capítulo 26

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Naquela manhã fui acordada com minha mãe chamando por meu nome, ela estava empolgada com a viagem e desde que Ben veio morar com a gente ela sai suspirando feliz pelos cantos. Sentei-me na cama expulsando o cobertor do meu corpo, dei uma leve esticada e olhei pela janela.

— Neve! — Sussurrei feliz. Eu amava a neve, a sensação de sentir algo gelado e macio, era tão maravilhosa. 

Levantei a procura de minhas pantufas, quando meus pés sentiram algo fofinho, logo se acomodaram nelas. Me dirigi até a janela de vidro, era a vista mais exuberante de todas, a neve nas árvores sem folhas e cobrindo todo chão. Para muitos o inverno seria a pior estação de todas, para mim ele é maravilhoso do jeitinho dele, sentir a brisa gelada em meu rosto me lembra Léo e me faz feliz. Corro para pegar minha câmera na estante e começo a tentar capturar toda exuberância da paisagem vista da janela.

Por um momento esqueci do mundo ao meu redor e do motivo pelo qual tinha acordado naquela manhã, até minha mãe me chamar novamente e estragar todo meu momento de inspiração. Guardei a câmera novamente na estante, entre a torre Eiffel e minha Alexa. Fui no closet e peguei uma mala, comecei a procurar o que eu iria levar para viagem.

Um tempo depois estava tudo pronto, pelo menos era o que eu imaginava, fechei o zíper e fui até a escada, a mala era pesada demais para meus braços conseguirem carregar, então comecei a puxar através da alça de ferro. Minha mãe ao ouvir o barulho da mala descendo a escadaria de madeira  correu até lá e perguntou:

— Desse jeito vai quebrar a escada, levanta essa mala, não deve estar tão pesada! A propósito, você está levando protetor solar, roupa de banho e óculos escuros?

Eu sabia que estava esquecendo de alguma coisa, só não lembrava o que.

— Não… e provavelmente estou esquecendo de mais alguma coisa.

— Já esperava por isso, então fiz uma lista e estarei te enviando agora mesmo por SMS.

Minha mãe sempre pensa em tudo, agradeci ela e voltei a abrir a mala, visualizei a lista e realmente eu estava esquecendo de algumas coisinhas. Ainda bem que minha mãe sempre salva minha vida.

Finalmente chegou o momento que eu mais gosto, apesar de ter um corpo fininho comparado à minha altura, eu adorava comer e era hora de tomar café. Fui à cozinha e encontrei Ben já à mesa, minha mãe fez torradas com bacon e o cheiro estava atraindo toda minha atenção, deixei de lado a questão de não confiar naquele homem e fui degustar aquela saborosa refeição.

Minha atenção para o homem voltou quando ele empurrou a cadeira e levantou, minha mãe estava com as mãos carregadas de grandes bolsas, uma de cada cor, a gente só ia passar uns dias lá e não um ano inteiro. Eu estava colocando a última fatia de bacon na boca quando escutei a campainha tocar, naquele momento meu coração acelerou, eu sabia quem estaria do outro lado da porta.

— Eu atendo — Gritei ainda mastigando e correndo para a porta. 

Parei em frente a porta, desamassei meu vestido florido e mexi no cabelo, até que girei a maçaneta. Léo estava parado lá, na minha frente com seu sorriso encantador, seus olhos verdes brilhavam como esmeralda e ele vestia uma blusa manga longa branca e uma calça azul marinho. Ele largou a mala que segurava para poder me abraçar, o cumprimentei com um beijo e fiz sinal para que entrasse.

Meus pais estavam vindo atrás de nós, no mesmo momento em que Léo entrou, todos saíram carregados de malas em direção ao carro. 

— Léo finalmente você chegou — Disse Ben sorrindo — Vamos acomodar suas malas no carro.

O garoto já estava indo pegar as malas quando segurei seu braço.

— Espera… você não quer um pouco de água antes de pegar estrada? 

— Vou aceitar, só vou adiantar as coisas levando essas malas para perto do carro, quer que eu leve as suas também? 

Fiz que sim com a cabeça e caminhei até a cozinha, fiquei observando pela janela esperando Léo voltar. Quando ele chegou, corri para seus braços fortes que me levantaram, agarrei sua cintura com as pernas, ele me olhou surpreso e devagar foi me aproximando da parede. Um rápido e caloroso beijo surgiu naquele momento, suas mãos desceram da minha cintura para as coxas e com firmeza me carregaram até uma das bancadas da cozinha. Nosso beijo foi ficando mais forte e intenso, mas infelizmente tive que cortar o clima, estávamos demorando e os adultos com certeza desconfiariam disso tudo.

Servi um copo de água para Léo e fomos até o carro, seria uma longa viagem de quase três horas até Malibu, mais ou menos uns trezentos quilômetros até lá. No caminho ficamos ouvindo músicas, eu tirei algumas fotos da estrada e Léo tirou fotos nossas, comemos balinhas Fini que levamos e chegou um momento em que o carinho do meu namorado me fez adormecer em seu colo. 

— Lucy… meu amor… acorda — Escutei uma voz distante me chamar, ainda sonolenta abri os olhos.

— Já chegamos? — Perguntei desnorteada.

Léo segurou meu rosto com as duas mãos e sorrindo afirmou que sim. Cocei os olhos tentando despertar, desci do carro e arrumei o cabelo usando o espelho do retrovisor. Senti a brisa e o barulho do mar naquele lugar, mesmo estando no inverno aquele lugar era quentinho e caloroso. Avistei meus familiares saindo do belo casarão à beira da praia, todos com chinelos e vestes floridas. Os cumprimentei com abraços e apertos de mão, minhas tias e avó comentaram que eu estava maior e mais bonita, como sempre elas dizem. Apresentei Léo como meu namorado e todos arregalaram os olhos chocados com essa informação.

Entramos e nos acomodamos, ambos em quartos diferentes, a casa era tão grande que caberia mais cinco famílias de hóspedes. Eu queria mostrar como foi minha infância naquela casa para meu namorado, ou pelo menos um pouco dela. Levei ele na garagem da casa, aquele lugar me trazia muitas lembranças, as principais eram felizes como a vez que tentei fazer um presente para minha mãe, ou tristes como quando me escondi pra chorar a morte de John Hill.

Fui caminhando e vi um lençol branco escondendo alguma coisa grande, me aproximei e o puxei. Tive uma grande surpresa, era a moto que meu avô me levava pra escola quando mamãe tinha que trabalhar, a chave estava na ignição e aparentemente ela estava em bom estado e funcionando bem.

— Uau! Que moto mais linda — Disse Léo encantado com a máquina. Lembrei que ele estava guardando dinheiro para conseguir comprar uma e que tinha conseguido licença para dirigir durante o verão.

— Era do meu avô, quer dar uma volta se ela ainda funcionar?

Percebi que seus olhos começaram a brilhar mais que o normal quando anunciei aquela frase, era como uma criança vendo um doce. Fui procurar minha avó, para perguntar onde se encontrava a chave do veículo, ela estava na cozinha e disse que não sabia onde se encontrava, mas no armário antigo à direita da garagem estava todas as coisas do meu avô. Fui até lá, Léo estava atrás de mim, comecei a procurar e de repente senti as mãos fortes abraçando minha cintura.

— Amor… não precisa fazer isso por mim — sussurrou em meu ouvido. Senti cada pelo do meu corpo arrepiar.

Estávamos sozinhos, desisti de procurar a chave e comecei a beijar Léo, foi ficando mais intenso, o garoto me levantou e colocou sentada em uma das bancadas ali, suas mãos foram deslizando por meu corpo, a cada toque um arrepio vinha sobre mim, céus! Nunca havia sentido algo assim antes. Eu sabia o que estava prestes a acontecer, eu queria que acontecesse, mas não achava que aquele era o momento certo, alguém poderia entrar e estragar tudo a qualquer momento, então decidi ser a pessoa que estragado a tudo.

— Léo… calma… — disse ofegante — Aqui não, por favor.

O menino respirou fundo e se afastou aos poucos, mexeu no cabelo tentando conter o fogo e a decepção depois de eu ter cortado o clima.

 — Desculpa Lucy, minha linda Lucy, eu não queria fazer nada que você não quisesse.

— Eu quero, só não aqui numa garagem empoeirada, quero que seja especial, em um lugar em que eu não tenha passado a infância brincando de boneca.

O garoto riu, beijou minha testa e segurou em minha mão.

— Eu prometo que vai ser especial como você quer — Disse olhando em meus olhos.

Fomos até a sala, a família toda estava reunida arrumando os enfeites da árvore de natal, nos chamaram pra ajudar e não hesitamos em fazer isso.

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