Camila abriu os olhos e encarou o teto. A claridade entrava pela janela, e passou as mãos nos olhos, tentando dissipar o sono que ainda sentia. De repente, lembrou-se de todo o acontecido, e levantou-se em um salto. Sentada na cama, olhou ao redor, se dando conta de que não havia acordado daquele pesadelo.
— Não, não, não! — Foi até o espelho novamente, vendo que ainda possuía aquela aparência completamente diferente. — Isso não está acontecendo. Por que não acordei?
Pensou por um momento, enquanto levava as mãos à cabeça. Será que ainda estava sonhando? Ou será que era alguma das outras opções? Ela havia morrido?
De qualquer forma, mesmo que tudo fosse muito surreal, parecia real. Precisava entender o que estava acontecendo. Fugir era uma opção? Não, não iria conseguir respostas assim., além disso, estava em um local completamente diferente, e não tinha noção para onde ir.
Se precipitou em direção à porta branca e grande, mas antes que pudesse abri-la, escutou uma batida na porta, o que a fez sobressaltar-se.
Com o coração acelerado, pensou por um momento. Estava rodeada de pessoas desconhecidas, e poderia ser perigoso. Mas que escolha tinha? Se quisesse entender o que estava acontecendo, a única opção que tinha era encarar a situação.
Então, encostou as costas na porta, respirando fundo e olhando para cima, tentando ganhar coragem. Em um último suspiro, em um impulso, se virou, destrancou e abriu a porta rapidamente. Viu uma mulher que aparentava ter um pouco mais de cinquenta anos. Tinha seus cabelos pretos presos em um coque. Fios brancos já podiam serem vistos nas raízes de seus cabelos. Trajava um uniforme vermelho e a encarava com um olhar sério. Claro que uma casa daquelas tinha funcionários.
— Sua mãe está pedindo para você descer e ir tomar café da manhã. — A mulher falou ainda com uma expressão séria no rosto.
Sua mãe. A palavra deixava Camila enjoada. Ela só teve uma mãe na vida, e ninguém jamais iria substituí-la. Ainda mais uma mulher estranha e desconhecida. Camila fez essa promessa para si assim que chegou ao orfanato. Nenhuma mulher que a adotasse seria sua mãe, jamais, e o mesmo valia para seu pai. E acabou que ela não havia sido escolhida por nenhuma família. Várias crianças que chegaram antes e depois dela já haviam partido, sobrando apenas as que ninguém se interessava. Camila era uma delas.
— Tudo bem, obrigada. — Encarou a mulher, que ainda possuía a mesma expressão fria no rosto. Mas após suas palavras, sua expressão se tornou uma expressão de espanto. — Eu disse algo errado?
— Não. Na verdade, acho que você disse a coisa mais básica da vida e que nunca escutei você falar em muito tempo, pelo menos não para mim. — A mulher respondeu em um tom irônico. — Sua mãe está lhe esperando. — Ela passou por Camila e entrou no cômodo.
A mulher foi e direção da cama e começou a arrumá-la. Camila ficou encarando-a com confusão por alguns segundos antes de sair do cômodo. Essa mulher também estava agindo normalmente, e falava como se a conhecesse.
Ao pé da escada, se deparou com um ou dois funcionários que passavam apressadamente por ali, ela os acompanhou e entrou no corredor à esquerda do saguão. Viu que ele dava acesso a outros corredores. Entrou no cômodo que havia no final dele e chegou em uma sala em que havia uma enorme mesa preta no centro; uma enorme luminária estava acima dela. Parecia uma Sala de Jantar. Uma porta de madeira escura se encontrava no fundo da sala. Viu as três crianças assustadas sentadas à mesa, assim como a mulher. Percebeu que Daniel não estava no local.
— Que bom que você chegou, só faltava você. — Carla disse sem expressão, sem tirar os olhos de seu celular. Essa mulher causava arrepios em Camila. Parecia que era pior do que o marido. — Sente-se.
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A Viajante - O Outro Mundo (Livro 1)
Science-Fiction"Você acredita em universos paralelos?" Uma menina órfã, movida pela curiosidade, acaba se vendo diante de uma situação inesperada: Ela encontra um Portal Dimensional e viaja para um universo paralelo. "...havia uma coisa muito estranha de formato c...