Capítulo 16

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Ouço a campainha tocar, levantei rapidamente do sofá e comecei a enxugar as lágrimas caminhando até a porta, o homem insistiu dizendo que queria atender, não pude impedir, ele foi mais rápido que eu. Ouvi a voz de Tyler.

Ben: Quem é você? E o que faz aqui com essas flores?

Tyler: sou o namorado da Lucy, e você quem é?

Ben: sou o pai dela e estava tendo uma conversa séria com minha filha até você interromper

Tyler: não sabia que ela tinha um pai, ela nunca falou de você 

Ben: ela tem sim! Você acha que a mãe dela engravidou como?

Eu já estava ficando constrangida com aquela conversa, resolvi me meter no meio e acabar de vez com aquilo, corri até a porta e abracei Tyler convidando ele para entrar, ele estava com margaridas nas mãos e as segurei, agradeci com um sorriso e puxei ele pro sofá. Ben veio atrás de nós e perguntou sobre a conversa, eu o ignorei por uns segundos e disse que se ele quisesse podia vir outro dia.

-Ué… se ele é seu pai, não deveria morar aqui? - perguntou Tyler curioso.

-Ele só é o homem que engravidou minha mãe, nunca foi presente, eu não o conhecia até essa semana. - Dei de ombros.

Tyler olhos para mim e depois para o homem, sorriu de canto e naquele momento eu sabia que ele falaria uma de suas ideias bobas que sempre me convencia ser o certo a se fazer, eu não resistia aqueles olhos cor de meu e suas covinhas ao rir.

-Minha linda Lucy, eu vou na cozinha dizer oi pra minha sogra e beber um pouco de água, o que você acha de conversar com este homem enquanto isso, pra ele deixar a gente namorar em paz - disse Tyler com uma piscadela.

Era uma ótima ideia, eu não deveria recusar a chance de me livrar desse cara de uma vez por todas, tudo o que ele havia feito era trazer confusão pra minha vida logo quando ela estava perfeita. Fiz que sim com a cabeça e ele saiu rumo a cozinha.

-Podemos continuar então - disse me sentando no sofá e cruzando as pernas.

-Eu não acredito que você tem um namorado babaca como esse.

-Você não tem o direito de falar assim do Tyler, você nem o conhece! - franzi a testa.

-Vou te dizer que tipo de garoto ele é filha, é o popular da escola e toda garota quer pegar, capitão do time de futebol e não quer saber de nada que não seja para alimentar seu ego, quer saber por que eu sei disso? Porque eu era esse garoto, não aprendeu nada com sua mãe? 

-Então você admite que é uma péssima pessoa e ainda chama minha mãe de burra? 

-Sua mãe não foi burra, eu que fui… sempre a amei, mas coloquei coisas a frente desse amor - sua voz soou com um tom de arrependimento 

-Não vou cometer esse erro pai, agora saia e nunca mais volte - fui em direção a porta e a abri gesticulando para que ele saísse -Você não merece ser chamado de pai, perdeu partes importantes na minha vida e será impossível recuperar isso, meus primeiros passos… minhas primeiras palavras… - fechei os olhos e fiz uma pausa ao lembrar do passado.

Parei de falar, meus olhos estavam marejando e minha voz trêmula demais pra continuar, apontei para fora. O homem atônito sem saber como reagir quis se explicar mais uma vez e forçou um abraço, eu o afastei e gritei para que saísse, bati a porta com força. Corri para meu quarto, Tyler veio atrás de mim, fiquei com vergonha do estado que eu tava e pedi para que fosse embora, ele insistiu em ficar, ouvi ele encostar na porta e escorregar devagar  até chegar no chão.

-Para Tyler, isso tá parecendo coisa daqueles filmes clichês e eu não tô no clima disso - respirei fundo - v á  e m b o r a!

Ouvi passos descerem os degraus e alguém passar pela porta da frente. Me derramei em lágrimas, sempre pensei que até lágrimas eram finitas, mas depois daquele dia mudei totalmente minha perspectiva. Alguns minutos depois minha mãe veio até meu quarto, eu a abracei forte e repeti diversas vezes a frase "Obrigado por não ter desistido de mim" eu era muito grata por minha mãe ter me colocado no mundo e não ter me jogado na adoção ou no lixo. Fomos até a cama e deitei no colo dela, adormeci em seus braços, mas quando acordei ela não estava lá.

Era manhã de aula, eu estava decidida e pronta para voltar a minha vida normal, aprontei-me para escola e desci para o café. Enquanto abastecia meu estômago falei com Léo por mensagem
Eu: Me sinto melhor, quer passar aqui hoje?

Léo: olhe pela janela

Fui até uma janela da cozinha e puxei a cortina, avistei Léo na frente de minha casa acenando para mim, balancei a cabeça de um lado para o outro e sorri, Leonardo era um amigo incrível. Peguei meu material e segui porta a fora.

Ao adentrar na escola, algumas pessoas me cumprimentaram, dessa vez de modo diferente, algo estava acontecendo naqueles corredores e eu nao sabia o que era, mas minha intuição dizia que eu estava prestes a descobrir.

Caminhei pelo corredor e consegui avistar algo no celular de um dos meus colegas, reconheci uma imagem parecida com minha casa, puxei o celular da mão do garoto e descobri porque todos estavam agindo diferente comigo.

Ele estava em uma rede social e nela havia uma página cujo o nome era "Lifestyles de L.P", nessa página tinha diversas fotos minhas e coisas sobre minha vida. Me senti violada e impotente diante daquilo. A foto mais recente era de algum momento da noite anterior enquanto discutia com meu pai na sala de casa, tinha uma legenda escrita "hoje nossa garota foi surpreendida por seu pai, a briga foi feia e com certeza ela está péssima"

Meu sangue começou a ferver e meu limite de paciência havia estourado, só havia uma pessoa no mundo que estava na minha casa nesse horário além de meus parentes, esse era Tyler Winters. Devolvi o celular do garoto e saí em passos largos a procura do capitão do time, eu estava furiosa e faria de tudo pra encontrar Tyler. 

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