Capítulo 12

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Pedro estava confuso. Sua noite com Luísa havia trazido a tona inseguranças bobas, como não saber ao certo como conversar com ela no dia seguinte. Havia sido leve e fácil estar com ela. Luísa havia adormecido em seus braços, e Pedro a observou antes dele mesmo cair no sono. O telefonema das filhas acordou os dois, mais beijos foram trocados, e então tudo ficou confuso.

Ele passou o dia seguinte com as filhas, e no fim da tarde enviou uma mensagem bem-humorada para Luísa. Conversaram um pouco durante o resto do dia, mas as meninas dormiriam em sua casa e não havia realmente espaço para nenhuma programação. Pensou em ligar para Luísa à noite, mas sequer sabia se as pessoas ainda faziam aquele tipo de coisa.

Quando a semana começou, Pedro apenas não quis ser inconveniente ou chato. Esperou que Luísa entrasse em contato com ele, mas não aconteceu. Na terça-feira, Luísa mandou uma mensagem no fim da noite. Comentou brevemente que havia acabado de chegar, que estava exausta, e confirmou a aula de Dominique para o dia seguinte.

E agora Pedro estava ali, sentado ao lado do adolescente, que fazia perguntas aleatórias sobre a matéria. Sua cabeça estava longe, porque sabia que Luísa estava em casa. O carro dela estava estacionado do lado de fora, mas ela não havia aparecido. E eles estavam quase no final da aula.

Agora Pedro pensava no que tinha feito de errado. Talvez devesse ter ligado quando pensou nisso. Ou talvez a ligação não faria diferença. Ela poderia estar arrependida. Poderia ter sido a pior transa da vida dela, e não havia nada que Pedro pudesse fazer sobre isso. Também não teria coragem de perguntar, é claro. Era melhor ficar com a dúvida do que com uma humilhante certeza.

- Eu preciso mandar bem nessa prova. – Dominique disse, após terminar um exercício.

- Você vai, Dom. – Pedro sorriu. – Já sabe toda a matéria.

- Essa deve ser a pior semana do mundo pra mandar mal em uma prova, tio. – o adolescente suspirou. – Minha mãe tá uma arara.

- Ah, é? – Pedro fingiu estar menos interessado do que estava.

- A editora tá com alguns problemas, eu não sei direito. – disse. – Tio, eu posso te pedir um favor?

- Que favor, Dominique? – Pedro ergueu a sobrancelha.

- Eu combinei de ver o jogo na casa dos gêmeos, sabe? – o menino sorriu. – Você avisa a minha mãe que eu já fui? É que ela tá tão irritada que vai gongar, e hoje é a semifinal.

E Pedro não poderia negar uma perfeita desculpa para falar com Luísa sem parecer um inconveniente e insistente.

- Tá bem, tá bem. – Pedro riu. – Mas você me manda uma mensagem quando chegar lá.

- Valeu, tio! – Dominique pegou suas coisas. – Ela tá no estúdio pintando.

Dominique sumiu em um piscar de olhos, e Pedro refletiu sobre o que deveria fazer. Nunca havia entrado naquele espaço de Luísa, e nem sabia qual era a porta correta. Não foi difícil de descobrir, porque era a única que estava fechada. Tomou coragem e deu duas batidas leves.

Sem uma resposta, ele abriu lentamente a porta. Luísa estava de pé, em frente à uma tela. Seus cabelos presos no alto da cabeça a faziam parecer ainda mais jovem. E a expressão dela era uma incógnita observando as cores. Pedro bateu novamente na porta, fazendo Luísa olhar em sua direção.

- Oi. – ele disse, timidamente.

- Oi, Pedro. – Luísa abriu um sorriso. – Que horas são?

- Tarde. – Pedro coçou a cabeça, ainda parado na porta. – Quer dizer, a aula do Dom já acabou. Ele pediu pra avisar que estava indo pros gêmeos.

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