Capítulo 13

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Caminhei até o parque tirando fotos por aí, eu sei que costumo fazer isso e alguém pode dizer que é loucura tirar foto das mesmas coisas sempre, é o mesmo caminho sim, mas nunca está igual, sempre há algo diferente ou novo, seja o céu ou uma poça no chão, até mesmo um caco de vidro transforma uma paisagem. Ao chegar no local procurei um banco vazio para ver o material que tinha conseguido, tudo estava bem até eu ser abordada por um cara ruivo e bem vestido, logo percebi que era o mesmo homem do shopping, fiquei assustada pelo fato de achar que ele estava me perseguindo, coincidência já é demais.

Ele começou puxando assunto e sentou do meu lado, quis sair de perto, mas não consegui deixar o cara falando sozinho, olhei para os lados checando o ambiente e tinha pessoas conhecidas ali caso algo acontecesse, acho que o homem percebeu minha inquietação, ele se apresentou e isso fez eu me sentir um pouco melhor.

-Não precisa ter medo de mim menina... olha só, eu me chamo Bernardo e trabalho na área de marketing de uma empresa - estendeu a mão direita para mim - eu só 'tô' aqui para fazer algumas perguntas, iremos abrir uma filial aqui perto e estou fazendo um estudo de mercado

-Me chamo Lucy - apertei sua mão - não vou prometer responder todas as perguntas, mas as que estiverem ao meu alcance

Ele abriu um bloco de notas e pegou uma caneta, que tinha seu nome gravado, do bolso da camisa, girou-a no sentido horário e uma ponta apareceu. Começou a me perguntar coisas como idade, se eu gostava de comprar acessórios, se eu costumava usar maquiagem e se eu morava perto dali. Respondi todas normalmente, porém na última exitei, o olhei assustada e ele explicou

-Não precisa falar onde mora, só perguntei pra saber se você mora por aqui pois a filial de nossa loja será nesse bairro e a pesquisa é justamente para conhecer nossos possíveis clientes

Eu não ia falar que morava à duas ruas do parque, seria muito ingênuo de minha parte, somente sorri ao entender a pergunta e fiz que sim com a cabeça. Depois disso o homem levantou-se e apertou minha mão novamente agradecendo por eu tê-lo ajudado, dei um espaço de tempo para ele se distanciar e eu ter certeza que ele não iria me seguir, o observei também para saber se conversaria com mais alguém. Ele parou algumas pessoas e nenhum momento olhou para mim, talvez estivesse falando a verdade sobre a tal loja.

Fui pra casa sempre observando se estava sendo seguida, talvez eu estivesse um pouco obcecada com aquilo tudo, não sou como a Jesse que acredita em destino ou coincidência, sou bem realista e talvez isso seja um problema. Cheguei bem em casa, subi para o quarto e guardei a câmera, me joguei na cama com o celular na mão, eu queria muito que tivesse mensagens, mas para minha infelicidade minha ilusão foi desfeita, não havia sequer SMS da operadora falando de promoção, meu celular só podia estar quebrado.

Desci as escadas chamando por minha mãe pela casa, ela estava na cozinha e segui até lá falando sobre meu celulat estar com problema, tive o pressentimento de ela não estar me ouvindo e escondendo alguma coisa pois novamente ela estava falando com alguém no telefone e desligou ao perceber que eu estava ali.

-Pode repetir filha, eu não escutei você - balançou a cabeça e franziu a testa como se quisesse expulsar qualquer que fosse o que se passava em sua mente

-Nada não mãe, só vim pegar algo pra comer - peguei uma maçã da fruteira e dei uma mordida

Deu de ombros e começou a folhear uma revista como sempre fazia quando queria disfarçar algo.

-Mãe... quem era no telefone? - perguntei como quem não desse muita importância e só queria puxar assunto

-Era só coisa do trabalho, nada demais - continuou folheando a revista

-Você acredita nessa coisa de destino? - me encarou surpresa com a pergunta inusitada

-Talvez... Não sei... por que isso agora? Aconteceu alguma coisa?

-Nada de tão interessante, mas eu estava no parque tirando fotos e encontrei aquele homem que esbarramos no shopping - sentei em um banco próximo a ela

No mesmo instante ao falar do homem minha mãe tirou os olhos da revista e os direcionou a mim.

-Ele falou com você? O que ele queria? - percebi em seu tom de voz que estava nervosa

Eu a encarei com um olhar confuso e expliquei o que tinha acontecido a ela e ao falar que tinha dito minha idade ao cara sua expressão rapidamente mudou, juntamente com seu tom de voz ao falar comigo, fui repreendida por ajudar um estranho no trabalho dele, aquilo não fazia sentido!

Mandou-me subir e fui para meu quarto indignada com tudo, deixei a porta aberta e me joguei na cama, olhei para o criado-mudo ao lado e avistei meu celular, estiquei o braço para pega-lo, mas exitei ao lembrar que não deveria ter mensagens de ninguém, me senti vazia e solitária ali por um instante até que ouvi o telefone da casa tocar, poderia ser Jesse ou Léo, já ia descer as escadas quando ouvi minha mãe atender.

Percebi então que o telefonema não era para mim e já estava voltando a ficar triste e voltar para o quarto quando ouvi minha mãe gritar enfurecida "O que você quer?" Com quem estava do outro lado da linha, meu espírito curioso despertou e me sentei na escada sem que minha mãe pudesse ver. Comecei a escutar a conversa e tentar descobrir do que se tratava e por que minha mãe estava tão brava ao falar.

Não ouvi muita coisa, era realmente ao particular e com certeza ela não queria que eu descobrisse, pois estava sussurrando praticamente. O máximo que consegui ouvir foi:
"...nos deixe em paz... isso já faz muito tempo... como você tem tanta certeza disso? ...Fique longe dela... Como chegou até aqui?..."

Minha mãe desligou o telefone na cara de quem quer que fosse, aquela conversa me assustou um pouco. Já estava levantando da escada quando escutei minha mãe discar outro número, voltei ao meu lugar pronta para escutar mais alguma coisa. Alguém do outro lado da linha atendeu e minha mãe começou a falar:
"Alô!? Clay? Sua mulher tá em casa? Preciso falar com ela... ah ela saiu, tudo bem... mais tarde ligo pra ela então... Seria uma ótima ideia! As meninas podiam conversar enquanto falo com sua mulher... certo até mais tarde"

Clay!? O único que conheço é o senhor Miller, pai de Jesse, não entendi o que minha mãe queria com os Miller mas algo me dizia que eu estava prestes a descobrir. Os passos de minha mãe estavam próximos a escada, levantei rápido e corri para o quarto tentando não fazer barulho. Quando ela se aproximou de mim eu estava em minha cama de costa para porta, ouvi o soar da voz de minha mãe e me sentei na cama para poder ver sua expressão

-Querida vim avisar que hoje a noite vamos jantar na casa dos Miller, sem discussão, vamos às sete - forçou um sorriso e não me deixou falar até que ela saísse

Destino InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora