Prólogo

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Desceu a escadaria de mármore sem nem perceber. Estava absorta demais pensando no que havia acontecido para prestar atenção nos degraus, e felizmente, estava acostumada a fazer aquilo o suficiente para deixar sua mente guia-la no modo automático. Aquilo ainda permanecia em sua mente, a atormentando. Não podia ser real.

Mas era, e precisava fazer algo a respeito. Talvez Paty pudesse ajudá-la, já que a menina, além de bem inteligente, era do tipo Detetive, e gostava de transformar tudo em algum tipo de charada. É claro que considerou a Polícia, mas isso estava fora de questão, já que não tinha como provar nada do que diria.

Foi só quando chegou no lado de fora da mansão que percebeu que tudo estava quieto demais. Ali, estava só ela e o Motorista, encostado ao lado do carro vermelho. E assim que o viu, parou subitamente. Por que havia só eles ali?

— Agora só irá você. — Ele falou, parecendo perceber a dúvida em seu rosto.

Ela apenas continuou o encarando, desconfiada. Por que apenas ela? Isso era realmente suspeito. Mas não tinha o que temer, pois não teria dado tempo para nada ser feito contra ela, certo?

Caminhou hesitantemente em direção ao veículo, olhando de soslaio para o Motorista, que apenas entrou no carro. Fez o mesmo e sentou-se ao lado dele, sentindo um enorme incômodo. A atmosfera estava estranha, e uma estranha apreensão a dominava.

Algo estava errado.

O veículo começou a se movimentar, e ambos foram em silêncio durante o caminho. Tudo estava calmo demais, e aparentemente não havia nada para ela se preocupar. Mas algo lhe dizia que isso era apenas a calmaria antes da tempestade.

Olhou novamente para o Motorista com a visão periférica, que não a encarou de volta. Então, apenas focou na estrada a sua frente, tentando se convencer de que nada aconteceria, e tudo daria certo. Estava pensando demais.

Olhou pela janela e viu o dia ensolarado daquela manhã fresca. Felizmente, o verão estava quase indo embora, o que a fazia ficar minimamente feliz. Detestava calor.

As mansões da cidade passavam como um borrão colorido por conta da alta velocidade do veículo em que estava, o que a fez estranhar. Estavam mais rápido do que costume, ou era apenas impressão sua?

Mais alguns quilômetros percorridos, e eles entraram em uma rua um pouco mais movimentada.

Seu coração começou a acelerar, e sua respiração ficou pesada. Talvez estivessem na velocidade de sempre, e fosse apenas sua mente paranoica tentando pregar uma peça nela. Não tinha motivos para ficar tão nervosa assim.

De repente, um som que parecia ser uma buzina preencheu seus ouvidos, fazendo-a sobressaltar mais ainda. Olhou para a frente e viu um caminhão em alta velocidade, indo na direção deles. Eles haviam entrado na contramão? O que estava acontecendo?

O carro em que estava, por pouco, não conseguiu desviar e começou a perder o controle, e ela se finalmente se deu conta de que não era algo da sua cabeça. Realmente estavam mais rápidos do que de costume. Isso iria matá-los.

O veículo fez uma curva brusca para a direita, tentando não bater em um carro que estava à frente deles. Tentou se segurar em algum lugar, mas não havia onde e percebeu que estava sem cinto. O desespero começou a crescer dentro de si.

Todos os automóveis tentavam desviar deles. Seu olhar apreensivo focava apenas na estrada, assistindo aquela cena desesperadora.

De repente, com mais um barulho estridente de pneu, o carro fez outra curva brusca para a direta, e quase que no mesmo instante, escutou uma batida.

Gritou quando se viu atravessando o para-brisa do veículo, sendo jogada para fora dele enquanto escutava o vidro se quebrando contra o seu corpo. Arregalou os olhos quando percebeu que estava indo de encontro com o asfalto em alta velocidade. Porém, apesar da rapidez, o momento da colisão pareceu demorar uma eternidade. E tudo o que conseguia pensar em meio ao desespero, era que não iria sobreviver a isso.

 E tudo o que conseguia pensar em meio ao desespero, era que não iria sobreviver a isso

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A Viajante - O Outro Mundo (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora