Existem pessoas boas e pessoas más. E há aquelas que vivem entre os dois.
A Primeira Guerra Bruxa deixou feridas profundas e muitos segredos. A história que você está prestes a ler faz parte de muitas que ainda não foram contadas. Até agora. Os gême...
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arte usada neste capítulo: yuumei/devian art
Assim que ultrapassou a porta da enfermaria, se arrependeu. Vestida com o uniforme como todos os outros, andava ao lado do irmão mas era observada e avaliada como se não fosse uma aluna de Hogwarts. Todos a encaravam com uma enorme indiscrição e alguns mais corajosos passavam cochichando ao seu lado. Outros acenavam com a cabeça e Elizabeth devolvia o tímido cumprimento. Mas ninguém ousou falar com ela.
O velho ranzinza com um olhar detestável atravessou seu caminho. Era Filch. Ao lado dele, o mesmo gato com pose elegante que, sem nenhum motivo aparente, subiu em sua cama na noite anterior, quando ela ainda estava na enfermaria. Elizabeth gostava do animal apesar de ficar levemente intrigada pelos olhos vermelhos e diferentes do bichano. O felino se aproximou lentamente e esfregou o dorso peludo na canela dela. A garota parou instantaneamente surpreendida pela repentina aprovação do animal, conhecendo a natureza reservada que só os felinos tinham. Ao olhar para o velho e lembrar do momento constrangedor que ele a fez passar, endureceu o olhar de raiva. Surpreendentemente, Filch abaixou a cabeça, encarando o chão e pegando Nor-r-ra no colo, se afastando deles sem dizer nada.
- Olha... a gata do demônio que ninguém gosta, gostou de você. – Damien arregalou os olhos em uma expressão de falsa surpresa. – E com isso faz um total de zero dias que você não atrai problema, mana. Desse jeito vamos reinar nesta escola como as aberrações oficiais... - sorriu cheio de sarcasmo.
- Imbecil. – Elizabeth falou entre os dentes e cara a fechada. Logo a careta se desfez quando ela deu um soco de brincadeira no braço dele que se afastou gargalhando para apertá-la em um abraço carinhoso em seguida.
Puseram a andar concentrados por um extenso corredor, observando os alunos que iam e viam, segurando livros, mochilas e pergaminhos. Parecia uma escola normal, mas Elizabeth sabia que não era. O teto do corredor era alto, havia uma abertura lateral com extensas janelas que davam para uma visão esplêndida lá fora. Tapeçarias decoravam algumas paredes e elas se moviam como se estivessem vivas, as pinturas interagiam com os alunos e magicamente pareciam presas pelos cenários pintados. Enquanto caminhava, observava a visão, ignorando todos que passavam em sua volta. O céu estava nublado, um friozinho reconfortante e tudo parecia tranquilo, exceto pelos constantes olhares em sua direção. Ela tentava transparecer desinteresse e lembrava das palavras de seu avô:
"Ninguém está olhando. Isso é paranoia."
Afinal, ali era uma escola com pessoas iguais a ela. O fato de algo diferente acontecer justo na sua seleção não mudava isso. "Ou Mudava?"
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Subiram por uma escada que dava acesso a outro grande corredor. Elizabeth estava especialmente curiosa para sua primeira aula: Adivinhação. Não sabia exatamente qual caminho tomar entre os muitos corredores, escadas, pátios fechados e jardins de inverno do castelo de Hogwarts. Damien, ao contrário, demonstrava conhecer bem todo o trajeto e não tinha dificuldade para guiar a irmã. Ela sabia que estavam se dirigindo para uma torre e à medida que avançavam, dando a entender que estavam se atrasando. O irmão a apressava e caminhava perto dela, tomando uma pequena distância em sua frente acenava para outros alunos enquanto Elizabeth permanecia ignorando o mundo em sua volta, já começando a sentir raiva pela quantidade de pessoas que sequer disfarçavam o olhar curioso.
