treze

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Eis o que realmente aconteceu:

Cas agiu pelas costas de Lenn - mas isso já era óbvio.

Alina sabia que isso aconteceria e estava preparada para impedir, só não preparada o suficiente para agir com naturalidade quando o garoto lhe contou seu plano e fez com que os dois descessem para a prisão com o intuito de tirar Kai de lá.

A garota precisou derrubar os cinco guardas que estavam ali na frente - fazendo isso com uma facilidade que ela escolheu ignorar, por enquanto, junto com a sensação desagradável que sentiu ao usar seus poderes da mesma forma que sua mãe sempre usou nela.

Torcia para que a mãe não estivesse no casamento, mas sim bem longe do castelo.

Bem longe de Alina.

Anya puxou o cabelo de Alina e seus pensamentos se desfizeram em um segundo. A pixie estava em seu ombro, encharcada e sem poder voar – provavelmente agradecendo mentalmente por ter recebido a marca da Água temporadas antes - mas parecia mais centrada que a garota.

Alina correu para dentro da prisão pensando sobre como era perigoso correr com uma espada nas costas – mesmo que embainhada –, ignorou todas as súplicas por ajuda e comida e seja lá o que prisioneiros pediam – alguns usavam um idioma que ela sequer compreendia – e só parou quando chegou em frente à Kai.

Ele pareceu surpreso ao vê-la.

- O que está fazendo aqui?

Ela apenas sorriu. Não diria as palavras em voz alta.

- Vou te curar, prometo que será útil.

Estendeu as mãos para tocar no garoto e ele não hesitou antes de tocá-la de volta.

Ele não estava necessariamente machucado, ela percebeu. Eikko, ao que tudo indica, tem coisas mais importantes para se preocupar no momento do que o prisioneiro que se recusa a cooperar. Ao invés disso, ele estava apenas fraco. Provavelmente muito tempo sem comer e se movimentar o deixaram nesse estado.

Então Alina simplesmente lhe deu uma parte de sua energia. Algo para permitir que ele tivesse a oportunidade de lutar, caso fosse necessário.

Era estranha a sensação de curar logo depois de ter usado os mesmos poderes para machucar, mas estaria mentindo se dissesse que não foi reconfortante.

- Qual é o plano? – ele sussurrou.

- Eis a questão.

- O que quer dizer? Não tem plano?

- Até temos, mas se quiser que eu seja sincera ele é bem ruim.

- Alina?

- Fale.

- Me diz que você não está me guiando pra morte certa nas mãos de uma certa princesa.

- Prometo que se você morrer hoje não será pelas mãos dela.

Alguns segundos de silencio.

- Isso provavelmente não foi tão reconfortante quanto você acha que foi.

- Será?

Mas ele estava sorrindo, visivelmente alegre por finalmente sair do isolamento. Ele abriu a boca, provavelmente para soltar algum comentário recheado de ironia, quando o som de passos acelerados preencheu o lugar. As súplicas dos prisioneiros ficaram mais e mais altas e, por um momento, Alina pensou que pudesse estar encrencada, mas foi Cas quem emergiu da escuridão, segurando uma vestimenta roxa, exatamente igual a que estava usando, que estendeu na direção de Kai.

- Vista isso.

O garoto não escondeu o desgosto pela cor, mas também não hesitou antes de vestir. Alina virou de costas, tentando dar a ele o máximo de privacidade possível e quando ele finalmente estava pronto ela ficou contente ao constatar que ele realmente poderia se passar por um guarda.

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