Capítulo 5

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Não que estar em frente a um túmulo fosse desequilibrar a postura estável e durona que Bill Skarsgård mantinha em qualquer situação, mas dessa vez era diferente. Porque quem estava ali era seu irmão mais novo, Fredrik. No momento que o caixão luxuoso descia lentamente a 7 palmos, Bill chorava, mas silenciosamente. Suas lágrimas lavavam seu rosto, mas ele não esboçava sentimentos. Por que ele era assim? Por que esconder tanto o que está sentindo? Qual o problema em mostrar sua fragilidade em um momento em que todos estamos compartilhando da mesma dor?
Enfim Fredrik havia sido enterrado, todos se foram, pois a neve insistia em cair forte, mas apenas eu e Bill ficamos até o último segundo. Estávamos um de cada lado do monte de terra que foi juntado em cima do lar eterno de Fredrik, nossos olhares tristes se encontraram e juntos jogamos nossas rosas vermelhas sobre o túmulo. Bill fungou e secou as lágrimas.
- Vamos, está muito frio aqui. -- Ele falou se virando e indo sem nem ao menos me esperar. Eu sou muito burra em estar sempre com a esperança de que Bill pode ser uma pessoa melhor.

O caminho até em casa foi bem perigoso, pois a neve havia coberto as estradas e o carro muitas vezes derrapava.
Quando chegamos em casa os irmãos de Bill já haviam ido embora com suas famílias e sobrou apenas nós 5. Bill não morava mais aqui, tinha um apartamento muito lindo por sinal no centro, mas está passando esses dias aqui com mamãe e John. Apesar de ele ser um escroto comigo, sempre foi um filho excelente para John e minha mãe. Terminou a faculdade e a poucos meses concluiu seu doutorado em Economia. Com 29 anos, Bill já fez seu primeiro milhão trabalhando em uma das empresas de John. Ele estava noivo, mas terminaram a pouco menos de um ano, fiquei sabendo que ela foi estudar em outro país e ficaria inviável o relacionamento deles. Na verdade, Bill tem todos os motivos para ser nojento, prepotente e egoísta, afinal é rico, estudado e lindo. Odeio admitir isso, mas acho ele lindo sim, principalmente quando ele finge não se importar com minhas provocações. Enfim, também estudei, fiz duas faculdades e estou fazendo meu doutorado agora, ainda não fiz meu primeiro milhão, mas estou quase lá, vou casar e tenho uma vida incrível! Mas nem por isso sou insuportável como Bill. Acho que ele podia pegar um pouco mais leve nessa questão.
- Hey, Lyn. -- Nick abriu a porta do meu quarto me tirando dos meus pensamentos.
- Oi Nick.
- Eu e Billie vamos sair. Vamos junto? -- Nick perguntou.
- Sair? Mas o polo norte todo resolveu cair sobre nossas cabeças hoje, não tem nem como dirigir de tanta neve que está caindo... Onde vocês querem ir?
- Uma balada, eu acho.
- Balada? O que? Como assim, Nicholas? Acabamos de enterrar Fredrik! -- Sentei na cama abismada.
- Se eu ficar mais um minuto nessa casa, vou enlouquecer! Vai vir ou não? -- Bill colocou a cabeça pra dentro do quarto pelo cantinho da porta.
- Hey, estou de pijama! -- O adverti me cobrindo rápido.
- Fala sério, Ailyn. Quer que eu conte quantas vezes se jogou só de lingerie na piscina aqui de casa bêbada? -- Bill falou alto no corredor irônico. Como poder ser tão infantil?
- Como eu odeio o Bill, Nicholas! Eu te odeio, ouviu? -- Gritei.
- Amo você também, irmãzinha! -- Ele gritou lá de baixo.
- Meu Deus, parem! Vamos logo, Ailyn. Te espero lá embaixo. -- Nick fechou a porta do quarto. Fiquei na dúvida se ia ou não, afinal Fred acabou de ser enterrado. Eu sei que ele não sabe de mais nada do que acontece aqui em cima, mas sei lá, me sinto estranha em sair para uma festa depois disso.
- Filha, está acordada? -- Minha mãe bateu na porta.
- Claro, entra!
- Só para te avisar que eu e John iremos dormir fora hoje. Seria bom para mudarmos os ares... -- Ela falou já saindo.
Bom, se nem minha mãe e o pai do falecido vão ficar em casa, o que resta para mim? Partiu balada com o insuportável!

 Bom, se nem minha mãe e o pai do falecido vão ficar em casa, o que resta para mim? Partiu balada com o insuportável!

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