Não que estar em frente a um túmulo fosse desequilibrar a postura estável e durona que Bill Skarsgård mantinha em qualquer situação, mas dessa vez era diferente. Porque quem estava ali era seu irmão mais novo. A morte repentina e prematura de Fredri...
Por incrível que pareça, Billie tem sido menos escroto comigo desde que torci o pé. Não sei se é por pena ou de alguma forma cresceu um coração dentro daquele peito. Ontem ele cuidou de mim, cozinhou, me ajudou a entrar e sair do banho e me colocou para dormir. Fiquei surpresa com tamanha bondade de um ser tão ignorante igual Bill. - Bom dia, acordada já? -- Ele abriu a porta do quarto. - Bom dia. -- Falei. - Como está se sentindo hoje? O pé está melhor? -- Ele sentou-se na beira da cama. - Estou bem, com dor, mas bem. -- Levantei a coberta para ver meu pé. - Está bem inchado. -- Bill colocou a mão sobre ele. Realmente estava inchado e arroxeado por conta da torção. Depois de um tempo descoberta me toquei que estava apenas de blusa e calcinha e Bill tentava não me olhar. - Tudo bem, não tem nada aqui que você já não tenha visto. -- Sorri fraco me cobrindo novamente. - Vou descer e preparar o café da manhã. Vem, vou levar você até o banheiro. -- Ele fez menção em me pegar no colo. - Não, tudo bem. Eu consigo ir pulando até o banheiro. Não se preocupa. - Mesmo? Tenho medo de você cair e se machucar mais. - Tudo bem, eu vou devagar. Meu outro pé ainda funciona. -- Dei uma risadinha sem graça. - Certo, grita se cair. -- Bill falou saindo do quarto.
As horas passavam e o tédio já havia se instalado naquela casa. A neve não parou em nenhum minuto e cada vez cobria mais a casa e minhas esperanças de sair dali logo. - Queria pizza com cerveja. -- Falei me espreguiçando no sofá. - Temos cerveja e salgadinhos. -- Ele falou pausando o filme que víamos. - Não, acho que prefiro vinho. -- Mudei de ideia. - Ok, vou ver o que o pai tem na adega e já trago. - Tá bom. -- Bill se levantou e foi atrás das coisas. Peguei o controle da tv e comecei a mudar de canal, procurando algo mais interessante do que Supernatural. Eu odeio essa série! Acabei desistindo e preferi conectar meu celular na Alexia e ouvir música. - Se eu não soubesse que nós dois nos odiamos eu diria que você está tentando criar um climinha mais intimido eu diria. -- Bill era sarcástico, colocou a tábua de frios e as taças em cima da enorme mesa de centro que havia na sala. - Você é irresistível, não poderia perder a oportunidade. -- Ironizei. - Sou mesmo! -- Ele ria. - Não fode, Bill. -- Bufei. - Ok. Vamos beber e falar verdades novamente? - Como assim Novamente? -- Perguntei tomando vinho. - Que bom que não se lembra de nada depois da festa... -- Ele me encarava. Eu sei que devo ter super me oferecido para ele naquela noite. - Lembro bem da nossa dança na festa. Da letra daquela música, da sua mão na minha bunda. - Só lembra das coisas mais interessantes, Lyn. - Das que mais me arrependo, eu diria. -- Pisquei. Eu e Bill nos comunicávamos na base da ironia e sarcasmo quase o tempo todo. - Não fala assim... Tenho certeza que se tivesse mais uma oportunidade não deixaria ela escapar. -- Ele provocava. - Qual parte de que sou noiva você ainda não entendeu, Bill? - Vou fingir que acredito que isso seja o motivo que você e eu ainda não nos pegamos intensamente por essa casa inteira e não por que você é orgulhosa. -- Ele jogou sem dó. - Vamos jogar um jogo? -- Ele sugeriu. - Jogo? Não sei se confio em você para isso. Lembra que até no xadrez você me roubava? - Para. Está com medo? -- Ele riu. - Ok Billie. Você que manda, o que quer jogar? -- Dei o braço a torcer. - Vamos de verdade ou consequência... -- Quase me engasguei quando ele soltou aquela. Gargalhei. - Sério Bill? - Relaxa, só estou interessado nas Verdades... Mas Consequências também seriam bem interessantes...-- Ele disse virando toda a sua taça de vinho. Fudeu!
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