Capítulo 7

35 10 6
                                    

No dia seguinte, minha primeira aula foi de "construção de texto", Jesse não tinha essa matéria comigo, era a segunda aula pra ela, Léo e eu seguimos pra mesma sala e sentamos um ao lado do outro, a professora começou a chamar os alunos a frente, eu era a próxima.

-Ei psiu... vai dar tudo certo - disse Léo estendendo a mão para mim e piscando.

Eu sorri timidamente e ouvi a professora chamar por mim, levantei e caminhei até a frente da sala. Olhei em volta e encarei o papel em minhas mãos, todos me olhavam e minhas mãos começaram a suar e tremer. Respirei fundo e comecei:

"Esta é a história de Lucy Peterson, uma garota como qualquer outra, mas ao mesmo tempo diferente de todos.

Tudo começou quando minha mãe estava no colegial, ela namorava um cara chamado Ben, por dois anos eles foram muito felizes e se amavam muito, até que um dia minha mãe descobriu que estava grávida, o fruto desse lindo amor era eu. Contou para Ben, a reação dele não foi a que aquela mulher esperava, ele não quis assumir um filho pois se achava jovem demais para isso, tinha uma faculdade, time de futebol para cuidar... ele sugeriu que minha mãe abortasse e continuasse uma vida perfeita ao lado dele, ela não quis fazer isso então ele a abandonou.

Um tempo depois eu nasci e minha mãe seguiu em frente, ela conheceu um cara super legal chamado John Hill, quando completei 2 anos eles casaram, tivemos uma vida maravilhosa, era somente nós três, sonho de todo mundo e exemplo de família feliz. Uma vez aos meus 11 anos eu e John fomos ao supermercado, eu estava no carro e ele vinha com as compras, um caminhão o atropelou e morreu na hora, aquilo abalou muito a gente e não dava pra continuar morando em Malibu, uma mulher super generosa ofereceu um recomeço em outro lugar pra minha mãe e ela aceitou.

Essa mulher era a mãe de Jesse Miller e nos mudamos pra cá aos meus 12 anos. Todas queríamos esquecer as tragédias de nossa antiga vida, principalmente minha mãe, mas aqui estou eu com meus cabelos ruivos para lembra-la sempre do cara que a engravidou e arruinou sua vida, pois o mesmo tinha cabelos como os meus."

Baixei o papel, dei uma última olhada pra turma antes de retomar meu lugar, Léo não conhecia boa parte da história de minha vida e deu pra perceber o quão perplexo ele tinha ficado após descobrir sobre meu passado. "Eu sinto muito" sussurrou baixinho para ninguém perceber que estávamos conversando no meio da aula, eu então respondi: "Não foi sua culpa" e voltei a prestar atenção nas histórias dos outros alunos.

Pouco tempo depois o sinal tocou e trocamos de sala, era a vez de "quimica" para mim, nessa aula nenhum dos meus amigo estava comigo e se passava no laboratório. Peguei meu material rapidamente no armário, fui ao local, as mesas eram em duplas, eu não tinha nenhum parceiro ainda, cheguei lá e baixei a cabeça esperando a professora começar a falar para ajeitar minha postura novamente e prestar atenção.

Olhei para meu lado direito onde havia uma grande janela que mostrava o lado de fora da escola, observei a paisagem, por mais que eu gostasse de estar reunida com meus amigos no colegio e receber conhecimentos novos, naquele momento eu invejei a liberdade dos pássaros que voavam por ali, fiquei refletindo sobre aula anterior e tudo que queria era sumir até todos esquecer da minha existência.

Deixei minha postura ereta quando ouvi o soar da voz da mulher ali a frente para comandar a aula "vistam seus jalecos" disse ela, passei uma das mangas sobre meu braço e avistei alguém abrir a porta.

-Desculpe o atraso professora

-Tudo bem senhor Winters, será parceiro da senhorita Peterson hoje

Eu não acreditava que aquilo tava acontecendo, de tantos alunos na sala ele vinha logo para o meu lado? Vi um sorriso no rosto do garoto que se aproximava da bancada e revirei os olhos.

-Oi Lucy, queria saber se você quer me dar uma nova chance pra te fazer feliz

-Eu já sou feliz, mas obrigado pela oferta - forcei um sorriso sem mostrar os dentes e voltei a olhar para frente

-Garota por que você é assim? Num momento a gente tá se dando bem e no outro você fica aí se fazendo de difícil, eu não te entendo!

-Você nunca se interessou por mim, não faz diferença na sua vida

-Eu te chamei pra sair, tentei te impressionar no encontro, falei pra escola toda que não tinha acontecido nada entre nós como você queria, eu não costumo ir atrás de garotas que me rejeitam

-Por que insiste em mim ainda?

-Não sei direito, só te vi esse ano e me senti atraído por ti, você é diferente de todas as outras Lucy e teu jeitinho me encanta, me dá uma chance?

Realmente eu nunca vi Tyler correndo atrás de ninguém se eu gostava dele porque não me entregar? Talvez fosse uma boa ideia lhe dar uma chance, pode ser que dê certo! Encarei aquele rostinho bonito onde aos poucos se abria um sorriso magnífico que encantava a todas que se atravessem a olha-lo, inclusive a mim.

-Abrirei uma exceção, te darei mais uma chance de me impressionar, não tente me beijar nem qualquer coisa assim, ok?

-Ótimo, podemos sair hoje após a escola? Te levo pra casa ao anoitecer

-Na verdade tem treino das líderes hoje

-Tem de futebol também, posso te dar uma carona quando acabar?

-Pode ser - Sorri timidamente e ele beijou minha bochecha corada

No almoço contei para meus amigos que não precisava me esperar pois iria embora com Tyler, Léo não gostou muito da ideia quando contei sua expressão mudou rapidamente de um sorriso brilhante para algo tristonho e aborrecido. Já Jesse ficou me zoando e criando expectativas.

***

-Tá pronta pra ir embora? - disse Tyler estendendo sua mão para mim.

-Claro, tô morrendo de fome o que acha de passarmos na sorveteria e comprar milkshakes? Ou em alguma lanchonete e comer uns lanches? - falei enquanto caminhávamos

-Adorei a ideia linda!

Mostrei a palma da mão levantada fazendo um sinal de parada para o garoto, ele me olhou confuso e eu falei

-Você quer me impressionar não é?

Fez que sim com a cabeça

-Comece me poupando de elogios exagerados

Ele pareceu entender e continuamos caminhando até seu veículo conversível que ao chegar mais perto percebi ser um Porsche vermelho.

Ao dirigir, o garoto parecia tenso e não contive uma gargalhada ao vê-lo daquele jeito, seu olhar se direcionou a mim por um segundo e pareceu se tranquilizar e fazer o mesmo que eu, chegamos no local mais confortáveis um com outro.

Destino InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora