguranças estáticos que pareceram não notar a presença dele. Seguiu reto pela recepção sem dar atenção a bela moça que prontamente se levantou, corando com um olhar servil. Antes que ela pudesse se sentar novamente, ele já entrava no elevador em direção ao último andar. Sorriu com escárnio ao lembrar que aquele era o prédio mais alto do país. A megalomania de seu tio beirava a loucura.

Mantinha as mãos cruzadas na frente do corpo e vestia um terno azul que tinha uma aparência de ter sido muito bem passado. A camisa vermelha com o colarinho sobreposto e os cabelos soltos em mechas douradas estavam penteados de forma propositalmente desajeitada fazendo um contraste interessante com a formalidade que aquele lugar exigia. Tirou do bolso um cartão de acesso com o seu nome: Joseph Bellator.

Assim que o elevador chegou ao seu destino ele caminhou por um longo corredor totalmente branco. Tão amplamente iluminado e limpo que o incomodou ao vislumbrar seu reflexo no chão. Virou para a direita e tomou outro novo corredor, agora menos iluminado que o anterior. Passou o cartão pelo canto da porta, destravando-a de imediato. O maciço metal deslizou para o lado ao sinal verde do visor que revelou apenas uma parte da extensa área que existia dali em diante.

Cerca de 60 pessoas trabalhavam concentradas em computadores, telefones e telões que mostravam coordenadas, mapas, rastreadores e senhas de acesso. Parou para observar e nada se ouvia além dos barulhos de cliques em computadores, pessoas digitando e troca de informações em forma de códigos e coordenadas. Assim que notaram a presença dele, alguns rapidamente vieram ao seu encontro com cópias de relatórios e informações adicionais. Ele mantinha o olhar fixo no caminho que percorria até o centro da sala, segurando algumas pastas que lhe foram entregues.

Ao centro do enorme espaço circular de teto alto, olhou para cima ao passo que erguia a cabeça para mirar a sala de vidro do segundo piso. Marius Bellator mantinha sua pose majestosa e cheia de si, apoiando os punhos no mezanino aonde observava a movimentação de cientistas, físicos, hackers e técnicos que operavam computadores e rastreadores, trabalhando com afinco e alheios a tudo. Ao notar a presença dele, Marius o encarou severamente, retesando cada músculo de seu corpo.

- Começou.

- Qual o protocolo?

- Quero-os de volta.

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