Capítulo 31

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Naquele dia voltei para casa, não consegui pisar no trabalho depois de tudo que tinha acabado de saber. Peguei um livro da estante, fiz um coque frouxo e comecei a ler perto da janela enquanto processava toda a informação que havia sido dita por Léo. Meu celular começou a tocar, era o alarme que eu havia colocado para buscar meu filho na escola.

Eu sou o tipo de pessoa que esqueceria até da própria cabeça se a mesma não estivesse grudada no pescoço. Peguei as chaves do carro que estavam jogadas na mesa de centro e me dirigi até a porta, puxei um casaco do cabide e girei a maçaneta. Assustei-me ao abrir a porta  e ver Tyler logo na frente dela, ele segurava a mão de meu filho que correu para me abraçar.

Tyler buscava Chris de vez em quando, mas agora eu o via com outros olhos, via quem ele era de verdade, e pensar que por anos acreditei em toda aquela farsa dele, finalmente a máscara caiu, mas infelizmente aquilo me assustava.

Christian subiu para seu quarto, como costumava fazer ao chegar da escola, e me deixou sozinha com Tyler. Tentei agir naturalmente com ele, fui na cozinha, ele me acompanhou e eu ofereci água, ele aceitou e enquanto me virei rumo a geladeira ele começou a falar,

— Lucy eu… tenho que te falar uma coisa que há anos venho tentando dizer. Tento demonstrar de todas as formas possíveis, mas parece que não adianta o que eu faça, você nunca percebe.

— Do que você tá falando? — perguntei virando-me e entregando o copo de água a ele.

— Não sei se você sabe, mas sou completamente apaixonado por você desde o colegial — colocou o copo no balcão e se aproximou de mim — sei que você preferiu aquele garoto, mas tá na hora de esquecer ele.

— Tyler eu… — colocou o indicador entre meus lábios,

— Shiii, não precisa falar nada, eu sei que errei no passado, mas eu mudei, por você minha doce Lucy.

Nossos olhares se cruzaram e o espaço entre nós estava cada vez menor, eu queria fugir dali naquele momento, só não sabia como fazer isso. Nossos lábios tocaram um no outro, tudo que eu não queria que acontecesse, infelizmente aconteceu. Saí dali o mais rápido possível e me distanciei de sua presença.

— Você tá maluco? — Perguntei alterada — Eu não quero isso, não quero nada de você!

— Lucy por anos eu estive do seu lado, salvei você daquele maldito incêndio e ainda te ajudei com tudo que precisou pra esse moleque que nem meu filho é. 

— Tenta entender, eu nunca te pedi nada disso, você fez por livre e espontânea vontade. 

— Mamãe? Você não levou meu achocolatado hoje, então vim dizer que tenho fome.

Fomos interrompidos pela doce e pura voz de uma criança inocente, caminhei até ele e o coloquei no colo.

— Eu acho melhor ir, já tá anoitecendo e esse garotão precisa se alimentar pra ficar forte que nem o tio.

Christian saiu dos meus braços e correu em direção a Tyler com um sorriso no rosto, o homem ficou de joelhos para poder aconchegar a criança em um caloroso abraço de despedida. Enquanto ele abraçava meu pequeno, em seu rosto havia um sorriso de canto, seus olhos estavam encarando os meus profundamente, como se tivesse total poder sobre nós e a certeza de que eu o daria uma chance. Peguei a mão de meu filho e o acompanhamos até a porta da frente.

Quando Tyler foi embora, fiz o jantar de meu filho, Chris era um menino extrovertido e adorava conversar, principalmente durante o jantar, mas dessa vez eu estava dispersa e só consegui ouvir a voz dos meus pensamentos. Tudo que Léo me falou, não parecia real, Tyler tratou a gente muito bem durante anos, pareceu ser verdadeiro tudo que ele fazia de bom.

Deixei meus pensamentos de lado e arrumei tudo para dormir, coloquei meu filho na cama e o deixei com um beijo de boa noite como de costume, mas naquela noite foi diferente. Eu caminhei até a porta do quanto, já indo em direção ao meu, mas ele me parou, chamou minha atenção e pediu para que eu contasse uma história. Fui em direção a cama dele, me aconcheguei ali e comecei a contar a história da minha amizade com Jesse em forma de contos de fadas. Ele dormiu como um anjinho.

No dia seguinte, acordamos perto do horário do almoço, já que era final de semana podíamos curtir a companhia um do outro. Meu filho pediu para comer macarronada no almoço, e eu como uma mãe incrível, não pude recusar seu pedido. Me arrumei e comecei a preparar tudo na cozinha, enquanto ele brincava no quintal. Olhei pela janela por acaso e avistei o homem de casaco azul marinho, o mesmo que havia me encontrado ontem no parque. 
Sem pensar duas vezes, corri em direção a porta da frente, abri e o convidei para entrar. Subimos para o quarto, não queria correr o risco de meu filho nos ver, chegando lá, eu o abracei, finalmente pude sentir o calor daquele corpo novamente, eu ainda estava incrédula de que o amor da minha vida, aquele cara que todos acreditavam estar morto, estava ali bem na minha frente.

— Minha menina dos cabelos de fogo, estou tão feliz por te ter de novo — disse ele enquanto colocava uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

— Você sempre me teve, cada suspiro meu pertenceu a você e sempre será assim — tomei coragem, e olhando em seus olhos fiz com que nossos lábios se tocassem.

Naquele mesmo instante senti minha pele arrepiar, era como se uma corrente elétrica percorresse por todo meu corpo fazendo tudo ficar fora do normal, meu coração acelerou e sem que eu percebesse, lágrimas de alegria começaram a escorrer pelo meu rosto. Léo segurou minha cintura com firmeza e me puxou para si, borboletas começaram a sobrevoar meu estômago e um calor fora do comum veio à tona naquele momento.

Tudo estava ocorrendo bem demais, até que ouvimos a campainha tocar, Chris gritou do andar de baixo “Deixa que eu atendo mamãe” e seguiu  até a porta. Um sentimento confuso e amedrontador tomou conta do meu ser ao escutar aquela voz conhecida adentrando em minha casa.

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