Capítulo 13

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Camila pegou sua mochila e desceu a escadaria. Caminhou até a sala de jantar e encontrou as crianças sentadas à mesa, assim como Daniel e Carla, que estavam calados.

— Bom dia se fala ao sentar-se à mesa. — Carla disse quando Camila se sentou.

A menina a olhou, confusa. Não era comum ver Carla ensinando boas maneiras aos filhos quando nem ela mesma as praticava.

— Só tentando te ensinar bons modos, para não dizerem que não te dou educação. — Continuou, como se tivesse escutado o questionamento mental da menina, o que a deixou um pouco assustada. Aquela mulher era esquisita, e se ela pudesse ler mentes, não ficaria surpresa.

Carla olhou aborrecida para os gêmeos, que pararam de cochichar para encarar assustados o olhar zangado da mãe.

— Vocês sabem que não fui eu, né? Foi o Miguel quem derrubou a mesa. — Maria disse de repente, deixando sua torrada de lado.

— Não quero saber disso. Com certeza Paula Medsi vai publicar no jornal hoje à tarde. "Família de assassinos e loucos ataca em cerimônia de comemoração de Alexandre Bennist".

— Mas não fui... — Maria continuou.

— Não enche o saco com isso, Maria. Não importa quem fez, já está feito. — Daniel disse levando uma xícara de café à boca. — E Carla, você não pode falar das crianças, você arrumou confusão com o Otávio Mudry.

— Eu não arrumei confusão com ninguém. Apenas coloquei aquela cobra coral no lugar dela.

— Não deixou de ser uma confusão.

— Não posso fazer nada. Aquela família sempre está arrumando confusão com a gente.

— Com motivos. — Daniel lançou um olhar de reprovação para Camila. — Mas você não aparecerá na primeira página. Garanto que Alexandre Bennist é bem mais importante que você. — Ele sorriu de lado, parecendo satisfeito em dizer isso.

— Realmente. E é uma pena que não vai sair no jornal a sua tolice e incompetência. Não que fosse importante, mas seria bom para todos verem o inútil que você é. No final das contas, você não é tão diferente do Otávio Mudry. São dois imbecis. — Ela se levantou da mesa sem olhar nos olhos do marido, que agora a encarava com raiva. — Vejo vocês mais tarde, infelizmente. — Foi em direção ao corredor e sumiu de vista.

Daniel pigarreou.

— Preciso ir também. Se eu souber que aprontaram alguma coisa, vão se ver comigo. — Ele se levantou da cadeira e saiu do local também.

Depois de alguns minutos, eles se dirigiram ao carro de Bartolomeu e saíram rumo à escola. Todos ficaram calados. As únicas coisas que podiam serem escutadas era o de um celular em que Miguel jogava algum jogo; o barulho da mastigação de Jean, que levara consigo algumas das torradas do café da manhã e os grunhidos aborrecidos de Maria.

— Mastiga de boca fechada! — Ela ordenou ao irmão.

Jean colocou outra torrada na boca e se aproximou do ouvido da irmã, mastigando mais alto antes de ser empurrado pela menina para cima de Miguel, que teve seu celular derrubado de sua mão.

— Droga! — Miguel se abaixou para pegar o aparelho que havia caído no chão do carro.

Uma voz robótica saiu de repente do celular assim que o garoto pegou de volta, dizendo: Derrota!

— AAAH! PERDI! EU ESTAVA TÃO PERTO! CULPA DE VOCÊS!

— Estranho... — Bartolomeu disse de repente. Camila olhou para retrovisor, procurando olhar o motorista.

A Viajante - O Outro Mundo (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora