Língua dos Sonhos

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8.

O que, de fato, o surpreendeu foi o que aconteceu ao acordar. Ainda tinha tudo tão nítido em sua mente, a ponto de ter seu corpo ainda reagindo. Se fechava os olhos, lembrava da imagem com precisão de detalhes, e mais do que das imagens, guardava na memória os cheiros, o sabor e cada toque... Devia tomar um banho frio, certamente ia ajudar, mas... o corpo daquele homem era tão quente contra o seu, não era?

Apoiou-se na pia, segurando em uma das mãos sua ereção. Movia os dedos com os olhos fechados, imaginando a boca em que havia se metido em sonho, relembrando o toque do corpo e os sons dos gemidos dele. Chegou a se arrepiar lembrando como era a sensação de ser penetrado por aquele homem desconhecido. Ele nunca tinha feito aquilo na vida real mas a sensação era tão boa... cogitou simular a penetração mas antes disso sentiu um orgasmo se antecipando. Continuou movendo sua mão com mais velocidade e gozou, mas se sentiu imediatamente frustrado. Não era tão intenso quanto os orgasmos do sonho. Era só uma resposta mecânica do corpo, não tinha aquele sentimento... - como é que ele podia descrever?

Metafísico. Ele tinha sentido algo que ia além muito além das sensações do corpo.

Gritou, agarrando as cortinas do banheiro, chegando a arrancar algumas argolas da barra na qual o tecido plástico se prendia. Entrando enfim debaixo do chuveiro, permaneceu um longo tempo embaixo da água fria. Ela não conseguia lavar seu desejo, remover de sua mente aquelas imagens, apagar de si a frustração ou levar embora o desespero que veio ao sentir tanto. Aqueles sentimentos e sensações eram avassaladores demais.