O fim de uma era

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Os dias passaram devagar depois que tivemos que permanecer confinados em casa por causa de Aldo e Rico, até que finalmente, Marcos conseguiu interceptar uma ligação entre os dois.

Nela, ficou claro que nenhum dos dois queria me matar, eles queriam dinheiro pois estavam falidos e tiveram a péssima ideia de tentar invadir minha casa, para me ameaçar e conseguir o que queriam. Como não deu certo, Rico desistiu e voltou para o seu país e Aldo estava sozinho de novo.

Conhecendo Aldo e sabendo a topeira que ele era, ficou claro que ele não ia atentar contra a vida de ninguém. Tudo bem que Marcos havia matado Javier, mas Aldo não tinha como saber disso, pois a investigação em Dubai estava arquivada e a justiça de nosso país nem havia começado a investigar.

O que me deixava um pouco preocupada era o fato de que os negócios que vovô tinha em comum com Javier, acabaram desandando depois da perda do tal carregamento e da morte do traficante, que até então não havia sido solucionada. A ASLO havia aberto concordata e Aldo precisava de dinheiro para pagar as dívidas da empresa, então ele iria atrás do meu avô. Não motivado pela sede de vingança, mas para exigir reparação. Por isso, decidi que meu avô também seria incluído no esquema de segurança, afinal, eu ainda tinha coração e não deixaria que Aldo pegasse, á força, o que não lhe pertencia.

Na nossa volta ao trabalho de forma presencial, Gael foi recebido no elevador por ninguém menos que sua assistente.

_ Bom dia! Bem vindo de volta! Senhora Weisz!- disse me olhando com um sorrisinho amarelo.

_ Bom dia.- respondi mau humorada.- Nos vemos a hora do almoço, meu amor!

Tasquei um beijo na boca do meu marido só pra ele saber quem mandava, apertei o botão do meu andar e a porta se fechou assim que ele saiu.

Lara me recebeu na recepção e fomos conversando enquanto caminhávamos pelo corredor rumo a minha sala. Quando estávamos quase chegando, Tio Carlos nos alcançou e me parecia preocupado.

_ Bom dia, meninas! Posso falar com você um minutinho, Chérie?

_ Claro. Depois a gente continua, Lara!

Entramos e nos sentamos no sofá.

_ O que foi, tio?

_ Vamos acabar com essa agonia de uma vez por todas! Chérie, estou com a posse definitiva da tutela de papai e quero sugerir a venda da Paiva Empreendimentos para a Emirates Corp!

Não consegui não me assustar com a bomba que meu tio jogou no meu colo logo cedo.

_ Como assim, tio? Vovô concorda com isso?

_ Não. Na verdade ele nem sabe dos meus planos, mas quando estiver tudo acertado, não terá como voltar atrás. Eu devolvo todo o dinheiro da venda para ele e será o fim dessa perseguição! O que você acha?

_ Errado.

_ Por que errado?

_ Porque o dinheiro não é seu.

_ Se a tutela dos bens é minha, eu posso decidir sobre o que fazer com a Paiva Empreendimentos. Sendo assim, decidi que vendê-la ao seu padrasto é a melhor coisa a fazer. E estou te avisando, não te pedindo, criança chata!

_ Vovô vai te odiar para sempre, tio.

_ Posso conviver com isso.

_ E quem vai cuidar dele?

_ Ele poderá pagar quantas enfermeiras quiser, poderá inclusive comprar uma família. Chérie, eu não quero esse fardo, eu não quero ser responsável por esse dinheiro, sabe-se lá de onde ele veio! Quando a empresa estiver vendida não haverá mais nada que papai possa fazer e, pensando bem, seria bom para todo mundo, inclusive para os colaboradores, que irão migrar para uma companhia global, muito mais sólida e sem antecedentes de envolvimento com tráfico. Talvez essa seja a forma mais correta de usar esse dinheiro maldito. E também, você vai ter seu filho em paz e em segurança, longe desse circo todo que meu pai fez na sua vida!

Ao seu dispor- volume II- Mil e uma noites para vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora