Possessão (Parte 1)

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.(...). Horas antes...

Depois de toda a verificação de saúde de Thomas, dos guardas garantirem a segurança do palácio e o interrogatório do último sequestrador (que faleceu no processo), o mestre finalmente conseguiu levar seu amigo a uma sala mais privada.


Todos já tinham determinado o motivo do ataque, a maldição que estava na nuca dos soldados, ela possivelmente foi posta por um caçador já que aqueles guardas tinham contato com os caçadores capturados na última missão.


Isso era o que os outros podiam saber, porém tanto Thomas quanto o Arion sabiam que não foi aquilo, óbvio que a marca foi o motivo, entretanto não era toda a verdade.


Foi um ataque feito por um dos adeptos ao Grusel, possivelmente o mesmo traidor que ambos desconfiavam, porém não tinham provas para culpar.


Thomas abriu a porta da sala agoniado, ainda com sua máscara de rei, o Mestre seguia logo atrás com seus dois soldados leais.


Assim que a porta se fechou o rei correu para uma almofada que tinha naquele local, uma das várias salas de estar com estantes e esculturas e a colocou no rosto, abafando um grito.

- Eu quase morri...- Ele finalmente soltou para o alto, depois de gritar.

Thomas tremia, ele tinha que parecer firme, porém não dava, não sempre...
O mestre se aproximou, não estava formal, ele puxou o rei, a altura dos dois era próxima, só Arion que era levemente mais alto.

- Não deixaria você morrer - O Mestre disse com a voz embargada - Você é meu melhor e único amigo...

- Não fale assim se não eu choro - O Thomas disse rindo levemente.

- Eu paro somente se eu estiver mentindo - O Arion abraçou mais forte - Ești prietenul meu complet. (você é meu tudo amigo)

Ouvir o amigo usar o velho dialeto fez o rei se acalmar.

- Pentru totdeauna împreună războinic (Para sempre juntos guerreiro) - O rei retribuiu se afastando do abraço e encarando o mestre.

- Pentru totdeauna regele meu (Para sempre meu rei) - O Mestre deu uma risadinha, o juramento infantil e secreto deles.

No fim acabou com ambos se encarando sorrindo, apesar de tudo, nada nunca mudou, e Thomas amava esse fato, mesmo crescendo e mudando, ambos continuam os mesmos pirralhos aventureiros.


Nisso, revivendo lembranças antigas dos dois, eles ficaram lá conversando, cada um deitado em um sofá, ambos querendo diminuir o medo e a tensão.


Passaram muitos minutos rindo e conversando, óbvio que falariam sobre o ocorrido da noite, porém em um momento que ambos não pudessem ser só amigos, lá eles aproveitaram a liberdade dos olhos curiosos.


Os guardas do mestre garantiram que a porta não fosse aberta por ninguém, porém não impediu que ela fosse arrombada por um dragãozinho.


No susto o rei se sentou e o Mestre ficou de pé pronto para lutar.


Era um dragão pequeno branquinho, ele parecia muito assustado, principalmente com todos armados e apontando para ele.


O rei riu se deitando novamente e encarando o amigo.

- Esse é com você Mestre Bestial - O tom foi brincalhão.

O dragão correu até o mestre, enrolando sua calda comprida na perna dele e o puxando desesperadamente.

- É um filhote - O Mestre respondeu à pergunta silenciosa do rei.

- Alguém aqui virou babá - O rei riu mais alto

- Tem algo muito errado - O Mestre ficou sério e seguiu para fora com o filhote - Fiquem com ele.

A ordem foi para os soldados que ainda se encontravam na porta paralisados, Thomas se sentou de novo.

- Como assim?

O Mestre não ouviu, já tinha saído, deixando o rei na curiosidade, Thomas bufou e deitou novamente com as mãos na cabeça.


Passaram poucos minutos, a exaustão já batia forte em Thomas até ele ouvir um berro, aquele monstruoso grito.

- Grusel - Sua mente gritou de volta.

Com seu anel brilhando ele se sentou, na exata hora em que o mestre entrava com a guerreira nos braços.


A menina gritava e lutava, insana e dominada, seus olhos estavam com um brilho estranho.

- Ela foi marcada - O Mestre disse com dificuldade - Me ajuda.

O Arion lutava para manter a menina parada, o rei correu até um canto da sala onde havia uma mesa encostada, de lá tirou uma cadeira e colocou no meio da sala.

- Coloque-a aqui - Ele mandou - Vocês dois vão para fora, não deixem ninguém entrar.

Todos obedeceram, quando os soldados saíram Arion carregou Blya até a cadeira com dificuldade, tanta que a mesma até se soltou, Thomas quem a dominou e prendeu na cadeira, isso custou a ele uma mordida dada pela garota.


O Mestre com uma ideia simples pegou os cintos das calças para prender a garota imobilizada.


Agora resta ao rei resolver...

- Vocês caíram em minha armadilha - A voz zombou - Eu estou ganhando.

- Caí é? - O Rei respondeu ao monstro - Pelo que eu saiba estou vivo, diferente de você.

- Apareceu para pedir perdão? - O Mestre disse feroz, doía ver Blya sofrer o que ele passava.

- Eu estou no começo majestade - Ele riu com escárnio - Tua morte será por minhas mãos.

- Que mãos Grusel - Thomas retribuiu, reunindo energia para expulsá-lo - Você não tem mais nem mesmo corpo, precisa roubar dos outros, que coisa digna não acha?

A voz rosnou e gritou, voltando a se debater, Thomas sabia que isso era a guerreira se defendendo, entretanto ele precisa de mais força, gastou muita lutando e fazendo o sinal.

- Te darei a chance de sair com dignidade Grusel - O Rei falou firme e fazendo um gesto com o punho.

- Pegue a mim como sempre fez - O Arion jogou quase soando desesperado, Thomas somente que percebeu o sentimento - Ou teme perder sua firmeza novamente?

A Voz riu ferozmente, a garota chorava, Thomas sabia que era de dor.

- Só mais um pouco minha jovem, mais um pouco - A mente de Thomas falava enquanto reunia forças.

O corpo se debatia ferozmente, isso obviamente causava dor na menina.

- Arion faça os símbolos agora - Thomas pediu - Grusel não pretende deixar ela sair viva...

O Mestre ficou desesperado, com uma velocidade e agilidade quase surreal ele desenhava, segurava e curava pouco a pouco da menina, tudo para que ela suporte o poder do rei.


Thomas precisava de mais uns minutos.

- Vamos falar então como eu matei sua família Thomas Ryot - Grusel se gabou.

Grusel pensava que recorrer a covardia ganharia tempo.


Porém mesmo que não desse certo o rei sentiu exatamente o que o monstro queria...

Alma de GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora