𝕸𝖔𝖗𝖙𝖊 𝖆𝖘 𝖇𝖗𝖚𝖝𝖆𝖘

177 19 3
                                    

𝕬𝖑𝖌𝖚𝖒 𝖑𝖚𝖌𝖆𝖗 𝖉𝖆 𝕰𝖘𝖕𝖆𝖓𝖍𝖆, 1670.

Um pequeno e pacato vilarejo da Espanha, regido por valores católicos conservadores, como esperado para uma pequena vila no interior da Espanha no século XVII, vivia em paz, até a chegada da família Scherer, que colocaria a pacata rotina da vila de cabeça para baixo.

-Ei, Carmem, viu que chegaram novas pessoas em nossa vila?

-Vi sim, Anita. Vamos dar boas vindas à eles.

As duas amigas bateram na porta da casa de pedra recém construída e foram atendidas por duas moças loiras de olhos claros. Evelyn e Anelise, filhas de Magda e Aaron Scherer. Alemães imigrantes que tinham acabado de chegar à Espanha.

-Olá, pois não? - Disse Evelyn, a irmã mais moça, com um sotaque alemão bastante carregado.

-Olá, somos Anita e Carmem López. Sejam bem vindas, vocês e sua família a nossa vila.

-Muito obrigada! - Respondeu Anelise, sorrindo timidamente.

-Vocês não querem ir à missa conosco no domingo? - Carmem perguntou animada

-Ah, adoraríamos. Mas somos protestantes, da igreja luterana. - Respondeu Anelise, meio sem graça.

-Ah, entendemos mas... -Anita foi interrompida por uma voz masculina cortante.

-Evelyn, Anelise! Quem é? -Era o senhor Aaron, um homem barbudo e carrancudo, que devia ter por volta dos seus 60 anos. -Quem são essas?

-Olá, senhor Scherer, viemos dar boas vindas e chamá-las para ir à missa conosco no domingo, mas pelo visto, vocês não são católicos.

O velho fechou a cara e disse:

-É, não somos católicos. Anelise, Evelyn, pra dentro! Agora!

As moças entraram para a casa, fechando a porta na cara das duas outras moças, deixando-as com cara de tacho e constrangidas.

-Que gente esquisita! -Disse Carmem franzindo a sobrancelha e com as mãos na cintura.

-Esquece Anita, protestantes não se dão com católicos.

No dia seguinte, Anita e Carmem foram à pequena feira da cidade. Estavam conversando, até serem interrompidas por uma voz familiar:

-Carmem, Anita! Ei! - Era a voz de Anelise.

-Ah, oi! - Respondeu Carmem, sorridente como sempre.

-Nos desculpem pelo meu pai ontem. Ele não suporta católicos, é um protestante beato, assim como minha mãe. Mas eu e minha irmã não somos assim, fazemos amizade com todos. - Continou a irmã mais velha.

-Não, tudo bem, de verdade... Bom... Eu e a minha amiga precisamos voltar para casa. - Afirmou Anita.

-Ai! - Carmem gritou em tom de incômodo

-Que foi? - Anita perguntou, preocupada.

-Bati o dedinho do pé na pedra! Que ódio! Agora meu dedo está sangrando, que maravilha!

-Ei, espera! Eu tenho uma pomada de ervas que vai ajudar a cicatrizar. Vamos até nossa casa. - Disse Evelyn

-Tudo bem...- Disse Carmem meio desconfiada.

Chegando lá, Anelise e Evelyn levaram Anita e Carmem até um galpão atrás de sua casa Lá haviam ervas em conserva em vidrinhos, algumas velas e coisas do gênero. As irmãs López ficaram um pouco assustadas, mas entraram assim mesmo.

-Ei Carmem, aqui está a pomada, seque o ferimento e aplique até curar e... Ei Shelby! Desça daí agora! - Ralhou Evelyn com um gatinho preto e bastante peludo - vem cá rapaz, agora. - Disse a menina segurando o bichinho no colo.

||Sweet Nightmares||Onde histórias criam vida. Descubra agora