Capítulo 22

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Juliana a olhou, confusa.

— O quê? Aquela teoria de que existem mundo semelhantes ao nosso? O que tem a ver?

— Olha, tudo que o Heli... Oliver disse é verdade.

Juliana revirou os olhos.

— Eu imaginei que você diria isso.

— Mas não é só isso. Você lembra de quando nós três, Oliver, Leon e eu, supostamente morremos? Na verdade, Oliver, Leon e Leyla morreram. Agora somos outras pessoas!

Juliana a olhou assustada.

— E-eu me chamo Camila, e sou de outro mundo. Um Portal se abriu e eu vim parar aqui no corpo de uma menina que morreu. O mesmo aconteceu com eles. Somos de um universo paralelo!

Juliana abriu e fechou a boca, aparentemente sem saber o que falar. Continuou olhando com uma mistura de medo e incredulidade para Camila.

— Ah, vamos! Você não acha estranho isso tudo ter acontecido depois dessas "quase" mortes? Nossa mudança de comportamento e até esquecer coisas normais do nosso dia a dia? Seu namorado esquecendo seu nome e falando de uma tal de Camila; seu patrão chamando todos de humanos nojentos e assassinos de sangue frio?

— Então, está me dizendo que você é a Camila?

— Sim. Quando ele falava da Camila, era de mim que ele estava falando. Eu sou a Camila.

Juliana se sentou, parecendo atordoada.

— Bem..., todo mundo achava isso tudo estranho, mas... não consigo entender.

— Quando eu vim para cá eu também fiquei que nem você.

— Então... — Juliana a olhou. —, está me dizendo que meu ex-namorado está morto e quem está no corpo dele é uma... u-uma barata? E quer que eu acredite? — Ela riu, incrédula.

— Eu sei que parece mentira, mas não é.

— Oliver tinha dito sobre algo assim e eu fiquei pensando, mas... não existe isso. Não tem como. Ele quem está mandando você dizer isso para mim, não é?

— Não. É verdade. Eu sei que é difícil isso. Eu mesma passei por isso e não foi fácil de aceitar.

Juliana ficou calada por alguns segundos, encarando o nada. Em seguida, colocou as mãos sobre o rosto. Camila pode ouvir algumas fungadas. Ela estava chorando? O que isso significava? Ela tinha acreditado, então? Ou ainda achava que era mentira?

— Vou deixar você sozinha um pouco, tá? — Não recebeu resposta. Rumou em direção a porta e a abriu, antes de fechar, escutou um soluço alto.

Camila fechou a porta e suspirou, estava com pena de Juliana. Ainda não havia lhe contado tudo, mas apenas o necessário. Ao se virar para a sala, levou um susto. Deu de cara com Ximú, Heliberto e Godofredo a alguns centímetros atrás de si.

— Então? — Ximú perguntou, ansiosa.

— Ainda não sei. Vamos deixar ela sozinha um pouco.

— Por quê? — Godofredo perguntou.

— Porque isso é difícil para ela! Não é todo dia que você descobre que a pessoa que você gosta morreu e agora tem uma barata no corpo dela!

— Algum problema em ter uma barata? — Heliberto perguntou em um tom irônico.

— Sim! Barata, cachorro ou até outro humano. Qualquer coisa que não seja a própria pessoa. — Respondeu, um pouco irritada por conta da atitude infantil de Heliberto. — O que você faria se tivesse outra pessoa ou outra barata no seu corpo, Heliberto? Ou não sei, de alguém que você goste?

A Viajante - O Outro Mundo (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora