quatro

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Depois de horas sentada em Prim, Lenn chegou à conclusão de que estava entediada. Já havia atingido a sua cota de conversa com Cas e agora não aguentava mais falar com ele, então os dois estavam em silêncio - o que era raro e ela sabia que era exatamente o que estava fazendo o garoto se agitar. Ela tinha, em alguns momentos, conversado também com as gêmeas, Sallia e Lloia, e Maseo, um dos guardiões a quem Eikko mais confia. Algumas piadas eram soltas de vez em quando, e foram feitas pausas rápidas para descanso tanto dos cavalos quanto dos próprios guardiões.

Quando ultrapassaram as fronteiras de Ardhi, Lenn sequer conseguia acreditar na quantidade de árvores e plantas que estava vendo. Em Oseaan existiam apenas algumas espécies específicas, mas aqui a diversidade era quase desconcertante. Ficou admirada ao ver as flores, de todos os tipos e todas as cores, mesmo em Arian não era possível encontrar tamanha variedade. Flamma não é nem preciso falar, qualquer árvore dessas que tentasse crescer por lá seria destruída em pouco tempo, talvez até entrassem em algum tipo de combustão.

Lenn estava maravilhada - até se lembrar de que toda aquela beleza poderia facilmente ser usada contra ela, caso Kael resolvesse aparecer. Assim como ela conseguia tirar suas forças da Água e controlá-la como quisesse, Kael podia fazer o mesmo com todas aquelas árvores.

Por esse motivo, passou o resto do caminho tentando conter a tensão. Pensando em como poderia revidar, caso Kael saltasse de cima de uma das altas árvores e os atacasse.

O que faria se estivesse presa entre os galhos de uma dessas plantas? E se as raízes a prendessem no chão? Só o pensamento já lhe deu calafrios.

O dia já estava escurecendo novamente quando se aproximaram do local onde estaria o acampamento.

Lenn desceu de Prim, para dá-la um momento para relaxar, e pediu que um guarda a vigiasse, apesar de saber que a égua não iria a lugar algum. Fez sinal para que uma parte do grupo fizesse o mesmo, começando a caminhar em silêncio, sempre usando a vegetação para se manter escondida. Olhou para trás e viu que todos fizeram o mesmo. Precisou conter a agitação. Haviam feito uma pausa algumas horas antes, para garantir que não ficariam mais tempo do que o necessário.

Acontece que estava parada onde o acampamento deveria estar e não havia nada.

Nada além de árvores e arbustos e flores e frutas. A menina ficou parada encarando a cena por alguns segundos, levando um susto quando Cas parou ao seu lado.

- Não tem nada aqui, Lee. – o sussurro dele constatando o óbvio demonstrava a mesma confusão que ela sentia.

Lenn desembainhou Corte das Ondas e olhou com seriedade para os guardiões.

- Chamem os outros. Quero todos circulando o local, eles não devem estar muito longe.

Quando todos se moveram para fazer o que ela havia mandado ela agradeceu à Darya por ter conseguido usar uma convicção que ela não sentia de fato.

Cas olhou em seus olhos e, sem que ele dissesse uma palavra sequer, ela sabia que ele pensava o mesmo que ela.

Algo estava errado.

Cas se afastou, sem se permitir sair do campo de visão de Lenn, ou talvez, sem permitir que Lenn saísse de seu campo de visão, o que era mais provável, mas Lenn não se moveu. Tinha quase certeza de que haviam sido enganados, mas não queria admitir. Seria um fracasso embaraçoso se sua primeira missão terminasse dessa forma.

O que fariam? Dariam como problema resolvido e voltariam para casa? Ou o problema nunca nem existiu e se deslocaram à toa? Será que Eikko sabia que não era nada e só por isso permitiu que ela viesse? Ou então-

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