Capítulo 8

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Observar a interação de sua irmã Chicá, de sua amiga Luísa e das amigas delas, todas elas bebendo caipirinha como se fosse água, foi uma das experiências mais divertidas da vida de Pedro. E justamente por isso ele imaginou que um grande final de semana estava se iniciando. Não poderia pensar de outra forma quando Chicá e Luísa se tornaram as melhores amigas de todas, com sua irmã chamando a nova amiga de "cunhada" sem nenhum protesto por parte de Luísa.

Ele não havia ingerido uma só gota de álcool, e por isso fez seu bom papel como motorista. No dia seguinte trocou mensagens com Luísa apenas para descobrir que ela não tinha qualquer resquício de ressaca, embora não mencionasse a troca de palavras do dia anterior. E Pedro realmente esperava convidá-la para um jantar ou qualquer outra programação, mas uma ligação de Isabel perguntando se ela e Dina podiam passar a noite na casa dele mudou seus planos.

E foi quando as coisas começaram a sair do controle. Não era apenas que as filhas quisessem passar algum tempo com o pai. Dina e Teresa tinham brigado naquela manhã. Uma briga feia, segundo Isabel. A irmã mais velha sequer sabia o motivo, porque Dina se recusava a falar sobre o assunto.

Pedro e Isabel tentaram distraí-la de todas as formas, e Pedro tentou conversar com Dina durante todo o dia, mas não havia forma da adolescente se abrir sobre o acontecido. Deitou no colo de Pedro para assistir à um filme durante a noite, e na manhã seguinte ainda não queria citar a mãe.

Teresa, porém, tinha mais um daqueles eventos que as filhas odiavam. E Pedro mais uma vez foi obrigado a interceder de uma forma que não concordava. Por isso deixou suas meninas na casa da mãe antes do horário de almoço, e apenas torceu para que tudo fosse dar certo.

Soube, algumas horas depois, que havia sido um grande desastre. Primeiro recebeu uma mensagem de Isabel dizendo apenas que ele não se preocupasse, pois estavam bem e na casa de Dominique. E então, uma ligação de Teresa que havia azedado completamente seu humor.

- Suas filhas sumiram. – ela disse com seu sotaque característico.

- O que? – Pedro perguntou, mesmo sabendo do que se tratava.

- Dina está indomável e Isabel apenas segue a irmã para todos os lados. Suas filhas estão impossíveis, Pedro. – ela reclamou.

- O que foi que aconteceu entre você e Dina?

- Dina se recusa a me obedecer, se recusa a cumprir os combinados. Quer o tempo todo as coisas do jeito dela. – Teresa gritou. – E a culpa é sua, Pedro.

- Como é que a culpa vai ser minha, Teresa?

- Você está ausente. É muito fácil agora passar a semana sem ver as meninas e então passar a mão na cabeça delas. Eu sou sempre a mãe má.

- Eu não passo a semana sem ver as meninas, Teresa. – Pedro irritou-se. – Eu as vejo quase todos os dias e você sabe muito bem disso.

- Elas agora acham que podem fazer o que quiser e que você vai protege-las.

- E eu vou protege-las sempre que precisarem. – ele bufou. – Você é quem precisa aprender a lidar com nossas filhas sem tornar tudo sobre você, Teresa. Você não é o centro da vida delas.

- Elas são adolescentes, Pedro!

- Adolescentes com vontade própria e que devemos respeitar na medida do razoável. – Pedro levantou a voz, controlando-se em seguida.

- Você sempre querendo esse prêmio de pai compreensivo. Por isso que elas estão sempre contra mim. Mal posso imaginar o que você fala para elas.

- Teresa, eu não falo nada para elas sobre você. Não seja injusta. Você não pode achar mesmo que eu faria isso.

- Eu nem o conheço mais, Pedro. – Teresa ironizou. – Eu jamais imaginaria que você é o tipo de homem que se envolve com a mãe de um aluno apenas para me atingir.

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