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Cheryl Cudmore

Estar com ele é como brincar com fogo. E eu sempre amei o calor.

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Era a quinta loja que eu e Avani íamos. Quinta. A mulher era uma máquina de vestir: sapato aqui, bolsa lá, terninho desse lado, vestido daquele. Eu já havia perdido a conta de quantas roupas nós tínhamos comprado. As sacolas se esbarravam
umas nas outras enquanto andávamos pela calçada do centro de Como, Itália.

Eu estava amando.

- Certo querida, nós já compramos todas as roupas casuais, ou para jantares formais, que poderíamos. Faltam três categorias, pode adivinhar?

Eu me virei para ela, que sorria em expectativa.

-Hm...Vestidos para festas?

Seu sorriso se abriu ainda mais.

- Exato! Isso encobre duas categorias: festas de gala e festas em clubes. Estamos aqui para os vestidos das festas de clubes, tudo bem?

Eu assenti, hesitante. Por "clubes" ela queria dizer "baladas". Ou seja, vestidos curtos, feios, vulgares e que simplesmente não combinaram comigo.

Eu suspirei mas fiquei quieta. Avani parecia tão feliz e animada que ninguém seria capaz de decepciona-la. Então eu aceitei meu destino e dei de ombros.

- Você pode escolher alguns. Vou indo para o vestiário. Faça o seu melhor.

Ela deu palminhas.

Eba! Obrigada

O primeiro vestido que eu provei foi um vermelho forte. A parte superior era de um tecido confortável e leve, e era justa, mas o decote não chegava a ser vulgar. Da cintura para baixo o vestido se abria em alguns poucos babados, que batiam na metade da
minha coxa. As mangas eram compridas e agarradas, e quando me olhei no espelho não pude conter um sorriso.

Atrás de mim, Avani assentiu com a cabeça.

- Cores fortes combinam com seu tom de pele, diferente do meu, que se dá melhor com cores pastéis. Esse vestido tem o caimento perfeito para
você também, ja que você é baixinha, bunduda e peituda. Ficou maravilhoso, querida!

Eu corei, mas assenti. Ela estava certa. Eu estava linda.

-Tudo bem, chop chop. Próximo!

Enquanto me virava para sair, pude ouvir Avani dar uma risadinha e murmurar "Vinnie vai adorar isso".

Hm, o que aquilo significava?

O segundo vestido era verde e muito curto. O decote nas costas era imenso, e o tecido arranhava a pele. Avani o descartou em dois segundos.

- Esse padaço de pano não vale três mil euros. Vamos, próximo.

Eu paralizei. Três mil euros? Isso eram tipo, dois mil e setecentos dólares.

Ai meu Deus.

Meus pensamentos foram interrompidos quando, dentro da minha bolsa, meu telefone tocou. Eu
atendi o número desconhecido.

"Vocês estão aí há quatro horas"

A voz grave, rouca e com sotaque, disse no telefone. Eu sorri, sem saber muito bem o porquê.

"Oi para você também, Vinnie. Como tem sido a tarde? Muita gente para matar?"

Do outro da linha, ele bufou, mas consegui perceber que foi para disfarçar uma risada.

"Sinto muito te decepcionar, cara, mas não. Na verdade, não estou no clima para toda a sujeira que matar alguém traz. Quem sabe amanhã?"

Eu sorri, tirando o vestido verde e apoiando o telefone entre o queixo e o ombro enquanto pegava o vestido azul.

Broken Pieces // Vinnie HackerOnde histórias criam vida. Descubra agora