Capítulo 17

152 15 5
                                    

Por conta de ser o aniversário de Billie e já tínhamos algo combinado, achei melhor pedir para Jimmy ligar mais tarde. Ele, sempre muito compreensível aceitou.
Bill me levou até a cozinha nas costas, está muito animado e estou até estranhando ele dessa forma, pois há muito tempo não o via assim.
- Posso pedir uma coisa? -- Bill perguntou com uma voz bobinha enquanto eu misturava os ingredientes dentro do recipiente.
- Claro, é seu aniversário! Pode pedir o que quiser.
- Faz aquele bolo que você fazia quando morava aqui? -- Ele parecia tímido com o pedido.
- Ainda lembra dele? -- Fiquei surpresa.
- Claro! Era incrivelmente gostoso! E era a única coisa que você sabia fazer naquela época. Mas de alguma forma, ficava delicioso! -- Ele não perdia uma oportunidade em me alfinetar.
- Hoje você vai me massacrar sabendo que não posso fazer nada por ser seu aniversário. -- O fitei.
- Talvez... -- Ele levantou e me abraçou por trás deixando nossos rostos colados enquanto eu fazia o bolo.
- É estranho eu estar gostando de passar esse tempo com você? -- Perguntei brincando.
- Muito estranho, eu diria. Afinal, precisamos continuar sustentando esse ódio que temos um do outro, não é mesmo? -- Ele fingia estar bravo me fazendo rir.

- ♫Parabéns pra você, nesta data querida. Muitas felicidades, muitos anos de vida! ♫ -- Cantei para Bill enquanto ele me observava com um sorriso tímido no rosto. - Faz um pedido para poder apagar as velinhas, Billie. -- Então ele fechou os olhos, respirou fundo e as assoprou. O abracei forte por alguns minutos.
- Obrigado por não deixar passar em branco esse dia. -- Bill sussurrou.
- Feliz aniversário, Billie.
- Quero fazer coisas divertidas hoje...
- A noite já não foi divertida o suficiente? -- Mordi o lábio.
- Oh, não estou falando disso. -- Ele riu. - Estou falando em nos divertir de verdade.
- Então não foi divertido de verdade nossa noite? -- Perguntei brincando apenas para deixá-lo sem graça.
- Boo, para! Você está entendendo. -- Ele bufou.
- O que quer fazer?
- Na verdade, quero refazer!
- Como assim? -- Não estava entendendo nada.
- Quero que refaça a tatuagem em mim!
- Não! Você não precisa fazer isso. Esquece, foi coisa de criança. -- Falei.
- Foi importante para mim e apaguei por puro orgulho. Quero tê-la novamente em minha pele. Por favor, faça!
- Tem certeza?
- Nunca tive tanta! -- Ele me encarou sorrindo. E que sorriso.
Bill buscou a máquina que havia guardado desde aquela época e tirou a camisa para que eu pudesse refazer a desenho em seu braço. Ele deitou e liguei a máquina sentando ao seu lado.
- Você tem mesmo certeza? Nem sei se isso funciona ainda, faz muitos anos! -- Falei rindo.
- Vai logo com isso, antes que eu me arrependa. -- Ele parecia estar com medo. - Porra, eu não lembrava que isso doía tanto! -- Bill mordia o lábio tentando aguentar a dor.

Quando terminei, Bill foi até o espelho olhar, fiquei observando sua reação. Ele parecia satisfeito, feliz.
- Gostou? -- Perguntei o abraçando.
- Muito! -- Ele me puxou para um beijo. - Mas você sabe que a fez virada, não é? -- Ele cortou o beijo rindo muito. - Mas tudo bem, vou tomar um banho e volto logo para vermos um filme, pode ser?
- Claro! Vou escolhendo. -- Quando percebi que Bill havia ligado o chuveiro, peguei o celular rápido e disquei para James.
- Oi amor, tudo bem? -- Tentei disfarçar a voz trêmula.
"Oi vida, estou bem e você? Como está o clima aí depois de tudo?" -- Jimmy perguntou atencioso como sempre.
- Estamos bem, está tudo certo amor. -- Eu não podia ousar em falar para ele que estou presa em casa com Bill sabe lá Deus até quando. Jimmy ia surtar e querer vir me buscar.
"Que bom. E o Bill não está incomodando muito você? "
- Na verdade não, amor. Ele não mora mais aqui, então é difícil ele estar na casa. Acho que vi ele só na igreja aquele dia. -- Menti. Como eu odiava fazer isso, mas não teria como falar a verdade sem estar frente a frente com Jimmy.
"Que bom! Eu estava preocupado com você."
- Fica tranquilo, amor. Está tudo bem! -- Falei com a voz embargada. A culpa me consumia.
"Tenho novidades, acho que vai gostar!"
- Oba! Sobre o que amor? -- Sequei com as costas da mão uma lágrima que insistiu em cair. 
"Então, sei que combinamos de fazer isso juntos, mas como recebi um e-mail deles pedindo urgência, tomei a liberdade em fazer isso sozinho..."
- Quanto suspense, amor. Fala logo!
"Marquei a data do nosso casamento na igreja super concorrida que queríamos!"

Um De Nós Está MentindoOnde histórias criam vida. Descubra agora