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6.

Namjoon acordou com as roupas grudadas ao corpo molhado. Piscou algumas vezes no escuro, rolando na cama até perceber que não conseguiria ficar acordado. Debaixo do cobertor, o corpo inquieto ainda guardava os efeitos das sensações do sonho que o agitara. Mesmo se descobrindo, o calor se mantinha no seu corpo, então depois de alguns minutos encarando o teto, virou-se para o lado e viu que o relógio sobre a mesa de cabeceira marcava três da manhã.

Levantou-se, um pouco perturbado com tudo que ainda vibrava em seu corpo após o sonho.

Dessa vez, o cenário era semelhante ao dos sonhos anteriores. No laboratório onde havia visto o caixão na vida real, via-se diante do sarcófago. Primeiro o ataúde se abria, o corpo embalsamado perdia a proteção que o envolvia, o homem com aquele rosto bonito se revelava. Porém, dessa vez, Namjoon era capaz de ver todo seu corpo se revelando. Nu, o homem levantava-se de seu túmulo mostrando músculos definidos, também decorados com traços em vermelho, preto, branco. Livrava-se do tecido envelhecido e caminhava altivo na direção de Namjoon, apesar da estatura mediana. O peito e o abdômen eram lisos e as coxas grossas. Havia pelo concentrado apenas na região da virilha. E o que mais inquietava Namjoon é que não conseguia tirar os olhos, sentia desejo por aquele corpo, em especial pelo que via entre suas pernas. O medo e talvez a repulsa ainda estavam lá, mas não conseguia fugir daquele homem.

Apenas permanecia imóvel e o via se aproximando. Estava trêmulo, mas era incapaz de reagir. Os lábios cheios do outro iam se aproximando e a expectativa racional do Namjoon do sonho era fugir, mas o hálito fresco, o toque em seus braços, o calor do corpo faziam com que ficasse e recebesse o beijo que o mais baixo pedia com o olhar. Depois que os lábios se tocaram, uma outra sensação assustadora inundou todo o corpo de Namjoon: excitação.

Sucumbiu a ela e agarrou-se àquele homem que ia arrancando as suas roupas enquanto suas bocas se devoravam. Podia sentir sua ereção dentro das calças roçando contra o quadril do outro. Ele também estava duro e sentir aquilo o fazia ceder ainda mais e se deixar dominar. Não tinha ideia de porque fazia aquilo no sonho, mas não conseguia parar. Quando enfim o homem terminou de arrancar as roupas que vestia, ajoelhou-se entre as pernas de Namjoon e com um olhar doce engoliu-o. Namjoon nunca tinha sentido tanto prazer e não conseguia sequer fechar os olhos e parar de encarar aquela cena. Rapidamente, um orgasmo que enfraqueceu suas pernas surgiu tão intenso que Namjoon se viu se recostando na mesa atrás deles, deixando cair alguns objetos, com os quais nem se importava que tivessem ido ao chão.

Ofegava, reunindo forças para se levantar. Queria fazer o mesmo por aquele estranho, como se só o tendo dentro de sua boca pudesse se acalmar. Estava disposto a fazê-lo, mas foi impedido de se levantar com um gesto firme e carinhoso: uma carícia no peito com uma mão, enquanto a outra afastava suas pernas. Namjoon cedia sem muita resistência: queria aquilo, queria aquele homem inteiro dentro dele.

Sentiu-se sendo penetrado lentamente. As pernas ainda trêmulas do orgasmo anterior se sacudiam com o poder daquela nova sensação. Olhou nos olhos do outro, que deixava escapar dos lábios entreabertos sons tão delicados, como se estivesse sentindo tanto prazer quando ele. Seus movimentos eram fortes, graciosos de se ver, mas determinados e os olhos dele não deixavam os de Namjoon em nenhum momento. Aquela troca de olhares o fez sentir algo avassalador em seu peito, como se um furacão tivesse corrido por dentro dele trazendo uma paz desordeira. Tudo parecia no lugar certo quando gozou outra vez com um gemido alto. Com alguns movimentos a mais, o estranho fez o mesmo e subiu sobre o corpo de Namjoon, deitado sobre a mesa. Ajoelhou-se próximo ao rosto de Namjoon, que sabia bem o que fazer: engolir aquele sabor doce que tomava sua boca.

Depois de abrir um sorriso suave, o desconhecido se deitou sobre ele, apoiando a cabeça em seu peito. Murmurou algo em uma língua desconhecida, cheia de estalos e sons plosivos graves. Os ouvidos de Namjoon não entendiam, mas sua mente de algum modo compreendia a frase. "Enfim nos reencontramos, meu amor". Fechou os olhos, relaxado, a voz que parecia uma música ainda ecoando em seus ouvidos. Sentia a mesma paz que o outro aparentava em encontrá-lo. Ou reencontrá-lo?

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