Capítulo 14

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Por incrível que pareça, Billie tem sido menos escroto comigo desde que torci o pé. Não sei se é por pena ou de alguma forma cresceu um coração dentro daquele peito. Ontem ele cuidou de mim, cozinhou, me ajudou a entrar e sair do banho e me colocou para dormir. Fiquei surpresa com tamanha bondade de um ser tão ignorante igual Bill.
- Bom dia, acordada já? -- Ele abriu a porta do quarto.
- Bom dia. -- Falei.
- Como está se sentindo hoje? O pé está melhor? -- Ele sentou-se na beira da cama.
- Estou bem, com dor, mas bem. -- Levantei a coberta para ver meu pé.
- Está bem inchado. -- Bill colocou a mão sobre ele. Realmente estava inchado e arroxeado por conta da torção. Depois de um tempo descoberta me toquei que estava apenas de blusa e calcinha e Bill tentava não me olhar.
- Tudo bem, não tem nada aqui que você já não tenha visto. -- Sorri fraco me cobrindo novamente.
- Vou descer e preparar o café da manhã. Vem, vou levar você até o banheiro. -- Ele fez menção em me pegar no colo.
- Não, tudo bem. Eu consigo ir pulando até o banheiro. Não se preocupa.
- Mesmo? Tenho medo de você cair e se machucar mais.
- Tudo bem, eu vou devagar. Meu outro pé ainda funciona. -- Dei uma risadinha sem graça.
- Certo, grita se cair. -- Bill falou saindo do quarto.

As horas passavam e o tédio já havia se instalado naquela casa. A neve não parou em nenhum minuto e cada vez cobria mais a casa e minhas esperanças de sair dali logo.
- Queria pizza com cerveja. -- Falei me espreguiçando no sofá.
- Temos cerveja e salgadinhos. -- Ele falou pausando o filme que víamos.
- Não, acho que prefiro vinho. -- Mudei de ideia.
- Ok, vou ver o que o pai tem na adega e já trago.
- Tá bom. -- Bill se levantou e foi atrás das coisas. Peguei o controle da tv e comecei a mudar de canal, procurando algo mais interessante do que Supernatural. Eu odeio essa série!
Acabei desistindo e preferi conectar meu celular na Alexia e ouvir música.
- Se eu não soubesse que nós dois nos odiamos eu diria que você está tentando criar um climinha mais intimido eu diria. -- Bill era sarcástico, colocou a tábua de frios e as taças em cima da enorme mesa de centro que havia na sala.
- Você é irresistível, não poderia perder a oportunidade. -- Ironizei.
- Sou mesmo! -- Ele ria.
- Não fode, Bill. -- Bufei.
- Ok. Vamos beber e falar verdades novamente?
- Como assim Novamente? -- Perguntei tomando vinho.
- Que bom que não se lembra de nada depois da festa... -- Ele me encarava. Eu sei que devo ter super me oferecido para ele naquela noite.
- Lembro bem da nossa dança na festa. Da letra daquela música, da sua mão na minha bunda.
- Só lembra das coisas mais interessantes, Lyn.
- Das que mais me arrependo, eu diria. -- Pisquei. Eu e Bill nos comunicávamos na base da ironia e sarcasmo quase o tempo todo.
- Não fala assim... Tenho certeza que se tivesse mais uma oportunidade não deixaria ela escapar. -- Ele provocava.
- Qual parte de que sou noiva você ainda não entendeu, Bill?
- Vou fingir que acredito que isso seja o motivo que você e eu ainda não nos pegamos intensamente por essa casa inteira e não por que você é orgulhosa. -- Ele jogou sem dó. - Vamos jogar um jogo? -- Ele sugeriu.
- Jogo? Não sei se confio em você para isso. Lembra que até no xadrez você me roubava?
- Para. Está com medo? -- Ele riu.
- Ok Billie. Você que manda, o que quer jogar? -- Dei o braço a torcer.
- Vamos de verdade ou consequência... -- Quase me engasguei quando ele soltou aquela. Gargalhei.
- Sério Bill?
- Relaxa, só estou interessado nas Verdades... Mas Consequências também seriam bem interessantes...-- Ele disse virando toda a sua taça de vinho. Fudeu!

 Fudeu!

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