Existem pessoas boas e pessoas más. E há aquelas que vivem entre os dois.
A Primeira Guerra Bruxa deixou feridas profundas e muitos segredos. A história que você está prestes a ler faz parte de muitas que ainda não foram contadas. Até agora. Os gême...
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ATENÇÃO: Este capítulo contém descrições que podem haver gatilhos. (Tortura/ violência)
"A Suserana da Lua se erguerá faminta de luz, apagando o dia e cobrindo a terra de mortos. Eles a chamarão de Consorte da Morte e Mãe da Escuridão. Em suas mãos haverão garras e sobre sua cabeça uma coroa de ossos." ( A profecia do Grande Fim)
[...] "O mundo fez-se um vácuo. A terra esplêndida, populosa tornou-se numa massa sem estações, sem árvores, sem erva. Sem verdura, sem homens e sem vida.Caos de morte, inanimada argila! Calaram-se o Oceano, o rio, os lagos! Nada turbava a solidão profunda! No estagnado céu murchara o vento; Esvaíram-se as nuvens. E nas trevas. Era só trevas o universo inteiro." (As Trevas, poema de Lord Byron - Tradução: Castro Alves)
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Eu estava em uma estrada deserta. O vento gelado batia em meu rosto e não combinava com o céu azul de verão. Em minha volta havia um imenso campo inóspito de terra seca, até onde a visão alcançava. Quando olhei para frente, reconheci o Comensal da Morte que me encarava do outro lado da estrada.
Eu sabia que ele faria ilusões como aquelas para me confundir. Na realidade, estava presa em um quarto esquecido de um bordel, totalmente cega. Aquelas imagens tão nítidas e perfeitas que eram projetadas em minha mente só podiam significar uma coisa: ele se preparava para me torturar. Um predador brincando com sua presa.Eu morreria como uma bruxa espiã disfarçada de prostituta. Quanta ironia.
Ele era bom naquele jogo. Permaneceu parado do outro lado e senti seus olhos fixos em mim por trás da máscara de Comensal, me desafiando a correr, ainda decidindo se me destruiria. Aquilo era o início de uma caçada por minhas memórias. Minha personalidade. Meu ego e alter ego. Ele tomaria tudo se desejasse.
"Contarei um segredo, Eva.."
Sua voz grave e envolvente ecoava calma e confortável por todos os lados da minha consciência. A voz continuou:
"Nunca fui sádico. Realmente não sinto prazer em infligir dor. Podemos fazer isso acabar mais rápido do que você imagina."
Quando o comensal terminou de falar, senti meu corpo se aquecer aos poucos, fazendo com que eu quisesse me entregar em um oceano profundo de escuridão suave e acolhedora. Não havia raiva ou dor. Abri os olhos e demorou alguns longos segundos até perceber que tinha adormecido. Por quanto tempo...nunca saberia.
