Pedro gostaria de ser capaz de entender os acontecimentos do final de semana. Mesmo alguns dias depois ainda tentava organizar as ideias sobre ter passado parte da noite de domingo aos beijos com Luísa. Trocando beijos deliciosos e cada vez mais quentes com Luísa, se fosse sincero.
Não era cego, e quando a conheceu percebeu que estava diante de uma mulher singular. Luísa era linda, inteligente, independente, uma mãe exemplar, dedicada ao trabalho e ele duvidava muito que ela apresentasse grandes defeitos. Além disso era engraçada, era ótimo estar por perto dela, seu humor era sagaz e, como se nada disso bastasse, ela havia apresentado aquela tentadora proposta.
E ele não foi capaz de resistir. Seria um louco se resistisse. Mesmo que estivesse esperando a todo momento que ela falasse que era uma brincadeira, ele não foi capaz de resistir à beijá-la. E ela sabia o que estava fazendo, tanto que Pedro ainda pensava se não havia feito o papel de um menino tolo da idade dos filhos deles.
A verdade é que precisou juntar todo o controle que tinha para ir embora da casa de Luísa naquele dia. Estava a ponto de se perder nela e bem, não sabia exatamente o que ela queria. Talvez Luísa estivesse apenas entediada naquele dia, talvez ela fosse apenas sincera sobre ajuda-lo a perder o receio. Mas tudo fazia com que ele se sentisse um adolescente inexperiente, o que não combinava nada com sua idade real e com os fios brancos que apareciam em sua cabeça.
Mas, para quem não queria fazer o papel de um menino, Pedro estava agindo da pior forma possível. A começar pela incapacidade de decidir se deveria ter enviado uma mensagem para Luísa no dia seguinte. Ou nos dois dias que passaram depois dele. E, como não havia mandado, estava agora dando aula para Dominique e completamente receoso do que fazer caso Luísa aparecesse.
Dominique não havia citado a mãe, e por isso Pedro imaginou que ela simplesmente não estava em casa. Mas, e se Luísa estivesse em casa e não quisesse vê-lo? E se, mesmo com toda a conversa sobre serem amigos, Luísa estivesse esperando que ele ligasse no dia seguinte? As pessoas ainda ligavam no dia seguinte?
- Você tá bem? – Dominique perguntou, com uma careta engraçada.
- To. – Pedro respondeu, ciente de que seus pensamentos estavam em outro lugar. – O que foi que você perguntou?
- Perguntei se a gente pode parar um pouco. Eu to com sede. – Dom repetiu.
- Claro, claro. – o mais velho assentiu. – Na verdade eu acho que talvez a gente já tenha ido muito longe hoje. Já vimos uma boa parte da matéria.
- Nossa, que bom. – o adolescente abriu um sorriso. – Tá quase na hora do jogo.
- Bom, não quero te prender então. – Pedro retribuiu o sorriso. – Na mesma hora na semana que vem?
- Tá, pode ser. – Dominique deu de ombros.
Pedro juntou seus materiais, mas agora que estava prestes a ir embora não resistiria a perguntar. Seria capaz de ler um adolescente. Se Luísa estivesse em casa e não quisesse vê-lo com certeza Dominique entregaria tudo.
- E a sua mãe? – perguntou, da forma mais casual que conseguiu.
- Ah, uma amiga dela tá de aniversário. – Dominique respondeu, sem qualquer indício de mentira. – Mas ela disse que ia chegar antes do fim da aula.
Pedro assentiu lentamente, olhando para o relógio.
- E não tem problema você ficar sozinho? – perguntou, incerto. – Eu posso esperar um pouco e...
- Não, tio. Quase todos os dias eu chego antes da minha mãe. Eu sei me virar.
- Você não coloca fogo na casa então, hein? – Pedro brincou. – Senão a sua mãe vai me matar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
There You Are
RomanceLuísa é mãe de Dominique, que é amigo de Isabel e Dina, que são filhas de Pedro. Dois adultos divorciados que não estão a procura de uma história de amor, mas a encontram mesmo assim. Modern AU